quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O mesmo Refrão


O mesmo Refrão

Em 1992 nos achávamos muito espertos e que daquele momento em diante faríamos tudo certo. Um novo Brasil nascia, a ditadura que marcara nossa infância ficara para trás e a democracia solidificava-se com eleições diretas. Votamos, em 1989, nas primeiras eleições presidenciais desde o início dos anos 60 e, em 1992, saímos às ruas para protestar contra o corrupto presidente Fernando Collor de Mello e toda a sua hipocrisia.

Gabriel o Pensador, eu e toda a nossa geração, acreditávamos que nosso país seria diferente daquele ponto em diante, o Brasil estava mudando para melhor. Pois... Depois tivemos Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e, finalmente, Temer (o nosso Lord Sidious tupiniquim) e, vinte e cinco anos depois, nós todos temos a certeza de que fomos e somos feitos de bobos, de que a merda continua literalmente a mesma e, de que nem sequer as moscas mudaram tanto assim.

 Hoje fica mais do que claro que toda a nossa crença se deu muito mais por sermos todos imaturos demais, inocentes, do que por fatos que a validassem. Uma das poucas coisas que mudou, e que ficou clara para nós agora, é a de que a corrupção no Brasil e a falta de caráter de praticamente todos que nos governam evoluiu exponencialmente, profissionalizando-se de forma inimaginável; coisa de filme de cinema com trama criativa.


Em 1992 Gabriel o Pensador lançou a canção “Tô Feliz (Matei o Presidente)” porque à época a tal canção e seu título um tanto agressivo faziam todo o sentido. Pois (nº2), vinte e cinco anos depois temos o lançamento de “Tô Feliz (Matei o Presidente) 2 e a canção, ao contrário da vida aqui no país, nunca fez tanto sentido como o faz agora. Apesar de gostar muito de tudo o que Gabriel canta e de ter adorado a tal nova versão, não há como não sentir, vinte e cinco anos depois, uma profunda tristeza e uma imensa decepção por ainda ter que gritar o mesmo refrão.





Tô Feliz (Matei o Presidente) 2
Gabriel O Pensador

Todo mundo bateu palma quando o copo caiu
Eu acabava de matar o presidente do Brasil

A criminalidade toma conta da minha mente
Achei que não teria que fazê-lo novamente
Mas tenho pesadelos recorrentes, o Temer na minha frente
E eu cantando: Tô feliz, matei o presidente
Fantasmas do passado, dos meus tempos de assassino
Quando eu matei o outro, eu era apenas um menino
Agora, palestrante, autor de livro infantil
Não fica bem matar o presidente do Brasil
Mas a vontade é grande, tá difícil segurar
Já sei, vamo pra DP, vou me entregar
Chama o delegado, por favor
Sou Gabriel O Pensador
O homem que eles amam odiar
Cantei FDP, Pega Ladrão, Nunca Serão
Agora Chega! Até Quando a gente vai ter que apanhar?
Porrada da esquerda e da direita
Derrubaram algumas peças, mas a mesa tá difícil de virar
Anota o meu depoimento e me prende aqui dentro
Que eu não quero ir pra Brasília dar um tiro no Michel
Aí, que maravilha! Mata mesmo esse vampiro
Mas um tiro é muito pouco, Gabriel
Mata e canta assim

Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente

Fiquei até surpreso quando correu a notícia
E a polícia ofereceu apoio pra minha missão
Ninguém vai te prender, policial também é povo
Já matamo presidente, irmão, vai lá e faz de novo
Que é isso?! Eu sou da paz, detesto arma de fogo
Deve ter outro jeito de o Brasil virar o jogo
Que nada, Pensador! Vai lá e não deixa ninguém vivo
Se é contra arma de fogo, vai no estilo dos nativos
Invade a Câmara e pega os sacanas distraídos
Com veneno na zarabatana, bem no pé do ouvido
Em nome da Amazônia desmatada
Leva um arco e muitas flechas e finca uma no coração de cada
Cambada de demônio; demorou, manda pro inferno
Já tão todos de terno, e pro enterro vai facilitar
Envia pro capeta com as maletas de dinheiro sujo
De sangue de tantos brasileiros e vamos cantar

Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente

Áudio e vídeo divulgados, crime escancarado
Mas nem é julgado
Já tinha comprado vários deputados
Fora o foro privilegiado
Então mata o desgraçado
Na comemoração tem a decapitação
Cabeça vira bola e a pelada vai rolar (Chuta!)
Corta a cabeça dele sem perdão
Que essa cabeça rolando vale mais do que o Neymar
(É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador
É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador)
Fácil, um tiro só, bem no olho do safado
E não me arrependo nem um pouco do que eu fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz

Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente

Matei o presidente
(Matei o presidente, matei o presidente, matei o presidente)
Eu não matei nem vou matar literalmente um presidente
Mas se todos corruptos morressem de repente
Ia ser tudo diferente, ia sobrar tanto dinheiro
Que andaríamos nas ruas sem temer o tempo inteiro
Seu pai não ia ser assaltado, seu filho não ia virar ladrão
Sua mãe não ia morrer na fila do hospital
E seu primo não ia se matar no Natal
Seu professor não ia lecionar sem esperança
Você não ia querer fazer uma mudança de país?
Sua filha ia poder brincar com outras crianças
E ninguém teria que matar ninguém pra ser feliz
Hoje, estar feliz é uma ilusão
E é o povo desunido que se mata por partido
Sem razão e sem noção
Chamando políticos ridículos de mito
E às vezes nem acredito num futuro mais bonito
Quando o grito é sufocado pelo crime organizado instituído
Que censura, tortura e fatura em cima da desgraça
Mas, no fundo, ainda creio no poder da massa
Nossa voz tomando as praças, encurtando as diferenças
Recompondo essa bagaça, quero é recompensa
O Pensador é contra violência
Mas aqui a gente peca por excesso de paciência
Com o rouba, mas faz dos verdadeiros marginais

São chamados de Doutor e Vossa Excelência

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Mais Bonito Não Há




Mais Bonito Não Há (part. Milton Nascimento)
Tiago Iorc
 

Nada mais belo que olhar de criança no sol da manhã
Chuva de carinho é o que posso pedir nessa imagem tão sã
Lindo no horizonte, o amanhã que eu nunca esqueci
Doce lembrança do sonho que eu vejo daqui

Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar

Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há

Nada mais belo que abraço sereno e sabor de perdão
Ver a beleza e em gesto pequeno ter a imensidão
Como espalhar por aí qualquer coisa que faça sorrir
Aquietar o silêncio das dores daqui

Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar

Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar

Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar

Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar

Mais bonito, não há

domingo, 22 de outubro de 2017

A visão


A visão

A polícia chegara não mais de cinco minutos depois de ter sido chamada, e o pequeno apartamento estava cheia de homens sérios. Ajoelhado no chão, André chorava com a cabeça de Ana ensanguentada nas mãos. Havia sangue nas roupas dele e o que parecia ser a arma do crime no chão; uma colher de sopa suja. O desespero e a confusão de André gritavam pelos olhos, ele não entendia quem podia ter feito aquilo. Por que alguém ferira Ana de maneira tão cruel?

 Os paramédicos afastaram o namorado para cuidar da mulher desmaiada no chão. André foi colocado na poltrona azul celeste à esquerda de Ana na sala de estar. A televisão ainda estava ligada e o volume baixo dificultava a audição do que o repórter dizia no jornal da noite. Algo sobre a política no país talvez. Daquela perspectiva André via claramente o rosto de sua namorada e algo curioso o intrigava; Ana parecia tranquila. Apesar do sangue, apesar da confusão estabelecida desde que ele entrara e a vira no chão; apesar de tudo, ela parecia dormir como sempre. Profundamente, sem sonhos ou pesadelos. Sem avisos, de um repente instantâneo, André vomitou ruidosamente nos sapatos do policial que o assistia. Ele vira, sem margem a qualquer dúvida, os paramédicos abrirem a mão de sua namorada e dela retirarem um globo ocular.

