domingo, 9 de julho de 2023

Rainha Rita

 


Rainha Rita

 

Já se passaram dois meses depois da partida de Dona Rita e a vida besta, como ela diria, retornou a seu curso regular como se nada tivesse acontecido. Assim sempre foi; assim será. Afinal, partir faz parte integral do pacote e não há como escapar da grande surpresa no the end. No way my man.

Para mim, ao contrário do que cantou Caetano, sempre houve uma clara tradução de quem era Rita Lee. Uma mulher diferente, irreverente, livre e muito à frente do seu tempo; do meu tempo de menina. Uma mulher que me assustou, me surpreendeu, e me ajudou a compreender quem eu era; quem eu queria ser desde pequena.  Por isso, vê-la partir doeu e ainda dói um tanto em mim.

Rita Lee e sua música nos representou, às deselegantes meninas paulistanas sem muito jeito para o mise en scène esperado de toda mulher brasileira e sua dita sensualidade brejeira. Pois, por aqui não éramos todas brejeiras e nem muito dadas às etiquetas. Fazer o que me desse na telha sem ter que dar satisfações a seu ninguém; isso sim era o que eu queria já lá pelo início dos anos 80. E eu tinha em Rita a realização concreta de que aquilo era possível.

Mission accomplished, my queen. Fizemos e fazemos o que queremos, como podemos e sem ter que depender de ninguém. E eu agradeço a ti por ter sido uma mentora divertida e cheia de talento que cantou e me encantou desde o dia no qual eu me entendi mulher num mundo que não havia sido criado para mim.

God save you, My Queen Rita.