segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eu Não Sei Quando Te Perdi


O fim

Sem querer e sem saber dos porquês,
vai-se embora daqui de um repente toda a gente
a quem se quer bem.
Como se a existência fora apenas sonho,
ideias inventivas do coração que só não sabe ser;
Elas se vão.
Somem feito nuvem em tempo de estio,
feito o tempo que já não temos,
o filme que na sala de cinema terminou.
Vão-se porque por cá não podem mais estar
porque assim Deus quis
porque o amor acabou no coração alheio apesar de andar
aos pulos por aqui.
Elas se vão porque tudo na face desta terra que teve um dia
um começo, é certo,
noutro dia terá  um fim.





Eu não sei quando eu te perdi


Bem que me tinhas avisado
(ou antes pedido docemente)
tem atenção comigo por favor
tem atenção comigo meu amor
porque eu não sou dessas
que fingem
que não vêem
e o meu coração já aguentou
o que podia aguentar

(miúda, não sei quando te perdi)

Não podia mas devia saber
não podia mas devia saber
não se trata assim ninguém
eu não podia mas devia saber
como se ama verdadeiramente
(nunca me tinham ensinado)
só depois de te perder
finalmente aprendi

(aprendi tarde demais para mim, para ti, para nós
eu não fui homem porque não sabia ser)

Clowns...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O Tom




O Tom...


Há muitos anos estamos sem Tom Jobim, desde dezembro de 1994. Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim morreu em Nova Iorque e eu, em São Paulo, senti-me órfã e abandonada. Senti-me traída. Afinal, como ele pôde nos deixar sozinhos sem sua poesia; sem sua música tão brasileira e universal. Foi mesmo um golpe fatal. Horrível. Dia de luto certo para todo tipo de passarinho, para as teclas do piano, para o mato onde vivem as lendas brasileiras; para todo brasileiro que gosta de música.

Hoje, mais de vinte anos depois de sua morte e no dia de seu aniversário, imagino quanta música bonita ele poderia ter feito. Meu Deus, quanta poesia e melodia nunca d’antes vistas e ouvidas teria feito o Dindi? Quantas vezes mais teria eu me emocionado intimamente com suas canções? Cantado desafinada e sem vergonha suas canções do último trabalho feito?  Quanta paixão mais teria ele feito brotar no peito da gente? Não sei. Impossível mensurar o quanto um gênio seria capaz de criar e Jobim, sem necessidade alguma para a falsa modéstia, era pornograficamente genial.

Resta-nos ouvi-lo muitas e várias vezes, repetidamente. Sem pressa e com toda a atenção para matar um pouco a nostalgia que nos dá a falta do Seu Antônio num dia como esse. Dia em que a música, a arte das musas, resolveu vir a Terra em forma de gente. Feliz aniversário Tom. 

Que se faça a música!



     









quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O Bufão sobe ao Trono


O Bufão sobe ao Trono

Por hábito, e por haver um bom fundo de verdade nisso, há anos chamo o presidente dos Estados Unidos de “o presidente do mundo”.  E se esta sempre foi uma piada de mau gosto em certa medida, afinal mostrava com tom zombeteiro, porém subserviente, o meu reconhecimento de quem eram os donos do mundo como o conheço; do meu mundo americano principalmente. Nesta semana a tal brincadeira jocosa terá seus graus de gravidade e seriedade elevados a uma potência gigantesca. Nesta semana Donald Trump será coroado rei do mundo e isso não tem graça alguma, pois que a comédia num exagero histriônico tornou-se, após uma curva mal feita à direita, uma súbita tragédia.

Claro que não faltam problemas muito sérios em meu país que mergulha de cabeça numa instabilidade social e econômica ímpares, e estas deveriam obter todo o meu foco e atenção. Sim, sobram-nos mazelas domésticas há muito conhecidas e agravadas paulatinamente pela ineficiência com a qual nos gerimos há muito tempo, ou desde sempre, como nação. Verdade. Entretanto, ver o Sr. Trump, um fanfarrão contumaz, a assumir a presidência dos Estados Unidades após os dois mandatos do sempre gentil, correto e elegante, além de muito carismático, Obama, dói-me n’alma.

Não é nada gratificante perceber que um homem com nenhuma inclinação ao altruísmo, que antes de tudo e mais nada se preocupa apenas com o que versa sobre o seu umbigo e que demonstra um verdadeiro desprezo pela humanidade no geral será o presidente de um país com tanto poder e influência sobre tudo o que se passa neste planeta. Muito para além disso, fica por cá a dúvida de como uma grande parcela da população americana pôde crer num homem que faz da falácia um hábito, e do deboche um lema. Falta de discernimento e informação ou uma crítica radical ao atual establishment? Seja lá qual o real motivo que levou a esta escolha tão esdrúxula, creio que houve um erro de julgamento fatal.