Um par de dias havia passado e Ana continuava no hospital, calada. Seu namorado a acompanhava cuidadosamente, porém eram nítidos o sofrimento e o incômodo dele. Ela, mesmo apenas com o olho que restara, podia vê-lo sem esforço. André murchava a seu lado. Aquilo era tão triste e Ana chorava em silêncio quando a luz estava apagada. Ela dormia pouco e ressentia em demasia a tamanho sofrimento de alguém tão gentil quanto ele. Ela se sentia mal por isso. Ana sentia-se muito incomodada com o sofrimento de André e queria vê-lo longe. O sofrimento dele era culpa dela e aquilo a corroía interna e lentamente. Queria poder mandá-lo embora. Queria estar sozinha. Pensava ela.

Até o momento nada havia sido descoberto sobre o ocorrido no pequeno apartamento e isso, mais do que a grotesca violência sem sentido, perturbava ao rapaz que buscava sempre razões para tudo. A polícia não descobrira nenhuma pista e Ana dizia não se lembrar de nada. Ela se lembrava, apenas, de chegar a casa como sempre e de estar a preparar algo para eles comerem. Depois disso, apenas lembranças vagas sobre o caminho ao hospital.

André irritara-se quando alguém sugeriu que Ana, ela própria, infligira a si mesma seus ferimentos. Aquilo era uma loucura sem sentido. Um absurdo. Ela jamais faria isso. Tudo estava bem; eles eram felizes. Ela era tranquila e divertida. Como imaginar que ela teria motivos e a coragem para arrancar seu próprio olho esquerdo? Ela não se lembrava de nada porque seu cérebro bloqueara o fato. Bloqueara o horror do que havia acontecido. Afirmava o rapaz que, para si mesmo, repetia com frouxa convicção que isso era muito mais lógico. Isso era o que havia acontecido.

Ana continuava muito mais calada do que o normal depois de voltar para casa. Não queria ver a seus amigos, não queria sair. E passava muito tempo deitada na cama a ouvir músicas antigas. André dizia a ela que tudo aquilo passaria com o tempo; que tudo voltaria a ser como antes. Porém, a menina sabia que nada mais seria como antes, apesar da pequena satisfação que agora ela sentia por ter a visão reduzida. Pois assim ela pôde amenizar um pouco a dor de ver e perceber o que não queria. A realidade para Ana tornara-se feia demais.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Oásis




Oasis

Cada minuto, cada dia, uma nova treta
Mesma vida que as vez é doce, do nada é malagueta
Eu me sinto um para raio, dos problemas do planeta
Um oásis é, deitar a cabeça no colo da minha preta

Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de Gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi casa, su casa
Tipo um oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis

Era da paz em coma, todos sob pressão
Hoje nosso idioma parece ser agressão
Os que some, os que soma, os que come, os que não
Num confunda diploma com vivência e visão (não)
Diga se a briga só num fez brotar solidão – caramba
Frio na barriga, no olhar, até no coração – descamba
Precisa de um samba a trilha, igual âmbar brilha
Família num mantra, que pausa guerrilha e salva
Nossa alma de tanto pilantra
É corda bamba em cada passo
Uns vão tão cedo
Entrelaço os dedos nos dela
Assim disfarço medo
Assim a cena é bela novamente
E entre a gente, e, sela o enredo

Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi casa, su casa
Tipo um oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis

(Miguel)
Your energy
Is just exhilarating
Oasis
Your love and your touch are invigorating
Oasis

Tô correndo há tempos, o tempo importa
Mundão hostil, vai fechando as portas
É selva memo, moscou te corta
Eu não gasto água com planta morta
Preso, na prática rua me testa
Meu verso tem o peso da lágrima de gente honesta
Eu sei que Ninguém é santo, ninguém
Entre tanto mal necessário
Na de salvar um mundo
"nóis" vai destruindo vários
Por seu riso lindo? Claro!
Enfrento quem for
Venço mares e desertos
Milhares se for certo

(Miguel)
I try to forget about the bad news
All the pain and all the problems
And in my mind I can hear you
Say mi casa, su casa

Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi casa, su casa
Tipo um oásis
Um oásis
Um oásis

Um oásis

terça-feira, 17 de outubro de 2017

SILVA


SILVA


Apesar de não ter qualquer conhecimento formal e acadêmico sobre Música, gosto demais da tal arte. Não sei tocar instrumento algum, nem mesmo caixa de fósforos, e sou desafinada dos pés à cabeça, no entanto, gosto tanto de música que não consigo imaginar um mundo sem ela. Minha vida sem música seria incompreensível; ela não seria a minha vida. Um dia sem música, para mim, é um dia difícil; quase impossível.

