terça-feira, 31 de maio de 2011

Inverno outra vez...


Carlos
se você fosse o Drummond
não seria o meu Carlos
fosse você o Drummond
não estaria a doer-me o miúdo no peito
se o Drummond fosse você
sentar-me-ia a teu lado em frente ao mar
o mar do Rio de Janeiro.
Azul, eu sou.
Tristeza pequena e quieta,
Escondida no canto do olho,
Depois que descobri que tudo tem fim.
Inverno
Nada ouço além de um músculo dentro do peito
Não há canções, não há paixões nem sofrimento verdadeiro
Fiz-me mente e realidade
Alma trancada, perdida a chave
Há beijos sem amor, há os filhos que não tenho
Sempre agarrados aos meus cabelos.
Lágrimas solitárias e preguiçosas
Silenciosamente chegam sem que as vejam
Talvez eu seja como todos, e queira exatamente o que
Não tenho, por capricho
Fazendo de conta que não fui eu que escolhi meu caminho.
Fiz-me forte, fiz-me ilha
Que vê os barcos passarem ao longe
E o sol se pôr a milhas
Escondo-me atrás de mim
Fingindo sempre acreditar no que digo a toda gente:
Sou assim

domingo, 29 de maio de 2011

Música dentro da gente

Archie Shepp - american musician

            

Noite mais fria do ano ontem em Sampa, de acordo com os minguados 13°C que os termômetros nas ruas mostravam antes das 8 da noite, nos lembrando enquanto caminhávamos do carro para o teatro que o inverno chegará aqui muito em breve.  Noite boa para o vinho com amigos e a música que nos aguardava. Programa perfeito. E, apesar do frio lá fora, ontem foi uma das noites mais quentes dentro do teatro, pois nele tocava o saxofonista Archie Shepp com músicos tão fantásticos quanto ele, Darryl Hall (contrabaixo), Tom McClung (piano) e Steve McCraven (bateria) numa das últimas apresentações do Jazz na Fábrica que aconteceu durante todo o mês no Sesc Pompéia.
Depois de quase um mês de espera, ingressos na mão e grande expectativa de minha parte, finalmente estávamos lá. E, por mais que eu já gostasse do som feito por este senhor americano, lenda do Jazz e da cultura de seu país, nada do que já ouvira dele antes pode ser comparado ao som produzido ao vivo.  Logo de cara o som do quarteto encheu o teatro e aqueceu nossos corpos de forma inigualável, tomando todo o espaço, vibrando tanto fora quanto dentro de nós que estávamos lá pasmos com o que ouvíamos: um som orgânico e vivo. Uma força imensa produzida por homens cheios de talento e experiência, uma música que, como o bom vinho ou whisky, demora anos para ser amadurecida,e que tem um gosto único.
Realmente não posso deixar de pensar que os anos fizeram, e fazem, muito bem à estes músicos de gestos naturais, (hora suaves e mansos e em outros momentos rápidos, fortes e decididos),  que produziram com seus instrumentos uma sonoridade tão cativante que me marcará pela vida toda. Esta foi uma noite que não esquecerei certamente e da qual já sinto saudade. O Sr. Shepp, devido aos anos que se somam desde o seu nascimento em 1937, já caminha com certa dificuldade, contudo, a música por ele feita não deixa rastro de que os anos tenham deteriorado sua arte, mas sim o inverso disto. A música, deste sábado frio, tinha tanta vida e densidade que pôde mesmo ser sentida na pele, e sob ela também.
Infelizmente nada nesta vida é eterno, nem mesmo os homens talentosos, (mitos modernos que influenciaram a cultura e a sociedade) e, provavelmente não terei muitas outras chances de presenciar esta música ao vivo novamente. Só me resta agradecer a vida esta oportunidade de ter ouvido de corpo inteiro o Jazz feito pelo Sr. Archie Shepp e seus músicos na companhia de  amigos queridos e de ter sentido calor num dia tão frio. Uma das melhores coisas da vida é, sem dúvida, compartilhar o que temos de melhor.

