sábado, 31 de outubro de 2015

2015


2015


O ano de 2015 resolveu ser uma vertigem. Assim tem sido este ano no qual tudo parece querer acontecer de um repente e sem muitos rodeios. A característica destes 365 dias que ainda não findaram tem sido a velocidade; a sua característica camaleônica para a mudança instantânea. Meu mundo, neste ano, já mudou algumas vezes e me sinto, nalguns dias, como se tivesse numa montanha-russa moderna: a ver o mundo de ponta cabeça.

Não posso dizer que tenha sido um ano ruim, ou um ano pior do que os outros, já que nele coisas muito boas, excelentes, e outras, as ruins, (aquelas para as quais não temos vontade alguma e rezamos para que elas aconteçam apenas bem longe de nós), aconteceram de maneira equilibrada. Ganhamos a Vitória e perdemos a minha Mãe. Vi como o mundo é lindo na companhia de meus pais, de meus sobrinhos e afilhados, e coisas horríveis pela televisão. Despedi-me do amor desta vida e vejo o amor dar seus primeiros passos nas vidas dos meus miúdos. Pois, nada do tédio e da mesmice dos anos que passam sem deixar marcas para o tal do 2015, que este ano, sem muito aviso, veio para não ser esquecido jamais.

“C’est la vie!”, e contra a vida não podemos lutar, não devemos fazê-lo. Devemos é compreender que por mais que queiramos controlá-la, por mais que achemos que somos donos de nossos narizes e que teremos nossas vidas em nossas mãos, nunca o faremos por completo. A vida é mudança e movimento; sempre.  E sem mudança não haveria graça alguma em estar vivo. Não haveria perdas, é certo, mas nem ganhos, não teríamos com o que sonhar e nem pelo que lutar.  Sem saber que tudo acaba, e acaba definitivamente, nada teria para nós o valor imenso que tem. Somos efêmeros, como é tudo aquilo que nos cerca e que fazemos, e por isso, o certo não é lutar contra a vida, mas aproveitá-la da melhor maneira que sabemos e podemos.


É verdade que as mudanças, vez ou outra, deixam-nos zonzos, e que tanto rir muito como chorar demais faz parte da estória. Porém, como já disse o outro, e eu mesma em outros momentos já plagiei: a promessa que temos é de que a vida pode ser bela, não fácil. Então, que venham mais anos, como o maluco ano de 2015, cheio de novidades.




quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Manhãs


Manhãs

Chegamos às manhãs mansas e mornas
que cheiram à saliva e afeto, por fim.
Querendo que elas fossem mais verdadeiras e duradouras
e que pudéssemos ainda crê-las reais.
Mais sábios e menos felizes por termos já adquirido
a razão que nos sussurra, leve e irônica ao ouvido,
que manhãs eternas não existem. Nunca existiram.
Evitamos abrir nossos olhos de um repente para,
em meio a meia consciência dos que ainda não acordaram por completo,
ainda sermos capazes de crer.
Com pena constatamos que abrem-se os olhos,
sozinhos,
por força do hábito.
Porém, sempre haverá lábios, mãos e pernas que ainda creem
na possibilidade das manhãs sem fim;
manhãs doces,
iluminadas,
únicas e
certas.
E esta será sempre a salvação de toda a humanidade:
a beleza de ainda haver gente
a crer que uma manhã poderá se alongar por um tempo infinito.
Indefinido.
Chegamos, às manhãs, mansos e mornos,
cheirando à saliva
e afeto.

domingo, 25 de outubro de 2015

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Não sei quantas almas tenho (Fernando, o Pessoa)

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo :  "Fui  eu ?"

Deus sabe, porque o escreveu. 



domingo, 18 de outubro de 2015

A Paixão Rotunda


A Paixão Rotunda

Não, nenhum time de futebol é mais importante do que as coisas mais importantes da vida. A família, os grandes amigos, a carreira e muito mais, sempre que paramos e pensamos a sério sobre a questão, veem primeiro, não? Sim, estas coisas veem primeiro. Porém veem sem uma afirmativa categórica e final em meio a um muxoxo. Veem, né?!