Sendo assim, sempre que ouso qualquer julgamento e ou opinião sobre música e músicos, deve ficar explicito que o que está escrito não passará jamais da minha parva opinião. Algo sem muito fundamento, fundamentado apenas naquilo que enamora meus ouvidos e que agrada a minha alma alimentada por palavras.

Ontem assisti ao meu primeiro concerto de Silva e, não obstante já conhecesse seu trabalho através dos discos há alguns anos, apenas agora posso dizer que o ouvi pela primeira vez. E espero ouvi-lo muitas e muitas e muitas vezes mais. Silva é encantador no palco por fazer extremamente bem aquilo que se espera de músicos: muita afinação, domínio de seus instrumentos e uma interpretação fenomenal de suas canções.


Simples, e por isso mesmo sublime, o concerto intimista dentro de um teatro beira à perfeição na arte de dar vida à música. Silva não precisa de mais do que seu violão, piano e voz para emocionar a quem o ouve; e a mim me fez chorar. Cantando Marisa, Diva maior da atual MPB, ele mostra que esta à altura de interpretá-la com brilho próprio. Silva é simples, é divino.



sábado, 14 de outubro de 2017

Meu palhaço







Meu palhaço


Lágrima negra no rosto pálido.

O sentimento do pierrot

segue calado;

clássico do cinema, ele fica mudo num plano fechado

que dura um eterno minuto incômodo.

(Meu desassossego sem sono)

No seu peito correm alucinadas as palavras apaixonadas que não serão ditas,

Mal-ditas

Bem-ditas

Sabe bem o palhaço que apenas em suas fantasias habitou um dia

seu mundo a colombina.

Ela é ser superior de outro planeta,

rara e cara como uma Barbarella moderna e mítica

que em tempo algum ao parvo clown perceberia.

Lágrima negra sobre o rosto pálido, segue calado o meu palhaço.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Feito pra Acabar



Feito Pra Acabar
Marcelo Jeneci
 
Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração

Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer

Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda assim

A gente é feito pra acabar
Ah Aah
A gente é feito pra dizer
Que sim
A gente é feito pra caber
No mar
E isso nunca vai ter fim


Uh Uhhh

domingo, 8 de outubro de 2017

A Felicidade



A Felicidade

Há gestos humanos que nos impactam, a todos nós, grandemente. O desprendimento de alguns em gestos altruístas, a dedicação de outros ao bem estar de todos; a coragem de muitos para lutar pelo bem alheio e muitos eteceteras e tais. Eu poderia fazer uma longa lista aqui, pois, apesar de não parecer e nem aparecer tanto, há muita gente admirável nesta terra.

Eu, de minha parte, adoro ver a estes gestos magníficos, feitos humanos que me fazem bem porque me fazem crer uma vez mais na humanidade. Fatos que renovam a minha fé no divino que está presente sempre. Contudo, há gestos mais simples e comuns que me encantam muito mais ainda. Gestos que para mim são a mais pura tradução do que significa a felicidade. Alguns dos gestos das crianças, e das não tão crianças assim, que dão vida para a vida minha.

O mundo congela, à la Big Fish, e todo o mal desaparece quando Pedro me manda um beijo desde longe e sorri, quando Diego me abraça com força, todo entregue. A rotação da Terra pára, e eu sorrio, quando Bianca sorri a apertar seus olhinhos para mim e quando ouço ao Nico me chamar: titia Mari vem brincar. Todas as pessoas deixam de existir quando Vitória, que ainda me estranha muito, levanta seus braços para mim a pedir colo. A felicidade é assim; a felicidade são eles.

E é difícil descrever a total e plena felicidade que sinto ao ver que meus miúdos já crescidos são gente boa de verdade. Dedé, Lucas e Gigi estão se transformando em gente grande e da melhor qualidade: gentis e de bom coração. Poderiam gostar de estudar mais, verdade, mas a nossa identificação e o carinho que temos uns com os outros são claros e verdadeiros; e isso me conforta. Eles já me fazem perceber o que significa a felicidade plena porque estou certa de que eles serão felizes em suas vidas também.