Um abraço quente e um grande beijo, para esta semana que começa com temperaturas bem pequenas.
Boa semana =)
Mari

Hecho en México

Once upon a time in Mexico
     
            Erase un vez en México

Sólo para que  tú lo oigas...

sábado, 28 de maio de 2011

As mãos




Quero sentir seus dedos com os meus
Seguir-lhes o contorno, sentir seus ossos,
 A textura da pele. Decorar como dobram
E acariciar suas rugas
Quero ver sua palma da mão e navegar em suas linhas
Descobrir por onde na linha da vida
 minha alma caminha
Quero beijar-te as mãos, tê-las nas minhas
E não me sentir mais sozinha
Não ter mais este nó que aperta a garganta
Quando penso pra que serve esta minha vida
Dá-me tua mão,
Aperta forte a minha

Shall We?

From Things We Forget

quarta-feira, 25 de maio de 2011

3 Na Massa

 

Tatui

Composição : Rodrigo Amarante

O tempo todo eu vi
Você quis olhar pra mim
E mesmo sem saber
Pôs no pensamento
uma mensagem pr'eu te ver

Só porque eu te olhei
Você fez que não me viu
Que não podia ver
Já sabendo o que será
se cada um pensar

Que juntos,
num segundo a mais desse olhar se faz
Um sonho,
que acordado é muito mais do que dormindo

Foi pr'eu acordar
Que eu vi você se aproximar de mim
Fez que vinha; deu a volta e se
abraçou com outro alguém

Tudo não passou de ilusão
Parecia a vida me dizendo:
- caia em si, Tatuí!

Que juntos,
num segundo a mais desse olhar se faz
Um sonho,
que acordado é muito mais do que dormindo

terça-feira, 24 de maio de 2011

BaiLaRiNa


por onde  andas bailarina?
por onde andas que não te vejo
aqui há muito tempo?
muito mais longo com
certeza
é  este compasso do que eu gostaria
e  do  que deveria.
por onde andas
com tuas saias de fé e fantasia
com tuas piruetas  de crença
e alegria
com teus sonhos sem rugas
e melancolias?
tenho já tantas saudades
de ti minha menina bailarina.
 saudades
 de teu riso cheio de tempo
e de tua despreocupada vida.
saudades
dos tempos que morava
em minha alma
a bailar noite
e dia

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Apenas carinho, amor e tudo o que vem depois...


Vira e mexe vemos na mídia algo sobre homofobia, sobre a luta dos homossexuais para ver seus direitos como cidadãos reconhecidos, ou o alarde sobre alguém que “saiu do armário” e hoje assume sem medo a sua verdadeira identidade sexual. Assunto tão antigo como Roma e algo que a humanidade já deveria ter assimilado há muito tempo. Afinal, a quem importa com quem o vizinho, o carteiro, a sua médica, ou a professora da escola se deita? Qual a diferença que isso faz na nossa vida? Soa-me estranho até o simples fato de darmos às pessoas rótulos diferentes única e exclusivamente baseados em sua preferência sexual. Qualificamos as pessoas pelo tipo de amor e/ou prazer que elas têm, quando na verdade deveríamos apenas nos preocupar se elas têm o tal do amor e do prazer ou não.
A realidade é que criamos um tabu absurdo em relação a tudo que está relacionado a sexo por motivos pouco humanos. Calcados em paradigmas religiosos, estamos, há muito tempo, acostumados a ver o sexo como algo pecaminoso, proibido e errado em muitas circunstâncias. Mas, a verdade é que não há nada de errado com isso.  Errada é a opressão de nossos sentimentos e desejos, errado é achar que suas vontades não devem ser claramente expressas por vergonha ou medo. Terrível é passarmos a vida inteira sem realizar aquilo que sentimos vontade só porque talvez não seja aquilo que a sociedade espera de nós.
Claro que não me refiro aqui ao sexo imposto pela violência e que humilha o outro, mas a vontade de homens e mulheres adultos e cientes do que realmente querem. E, neste caso, como podemos imaginar que sexo é algo recriminável por algum motivo moral inventado pelo homem? Porque temos vergonha de algo naturalmente bom? Temos sim, cada um de nós, nossos limites individuais que são particulares e transformam-se à medida que nós também mudamos. Mas estes, bem estes limites só dizem respeito a nós mesmos e àqueles com quem compartilhamos todo o carinho que temos para dar.
Demonstrar carinho por outro ser humano não deve nunca ser visto como algo negativo ou vergonhoso e, se esta demonstração te incomoda verdadeiramente, creio que o melhor para ti é parar e pensar qual o seu problema afinal. Sexo é muito gostoso realmente, e feito com amor e carinho torna-se algo insuperável quando não temos medo de sentir e expressar nossos sentimentos. Então, não importa quem você ama e deseja, se ele é homem ou mulher, belo ou feio, jovem ou velho, pois este sentimento será sempre bom e certo mesmo. Pois, para mim, quanto mais amor e carinho houver neste mundo melhor ele será.
Meu amor e carinho para vocês, meus amigos.
Um beijo e boa semana

