quinta-feira, 13 de abril de 2017

O Monstro



O Monstro 


Ele rasga a pele por dentro em fração de segundos, pois

não caibo em mim; ele não cabe em si.

Sou outra e me observo a fazer e a dizer o que nas muitas horas de um dia

escondo.

Está livre o que há de pior dentre todas as formas,

jeitos e preceitos daquilo que somado sou eu.

Liberto, o meu monstro de olhos escuros corre pelas veias;

pela casa inteira a romper portas e janelas.

Faminto e carnívoro, ele chega à rua em busca de suas presas

preferidas: os que verdadeiramente amo.

E não havendo razão que possa ser ouvida nesses momentos,

o monstro desfere golpes cruéis e certeiros.


                               Parte ossos.
                                                                                                           Arranca a pele.

                          Crava na carne e n’alma alheias suas garras feitas da
                                            mesma raiva que me consome enquanto o constrói.


E quanto mais ele golpeia mais sinto eu a dor

causada pelas suas faltas.

Meu monstro particular

aos poucos

devora-me.

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