quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Coragem de Sentir




A Coragem de Sentir

Frida Kahlo me impressiona desde há muito tempo pela sua coragem e força. Ela é um acontecimento que ecoa até hoje, feito os Beatles e Gandhi, tal como Picasso, Chaplin ou Guevara; e gosto dela como se gosta dos gênios: com uma pontinha de inveja de sua grandiosidade. Procuro em mim um pouco de Frida Kahlo como quando menina, muito pequena e inocente, queria ter as qualidades de uma princesa ou da Mulher Maravilha. Frida é heroína, é modelo a ser seguido para grande parte das mulheres latinas e, quiçá, de outras praças mais distantes também.

Nunca quis ser pintora e mal sei desenhar flores e casinhas, coisa que não me importa. Pois, e apesar de gostar muito das obras da Senhora Kahlo e de saber de toda a sua importância na pintura e cultura latino-americana do século passado, o fato é que a admiro em demasia pela mulher que ela foi. Frida era corajosa e inteligente, aquela menina tinha toda a coragem necessária para abraçar seus sentimentos e, sem medos, deixá-los fluir. Frida não tinha medo de sentir e de expressar livre e claramente o que se passava dentro dela. Ela não tinha barreiras ou fronteira erguidas ao redor dela.

Por algum motivo que me foge, em nossa cultura, o pensar e o sentir tornaram-se opostos em algum momento. Amar profundamente a alguém ou ter os sentimentos vivos e à flor da pele, passou a ser um defeito feio; um aleijão o qual devemos esconder do mundo inteiro, um erro. Por quê, hein? Bem, claro é que não devemos depositar toda a nossa capacidade de felicidade na vida em alguém ou em qualquer coisa que seja. A vida não é assim. Ela não é apenas uma só, única e simples; nunca foi não senhor. A vida é complexa, confusa às vezes, e ela é tão melhor quanto maiores forem as ramificações que damos a ela. Isto é certo.

Entretanto, não podemos negar que há pessoas que nos fazem uma falta danada que só e que serão sempre únicas e essências. As nossas porções de grande felicidade instantânea e vital. Mãe, pai, amigos, os irmãos, filhos, sobrinhos e afilhados, os amores vividos, o homem de nossa vida... Como esquecer qualquer uma dessas pessoas ou não se sentir um pouco mais vazio quando uma delas não está aqui? Não dá. Então, apesar de tentar encarar tudo nesta vida da melhor maneira possível, e de saber que deverei continuar a viver e a aproveitar esta vida que me é dada. Apesar disso, também sei que não posso me permitir um meio sentir. Sentir as coisas com freios é tão sem razão de ser quanto descer um escorregador se agarrando nas bordas para evitar que a velocidade aumente. O bom é sentir o vento no rosto e ter a sensação de que estamos quase a voar, é soltar as mãos na montanha russa e gritar.

O bom é amar e deixar isso sempre muito claro, mesmo que do outro lado da conversa, do poema, do beijo ou do abraço a outra pessoa não esteja pronta ou disposta para um amor tão explicito como este. É, a vida não é perfeita, ela é boa, bonita e divertida. Contudo, o amor, mesmo o não tão perfeito ou correspondido, não é ou será feio ou ruim. Jamais. O amor é um bem-querer mais que, simplesmente, um querer toda santa vez. Amar profundamente as pessoas e todas as coisas desta vida não é um sinal de pouca inteligência ou de um vazio interior terrível. Antes, esta é uma capacidade dos que não têm medo e que já compreenderam que uma vida não foi feita para ser vivida sozinha.


“Amuralhar o próprio sofrimento é arriscar que ele te devore desde o interior.”

Frida Kahlo


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