Meus miúdos são a minha felicidade feita em gente, são a garantia de sanidade nesta vida e, por isso, não consigo conceber que alguém possa ferir a crianças deliberadamente. Por isso, o assombroso fato passado em Minas Gerais com a morte de 10 crianças entre 04 e 06 anos num incêndio causado propositadamente me foge a qualquer lógica e compreensão. Então, vale lembrar nesta semana quando comemoramos o Dia das Crianças que a elas devemos todo o carinho, amor, atenção e proteção muito para além de brinquedos. E um Feliz Dia da Crianças para todos nós, amém!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Pelos olhos do mundo






Pelos Olhos do Mundo
Apanhador Só
 


Pode vir que eu tô à vontade
Pessoa linda do cabelo solto
Redimonhado todo que me envolto

Tem um monte de coisa que nos separa
Tem um monte de coisa que nos protege
Nos abre o peito, nos mostra a cara
Um monte de coisa nos fortalece
Pessoa linda do cabelo solto
Andava todo emparedado por dentro
Andava todo encasquetado por fora
Como um refém de um perfil violento
Diferente, andava embora
Baixei a guarda, respirei um momento
Olhei em volta, vi que não tinha borda
Se por acaso a bolha calcificasse
Em dura casca tava foda

Pode vir que eu tô à vontade
Pessoa linda do cabelo solto
Redimonhado todo que me envolto

Meio que tudo é tudo
Meio que tudo é um

Paratê
Parati
Paratá
Paratê
Parati
Paratá
Paratê
Parati
Paratá

Quero vida contigo
Caindo de sono de manhã
Quero tatátá

Quero vida contigo

Caindo de sono de manhã


domingo, 1 de outubro de 2017

Nu


Foto de Hernani Pereira

Nu

Por algum motivo não tão obvio quanto parece ser a princípio, há um exagero quase histérico por grande parte de nós, os adultos, quanto ao que significa estar nu. Por que, afinal, nos espanta tanto algo que é a expressão mais clara de nossa essência? A nudez reflete nosso estado mais humano e, portanto, mais sensível e frágil; uma pessoa nua encontra-se mais vulnerável neste mundo do que qualquer outra. Não?

Sendo assim, seja ele artístico ou não, de um homem ou de uma mulher, de uma pessoa jovem ou idosa, o nu não significa, por si só, qualquer ameaça ou ofensa aos outros. E muito para além disso, o fato de uma pessoa estar nua não denota pornografia, pedofilia e ou qualquer ato libidinoso. Estar nu significa apenas estar desprovido de roupas, e já que neste mundo ninguém (mas ninguém mesmo) nasce vestido, não há nada mais natural para o ser humano do que estar nu. Certo?

Ficamos nus várias vezes ao dia e não apenas para o sexo. Ficamos nus para tomar banho, para dormir (em alguns casos, eu por minha parte amo um pijaminha), para trocar de roupa, porque faz um calor de matar ou, muitas vezes, quando vamos ao médico. Para vários povos estar nu é um hábito e muitas e muitas tribos indígenas ou não, ainda hoje, tem o nudismo como algo natural. Estar nu diante daqueles nos quais confiamos e com quem temos intimidade é natural e acontece entre muitos amigos e nas famílias.

Por tudo isso, eu não consigo compreender a celeuma ignóbil e retrógrada criada pelos brasileiros pudicos em excesso motivada por uma performance com um homem nu dentro do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Aliás, desconfio sempre daqueles que levantam a bandeira da moralidade com tanta ânsia por suspeitar em demasia da qualidade de seus pensamentos e sentimentos. Ou a perversão e a maldade não estão, antes, nos olhos de quem as vê?



 

por·no·gra·fi·a 
(
.pornô + -grafia)
substantivo feminino
1. Estudo ou descrição da prostituição.
2. Descrição ou representação de coisas consideradas obscenas, geralmente de .caráter sexual.
3. Qualquer coisa (livro, revista, filme, etc.) de cariz sexual com intenção de provocar excitação.
4. .Ação ou representação que ataca ou fere o pudor, a moral ou os considerados bons costumes.
 in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013

Brincar de Casamento