quinta-feira, 19 de maio de 2011

a Beleza


Assim como quem não quer nada
mesmo sem saber
 dos porquês
alimento-me das letras
 da beleza
e da tristeza
desenhadas pelas tuas mãos
tagarelas de poeta
e assim, tão inesperadamente
como uma chuva de cometas
eis que tenho a alma cheia
de tuas silenciosas
palavras
e, com elas vem a certeza
de que toda loucura
faz sentido
e de que a vida
e mesmo muito bela...
Miró - Azul

domingo, 15 de maio de 2011

Uma estranha alegria que incomoda...


Buddha


Assim, como se fosse uma espécie de Natal, ou grande feito para a humanidade, o Mundo e principalmente os Estados Unidos celebraram a morte de Osama Bin Laden no dia 1º de maio deste ano. Os americanos saíram às ruas, bandeiras nas mãos e celebração; presidentes, reis e primeiros-ministros ao redor desta Terra, que já não está tão azul assim, falaram da justiça feita, do alívio para muitos, de um grande passo a caminho da paz mundial e, até do primeiro milagre de João Paulo II. Bem, eu, cá em minha santa ignorância de tudo que se passa neste mundão e pequena competência para entender toda a complexidade da alma humana, penso que em nenhuma instância o assassinato de alguém é algo para celebrarmos. Mas, talvez, eu seja apenas ingênua demais.
Sei bem que o Sr. Bin Laden não foi lá um exemplo de ser humano afinal. Ele foi o responsável direto e/ou indireto pela morte de milhares de pessoas, alguém que trouxe muito sofrimento consigo. Um homem com a visão distorcida do que seria bom para ele e sua família, para sua comunidade e nação muçulmana.  Com certeza, um homem que ninguém deveria admirar ou quereria defender e, cuja morte não me dá ganas de chorar. Porém, mesmo assim, me caiu estranho isto de celebrar a morte de alguém como se isso fosse algo bom.  E por mais que eu cutuque os miolos de minha cachola feminina, isso me soa a vingança e ponto final.
Também sei que não perdi nenhum filho, amigo, pai ou sobrinho então e, tenho plena certeza de que sou, como ser humano, completamente capaz de esganar qualquer um que ameace a vida dos que amo num momento de pura raiva animal, instinto feroz, uma cegueira brutal da qual não me orgulharia, mas que creio não poderia evitar. Por isso, entendo que para todos os americanos que sofreram, a morte de Osama traga certo alento. Compreendo que pais, filhos e amigos sintam-se aliviados. Todavia, esta pequena e fraca satisfação está longe de toda a alegre celebração, de um passo importante para a paz mundial, do inicio da derrocada do terrorismo no planeta como foi propagado aos quatro ventos. Mas, que o fato caiu como uma luva para o governo de Obama que mergulhava numa preocupante baixa-popularidade e viu-se de fôlego renovado, ah isso caiu.
Teorias à parte, não paro de pensar em algo interessante desde então: Onde estaríamos nós hoje se os japoneses tivessem decidido que as duas bombas atômicas jogadas pelos americanos em suas cabeças deveriam ser vingadas? Na época, 6 e 9 de agosto de 1945, mais de 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki imediatamente e, nunca saberemos quantos vieram a morrer posteriormente em decorrência da exposição à radiação.  E pensando bem, razão por razão, não seria justo que eles passassem anos planejando uma vingança teatral? Porém, alguém, em algum momento, viu os japoneses trabalhando para construir uma máquina tão eficiente em destruição que pudesse igualar tal feito americano? Não, simplesmente não. O Japão se reconstruiu, modernizou-se, cresceu e dominou a energia atômica sem nunca imaginar que deveria bombardear a América ou matar seu presidente na época, o Sr. Harry S. Truman. Sorte nossa, não? Pois se assim tivesse sido, provavelmente não estaríamos aqui.
Eu, cá com minha ingenuidade, continuo a crer que a violência sempre nutre o ódio e apenas conseguirá gerar mais violência e, por isso, o único sentimento que me traz a morte de Osama Bin Laden é preocupação. E por isso também, vale à pena terminar  o dia de hoje com frases de homens que, apesar de imperfeitos como todos nós, trouxeram para este mundo idéias que devem ser lembradas sempre.
"Jamais, em todo o mundo, o ódio acabou com o ódio; o que acaba com o ódio é o amor." (Buda)
Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos. (Nelson Mandela)
A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso. (Martin Luther King)
Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!
(Chico Xavier)
Picture by Pedro