Não há o que discutir sobre isso, contudo, não há como discutir também, e da mesmíssima maneira, a grande paixão que acompanha o futebol. Ter um time do coração é ter um amor eterno e desinteressado, algo próprio das almas inocentes que creem em heróis e milagres, e que nos acompanha desde a infância. É sentir uma paixão rotunda e perfeita como a bola que não necessita lógica ou explicação. Algo que se compreende automática e plenamente com a expressão: é o meu time de coração.

Pois que o coração bate mais rápido apenas por um time só. Sempre. E torna-se difícil assistir impavidamente a uma partida qualquer deste time que em nossa alma se sobrepõe a tal da seleção nacional sem qualquer sombrinha de dúvida que seja. Gosto da Seleção Canarinha, claro, mas o Timão é o Timão e ponto final.  E com ele há a ansiedade, há o desejo de chutar a bola, há a certeza de que os nossos olhos fazem toda a diferença no final da contenda e que, por isso, não podemos desgrudar-los da tela plana até o último segundo com pena de um castigo fatal; perder.


Domingo é dia de bola, e neste domingo mesmo com o placar a marcar 3 a 0 para mim, os nervos estavam à flor da pele. Não dá para não sentir o coração apressado e a garganta em nó. Faltam apenas 8 rodadas para o final deste Campeonato Nacional onde sou líder e, com um misto da soberba certeza de quem sente que tudo dará certo e do cuidado de quem sabe que nada está definido, começo a tecer a nova faixa na imaginação. Sim, assim como em 2012 na Libertadores e no Mundial, sinto que a Taça é nossa e que é apenas uma questão de dias, um mês e pouco, para o grito cá guardado sair enlouquecido pela boca afora. É Campeão! 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

The Weeknd (Tell Your Friends)



Tell Your Friends
The Weeknd

We are not the same I am too reckless
I'm not tryna go in that direction
These niggas they been doing too much flexing
And they're about to call the wrong attention
And I ain't got no patience, no more testing
I do shit how I want, don't need no blessing
Xo niggas ain't nothing to mess with
Nobody stopping us, oh no we're destined
And everybody around you is so basic
I'm never rocking white, I'm like a racist
I don't drink my liquor with a chasin'
And money is the only thing I'm chasin'
And some dope dimes on some coke lines
Give me head all night, cum four times
Baby girl just wanna smoke a pound
Do an ounce, get some dick
Tell her friends about it

Go tell your friends about it (About it)
Go tell your friends about it (About it)
Go tell them what you know, what you seen
How I roll, how I did it on the low
Go tell your friends about it (About it)
Go tell your friends about it (About it)
Go tell them what you know, what you seen
How I roll, how I be off that coke
Go tell your friends about it (About it)
Go tell your friends about it
I'm that nigga with the hair
Singing 'bout popping pills, fucking bitches
living life so trill

Last year I did all the politicin'
This year I'm all focused on the vision
I think these hoes deserve another fixing
I'm talking about the ones from the beginning
Don't believe the rumours bitch, I'm still a user
I'm still rocking camo and still roll with shooters
I'm a villain in my city, I just made another killing
I'mma spend it all on bitches
And everybody fuckin, everybody fucking
Pussy on the house, everybody fucking
And I miss my city man it's been a minute
M. I. A. a habit, Cali was the mission
Cruise through the west-end in my new Benz
I'm just tryna live life through a new lens
Driving by the streets I used to walk through
When I had no crib I guess you call that shit a miracle

Go tell your friends about it (About it)
Go tell your friends about it (About it)
Go tell them what you know, what you seen
How I roll, how I be on the low
Go tell your friends about it (About it)
Go tell your friends about it
I'm that nigga with the hair
Singing 'bout popping pills
fucking bitches, living life so trill

My cousin said I made it big and it's unusual
She tried to take a selfie at my grandma's funeral
Used to roam on Queen
now I sing Queen street anthems
Used to hate attention, now I pull up in that wagon
I was broken, I was broken, I was so broke
I used to roam around the town when I was homeless
Me and Lamar would rob a nigga for his Jordans
And flip it just to get these hoes another nose fix
Now we get faded, when we want girl, we got choices
Lay them on the fucking table, we got choices
And if they wanna fuck my niggas, they got choices
They told me not to fall in love, that shit is pointless
Yeah, that shit is pointless
They told me not to fall in love, that shit is pointless
Yeah, that shit is pointless
It's only meant to fall in love
That shit is pointless
Go tell your friends about it (about it)
Go tell your friends about it (about it)
Go tell them what you know, what you seen
How I roll, how I be off that coke
Go tell your friends about it (about it)
Go tell your friends about it
I'm that nigga with the hair
Singing 'bout popping pills
fucking bitches, living life so trill
Life so trill
Life so trill

