domingo, 1 de outubro de 2017

Nu


Foto de Hernani Pereira

Nu

Por algum motivo não tão obvio quanto parece ser a princípio, há um exagero quase histérico por grande parte de nós, os adultos, quanto ao que significa estar nu. Por que, afinal, nos espanta tanto algo que é a expressão mais clara de nossa essência? A nudez reflete nosso estado mais humano e, portanto, mais sensível e frágil; uma pessoa nua encontra-se mais vulnerável neste mundo do que qualquer outra. Não?

Sendo assim, seja ele artístico ou não, de um homem ou de uma mulher, de uma pessoa jovem ou idosa, o nu não significa, por si só, qualquer ameaça ou ofensa aos outros. E muito para além disso, o fato de uma pessoa estar nua não denota pornografia, pedofilia e ou qualquer ato libidinoso. Estar nu significa apenas estar desprovido de roupas, e já que neste mundo ninguém (mas ninguém mesmo) nasce vestido, não há nada mais natural para o ser humano do que estar nu. Certo?

Ficamos nus várias vezes ao dia e não apenas para o sexo. Ficamos nus para tomar banho, para dormir (em alguns casos, eu por minha parte amo um pijaminha), para trocar de roupa, porque faz um calor de matar ou, muitas vezes, quando vamos ao médico. Para vários povos estar nu é um hábito e muitas e muitas tribos indígenas ou não, ainda hoje, tem o nudismo como algo natural. Estar nu diante daqueles nos quais confiamos e com quem temos intimidade é natural e acontece entre muitos amigos e nas famílias.

Por tudo isso, eu não consigo compreender a celeuma ignóbil e retrógrada criada pelos brasileiros pudicos em excesso motivada por uma performance com um homem nu dentro do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Aliás, desconfio sempre daqueles que levantam a bandeira da moralidade com tanta ânsia por suspeitar em demasia da qualidade de seus pensamentos e sentimentos. Ou a perversão e a maldade não estão, antes, nos olhos de quem as vê?



 

por·no·gra·fi·a 
(
.pornô + -grafia)
substantivo feminino
1. Estudo ou descrição da prostituição.
2. Descrição ou representação de coisas consideradas obscenas, geralmente de .caráter sexual.
3. Qualquer coisa (livro, revista, filme, etc.) de cariz sexual com intenção de provocar excitação.
4. .Ação ou representação que ataca ou fere o pudor, a moral ou os considerados bons costumes.
 in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013

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