Uma visão diferente do nosso jantar...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Canibal



frutas
 Trouxe frutas pra você,
pra que seja doce este comer
animal
cabal
canibal.
goiaba vermelha de perfume forte
e polpa suculenta,
vem pelo nariz e inunda a língua inteira:
morde
sente
engole.
pêra, suave areia, que roça no céu
da boca e se desmancha em
arrepio
calafrio
cio.
Amoras e cerejas, tal sangue,
vermelhas
fecho os olhos e as engulo inteiras
enquanto você engole a mim.
(meu Chaplin assim-assim)


Jantar
Trouxe galhos de bambu, lírios e tulipas
Cheios de delicadeza para nosso jantar à chinesa.
Comida nada casual ou banal sobre a mesa,
Teremos a mim e a ti, nossa sobremesa.
Há verdes borboletas e libélulas azuis e amarelas  
Para enfeitar meus cabelos,
Para ti o vermelho escarlate de tua terra,
Cor da alegria, da paixão e da guerra.
E não haverá pressa, está combinado que o Sol
Demorará um bocado e atrasado nascerá,
Encantado com a bela Lua vista sobre a Terra.
A ouvir devagar Billie cantar suaves blues,
Teremos tempo para saborear a doçura
Que há em cada prato do amar.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Martha Graham (11.05.1894)



The red dress (by Martha Graham)

Martha Graham foi uma das mais importantes bailarinas e coreografas do século passado. Ela transformou não apenas a dança moderna, mas também o conceito do que consideramos dança. Depois de Martha Graham, mais do que técnica, dança é uma forma livre e natural de expressão; um universo muito mais amplo e democrático. Uma expressão artística essencialmente humana. A dança hoje ainda é o reflexo de Martha Graham, revolucionária.
Martha Graham (1948)



We believe

in love, no matter what, cause that's what girls are made for

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Per te, Mari carina:


“È cose tra un suono e un salto, tra il fare e poi disfare,
Dopo um po’ di tempo si scopre che la musica è un gioco da imparare.”

“É algo entre um som e um salto, entre o fazer e o desfazer.
Depois de um pouco de tempo se descobre que a música é um jogo a se aprender.”


sent by Alê Pagliuca

domingo, 8 de maio de 2011

Riccardo Muti fa cantare "Va pensiero" a Roma - Bravo!

Aconteceu no mês passado e foi um momento inesquecível. Riccardo Muti acabara de reger o célebre coro dos escravos, Va pensiero, do terceiro ato de Nabucco, e o público do Teatro da Ópera de Roma, aplaudia incessantemente e bradava bis! (Cabe lembrar que, para além de sua intrínseca beleza, o VA PENSIERO foi também uma espécie de hino informal dos patriotas do Risorgimento – e daí o enorme apelo emocional que preservou entre os italianos.) Que faz, então, Ricardo Muti? Volta-se para a platéia e, depois de recordar o significado patriótico do Va pensiero, pede ao público presente que o cante agora, com a orquestra e o coro do teatro, como manifestação de protesto patriótico contra a ameaça de morte contida nos planejados cortes do orçamento da Cultura.
sent by Alexandre Pagliuca (aka Alê)
Da ópera Nabucco de Verdi
Va' Pensiero  Va' Pensiero
 
Va', pensiero, sull'ali dorate, Voa, pensamento, com tuas asas douradas;
va', ti posa sui clivi, sui colli,  voa, pousa-te nas encostas e no topo das colinas,
ove olezzano tepide e mollionde  perfumam mornas e macias
l'aure dolci del suolo natal! as brisas doces do solo natal!
Del Giordano le rive saluta, Cumprimenta as margens do rio Jordão,
di Sïonne le torri atterrate... as torres derrubadas de Jerusalém...
Oh mia patria sì bella e perduta! Oh minha pátria tão bela e perdida!
Oh membranza sì cara e fatal! Oh lembrança tão cara e fatal!
Arpa d'or dei fatidici vati, Harpa dourada dos grandes poetas,
perché muta dal salice pendi? porque agora estas muda?
Le memorie nel petto raccendi, Reacendas as memórias no nosso peito,
ci favella del tempo che fu! fale-nós do bom tempo que foi!
O simìle di Sòlima ai fati, Como Sòlima fez com o destino
traggi un suono di crudo lamento, traduz em música o nosso sofrimento,
o t'ispiri il Signore un concento deixa-te inspirar pelo Senhor
che ne infonda al patire virtù! para que nossa dor se torne virtude!