Life so trill


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Andorinha


Andorinha

Como é duro ser
                              Andorinha
E ter o coração divido em partes
Espalhadas por tantos lugares
Norte
Sul
E muito além do mar
Pois mesmo dona de asas
A saudade sempre está
Do lado de lá
Onde eu não posso estar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Coragem de Sentir




A Coragem de Sentir

Frida Kahlo me impressiona desde há muito tempo pela sua coragem e força. Ela é um acontecimento que ecoa até hoje, feito os Beatles e Gandhi, tal como Picasso, Chaplin ou Guevara; e gosto dela como se gosta dos gênios: com uma pontinha de inveja de sua grandiosidade. Procuro em mim um pouco de Frida Kahlo como quando menina, muito pequena e inocente, queria ter as qualidades de uma princesa ou da Mulher Maravilha. Frida é heroína, é modelo a ser seguido para grande parte das mulheres latinas e, quiçá, de outras praças mais distantes também.

Nunca quis ser pintora e mal sei desenhar flores e casinhas, coisa que não me importa. Pois, e apesar de gostar muito das obras da Senhora Kahlo e de saber de toda a sua importância na pintura e cultura latino-americana do século passado, o fato é que a admiro em demasia pela mulher que ela foi. Frida era corajosa e inteligente, aquela menina tinha toda a coragem necessária para abraçar seus sentimentos e, sem medos, deixá-los fluir. Frida não tinha medo de sentir e de expressar livre e claramente o que se passava dentro dela. Ela não tinha barreiras ou fronteira erguidas ao redor dela.

Por algum motivo que me foge, em nossa cultura, o pensar e o sentir tornaram-se opostos em algum momento. Amar profundamente a alguém ou ter os sentimentos vivos e à flor da pele, passou a ser um defeito feio; um aleijão o qual devemos esconder do mundo inteiro, um erro. Por quê, hein? Bem, claro é que não devemos depositar toda a nossa capacidade de felicidade na vida em alguém ou em qualquer coisa que seja. A vida não é assim. Ela não é apenas uma só, única e simples; nunca foi não senhor. A vida é complexa, confusa às vezes, e ela é tão melhor quanto maiores forem as ramificações que damos a ela. Isto é certo.

Entretanto, não podemos negar que há pessoas que nos fazem uma falta danada que só e que serão sempre únicas e essências. As nossas porções de grande felicidade instantânea e vital. Mãe, pai, amigos, os irmãos, filhos, sobrinhos e afilhados, os amores vividos, o homem de nossa vida... Como esquecer qualquer uma dessas pessoas ou não se sentir um pouco mais vazio quando uma delas não está aqui? Não dá. Então, apesar de tentar encarar tudo nesta vida da melhor maneira possível, e de saber que deverei continuar a viver e a aproveitar esta vida que me é dada. Apesar disso, também sei que não posso me permitir um meio sentir. Sentir as coisas com freios é tão sem razão de ser quanto descer um escorregador se agarrando nas bordas para evitar que a velocidade aumente. O bom é sentir o vento no rosto e ter a sensação de que estamos quase a voar, é soltar as mãos na montanha russa e gritar.

O bom é amar e deixar isso sempre muito claro, mesmo que do outro lado da conversa, do poema, do beijo ou do abraço a outra pessoa não esteja pronta ou disposta para um amor tão explicito como este. É, a vida não é perfeita, ela é boa, bonita e divertida. Contudo, o amor, mesmo o não tão perfeito ou correspondido, não é ou será feio ou ruim. Jamais. O amor é um bem-querer mais que, simplesmente, um querer toda santa vez. Amar profundamente as pessoas e todas as coisas desta vida não é um sinal de pouca inteligência ou de um vazio interior terrível. Antes, esta é uma capacidade dos que não têm medo e que já compreenderam que uma vida não foi feita para ser vivida sozinha.


“Amuralhar o próprio sofrimento é arriscar que ele te devore desde o interior.”

Frida Kahlo