A música em nossas vidas



Desde o dia de uma conversa com um amigo no carro e a caminho do cinema, tenho pensado muito na importância da música em minha vida. Na vida de todos nós. No tal papinho furado, comentei que comecei a estudar Espanhol só porque queria compreender músicas/canções neste idioma, minha paixão então, e que agora sinto o Francês a bater em minha porta pela mesma razão. Pronto, quero entender o que se canta em francês e lá virão anos de curiosidade e estudos, e a verdade é que não vejo a hora do próximo semestre chegar para eu encaixar o  tal Francês, e toda a música que virá com ele, em minha agenda.
Contudo, foi pensando nesta nova vontade que me lembrei como num flashback de Tarantino: eu, por volta de 7 ou 9 anos, louca para entender o que era cantado em Inglês no banco de trás do carro do meu pai. Ali, no Wolksvagem e através do rádio, nasceu minha paixão pelos idiomas pela mão de uma paixão anterior, a música. Não me lembrava mais disso e, sabe, me assustei um pouco ao ver que todo o meu destino, quem sou e o que faço hoje foi decidido sem querer assim: pela paixão de uma menina pelas canções que ela queria entender.

É bem verdade que, se a música foi a porta de entrada para as letras em minha vida, os livros e uma certa tagarelice natural me deram os empurrões necessários para que a curiosidade de menina se torna-se  profissão e paixão de mulher. Trabalhar com idiomas e com pessoas, conhecê-los e entendê-los me traz muito mais do que certo conforto financeiro, eles são a razão da minha vida. Amo palavras e pessoas intensamente e não consigo me ver sem elas.
Agora, voltando à música, alguém pode imaginar a vida sem ela? Sei que não. Sem a música nossa vida seria muito mais triste e sem graça, como se o mundo perdesse um pouco as cores que nele podemos ver. A música reúne os amigos, nos faz chorar no cinema, torna o transito da cidade suportável e, é a desculpa para milhões de beijos. Cantamos para fazer nossos filhos ninar, cantamos com amigos e um violão por noites a fio, e com a família em toda e qualquer celebração: há canções para o Natal, para Páscoa, Aniversários, Carnaval e até para celebrar nascimentos, mortes e casamentos.
Não creio que haja uma expressão artística que represente melhor a alma humana, somos seres musicais por natureza e, por isso mesmo, esta arte é tão ampla e democrática em sua forma, conteúdo, significado e execução. O que é fantástico para uns pode ser classificado como lixo, tédio, barulho ou ridículo por outros, há canções eternas e aquelas que duram apenas uma estação, há a música feita para ouvir com toda a atenção e aquela que foi feita sob medida para sairmos do chão. Há rock, rap, blues, jazz, música clássica, o samba, música eletrônica, o pop, marchinhas de carnaval, funk, maracatu e etc. e tal, ou seja, não importa. A música, desde os tempos que batíamos tambor, será sempre a expressão de quem somos nós, a maneira mais bonita e natural que encontramos para dizer o que se passa em nossa mente e coração.
Eu, que não concebo minha vida sem música e que passei minha adolescência a dançar, fiz amigos, me apaixonei e me diverti muito por conta dela. É, fui bailarina e isso é algo que nunca se esquece, mas é, também, um assunto para outro dia. Hoje me sentei para falar de música, arte maior à qual devo as grandes paixões de minha vida. Espero que ela embale a vida de todos também.

Beijo para todos e boa semana.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Archie Shepp

The man and the music I am going to "meet" soon... a legend

Lo que me gusta...

Buenos Aires, 2011 by me =)
No quiero la perfección, ella no me encanta
Me gustan los distintos colores
        los errores  que me hacen aprender
                     las personas que caminan conmigo
los amores y los amigos.
El pasar del tiempo que deja sus señales y su belleza
llama mi mirada.
 Me gusta  ver que todo cambia,
que así  me cambio yo

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ibrahim Ferrer

Así que escuché lo que cantaba Ibrahim Ferrer me enamoré de su voz tan bella como los atardeceres. En este video los grandes cantantes cubanos Ibrahim Ferrer y Omara Portuondo con Roberto Fonseca en el piano. Una historia de amor sin fin...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Addiction

still addicted to coffee...

O Brasil com um Olho só



Há algum tempo atrás, mais ou menos um mês se mal me lembro, (porque há coisas das quais não devemos nos lembrar bem por princípio), comentou-se muito o fato de que o Senhor Prefeito da cidade de São Paulo havia fundado um novo partido, o PSD (Partido Social Democrático). Pois bem, falou-se muito dos motivos de tal fundação nada ideológicos, da promiscuidade partidária com os vários pulos de cerca que políticos dão no Brasil, e sobre o fato de o Sr. Kassab e seu partido, tão simpáticos, não serem oposição ao governo nem a nossa presidente Dilma nem a ninguém de agora em diante. Este fato isoladamente já seria preocupante, contudo, ele apenas representa uma “tendência fora de moda” estabelecida no Brasil: somos um país sem oposição partidária e filosófico-ideológica no Congresso Nacional. O que equivale dizer que somos, hoje, um país de um olho só.
O fato é tão sério e assustador que chegou a ser manchete no periódico “El País” na Espanha com o título: “La oposición se desangra en Brasil”, algo como a oposição se empobrece no Brasil. No artigo o El País mostra que hoje dos 513 deputados federais, apenas 96 são membros de partidos que fazem oposição ao governo enquanto no senado a situação não é nada diferente, dos 81 senadores, apenas 23 são opositores ao governo. Por seu lado, a esquálida oposição sente-se incomodar com sua posição tão pouco privilegiada e, num movimento de salve-se quem puder, move-se para tentar frear a migração de membros do PSDB e do DEM para o mais novo aliado de Dilma, o PSD.
Num país onde a corrupção tem índices dignos de Guinness Book, onde a justiça não só tarda como falha muitas vezes, onde os interesses de poucos tendem a prevalecer em detrimento daquilo que seria para o bem comum e, onde ideologia e contos da Carochinha habitam o mesmo espaço mítico do era uma vez, saber que não há oposição ao governo federal assusta muito. Mesmo. Não apenas pelo fato de que nenhum apoio dado em âmbito político é gratuito e, tanto apoio assim ao governo deve estar a custar-nos muito caro, mas porque assim a situação torna-se insalubre e perigosamente próxima de uma “ditadura institucionalizada”.
Em todo e qualquer país democrático é fundamental que as diversas opiniões e correntes sociais estejam representadas em seu governo, e que as instituições que regulam e dirigem a vida do mesmo tenham a necessária autonomia e isenção para trabalhar em prol dos cidadãos deste país. Pensar então que no Brasil haja apenas uma corrente político-ideológica deveria ser impossível, afinal, há tanta diversidade aqui que poderíamos ser várias nações. Verificar que há cada vez menos gente para fiscalizar como nossos recursos são utilizados pelo poder público e não fazer nada é uma temeridade de nossa parte. Estamos a deixar raposas a cuidar de nossas galinhas sem nenhum cachorro por perto e, ainda mais, sem as devidas armas para que possamos nos defender. Ou alguém acha que o MEC tem sido isento e feito o que deve pela Educação e Cultura deste país, por exemplo.
Bom, depois de tanto blábláblá, só me resta nos perguntar o que ainda estamos fazendo aqui de braços cruzados. Que tal pensarmos mais na educação de nossos filhos e netos para começar e ensinarmos a eles o que significa a palavra cidadão. Que acham de mostrar que há vida para além dos jogos eletrônicos, shopping centers e viagens a Miami só para começar.
Para lembrar: cidadão s. m. 1. Indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado livre.
Boa semana e um beijo pra todos.

domingo, 1 de maio de 2011

Music

The reason why I decided I had to learn English... Being able to understand and sing the songs that made me go crazy. Kiss, a passion when I was still a kid, impressed me with its mix of music and Kabuki Theater, comic heroes in flesh and blood. I had to listen to them out loud…

Things got a little bit more serious later on… Deep Purple, ready to leave childhood and understand life was more complex and interesting...