Arrogante o bastante para não perceber suas limitações, ademais de muito preconceituoso, o Sr. Trump prega uma política econômica protecionista e nacionalista que já não tem mais lugar no mundo moderno. Engodo este, aliás, muito utilizado por aqueles que querem convencer aos milhões de cidadãos com palas nas vistas. Afinal, não há nada mais fácil e cômodo do que buscar nas minorias, nos estrangeiros e em outros países todos os motivos para a falência da economia doméstica de cada um.

Muito ao revés do que prega o recém-eleito presidente americano, o fato é que os Estados Unidos perderam seu papel hegemônico na política mundial e veem, pouco a pouco, chegar ao fim seu status de superpotência econômica única. Quiçá muito mais brevemente do que imaginávamos com a ajuda do grande magnata da esperteza que poderá fazer muita coisa em seu país, contudo, não irá fazer a “América” grande outra vez.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O sonho



O sonho

Sigo pelo meio, parada e sem jeito; sem vontades nem medos,
à espera do fim e do começo.
Imóvel ser feito de resinas plásticas sem cheiro e cor indefinida;
observo e Sonho.
Visagem, te vejo em sonho ou pesadelo. Atravessado,
você veio no meio de um sonho alheio; sorrateiro.
Eu sonhava com outro que é menos letal
e que não causa danos colaterais indesejáveis e perenes.
Um outro que me aparece sempre que fraquejo,
anjo da guarda sem asas que surge
quando sinto ganas kamikazes de correr em tua direção.
Ele vem e veio sem motivo ou razão como viera você,
acidental.
E sem porquês, lá estava você, mais uma e outra vez,
no meio desta rua úmida
de uma solitária noite silenciosa; meu caminho.
Noite fria e muda como você,
meu pálido par perfeito
perdido.
Fria eu silencio.


domingo, 15 de janeiro de 2017

Somos Anormales (Residente)




SOMOS ANORMALES
Residente Calle 13
Tres ojos, cuatro orejas,
mucho pelo entre medio de las cejas,
con los cachetes, llenos de granos,
sin brazos ni piernas como los gusanos.
Imperfecciones en todos los lugares
cicatrices, jorobas, lunares
juanetes, en los dos pies
con ocho dedos, en vez de diez.

Blanco, que se te ve las venas del cerebro
como café, sin leche, bien negro
mal distribuido como las vacas
mucha barriga pero con las patas flacas.
Cabeza grande, cuerpo chiquito
celuliticos, los muslos blanditos
mucho labio, bembón o bembona
una nariz que parece otra persona.

Aquí todos somos deformes
y nos resistimos a usar uniforme
lo más feo de la flor es el tallo
la belleza se alimenta de fallos.
Cómo nos vemos curiosos,
ponemos a los lindos nerviosos
que toda la gente nos señale,
lo que no es igual, sobresale.

SOY ANORMAL(x3)

Somos anormales.
Lo que me gusta de ti,
es que tu eres anormal.

Nuestra sexualidad se despierta,
el ADN con las piernas abiertas
los cromosomas bailando bolero,
las hormonas con hambre,
lamiéndose los cueros
y procreamos una cosa bien rara,
como nosotros pero con otra cara
Nuestra genética, un laberinto
somos igual de distintos.

Lo que se mezcla es más interesante,
como una mosca con orejas de elefante
los colores se triplican, nadie pierde
amarillo con azul hacen verde.

Original, no lo pueden copiar
lo que es impuro no se puede duplicar
la raza se arregla, cuando se daña.
Somos de la tribu que con sucio se baña!

SOY ANORMAL(x3)

Somos anormales.
Lo que me gusta de ti
es que tu eres anormal.

(coro)


SOY ANORMAL(x12)


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

The last Speech





One of the things I'll miss the most from now on: Obama's speeches... 
Fine words are getting silent and, at the same time, life is becoming noisier these days.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Teu Samba



Teu Samba

Se tivesse eu algum talento, mesmo que tíbio e parco
escreveria para ti uma canção para dizer com beleza
tudo aquilo que tu gostas de ouvir,
porém finges prescindir.

Seria um samba-canção sentido e melancólico,
para lá de bonito e um tanto retórico,
a falar daquilo que muito bem sabemos e, contudo,
ainda desconhecemos.

Versaria sobre um amor assim-assim que nem bem teve começo
e que contraditório a si mesmo,
indestrutível e brutal, nunca terá seu fim.

Amor de coração acelerado, descompassado do seu samba
(que caminha lento e compenetrado
a sentir com paciência teu descaso), crente e cego segue seu fado.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Carinhoso desde 1917...


Pixinguinha, um gênio da música, fez Carinhoso, um chorinho que veio a revolucionar e marcar para sempre a música no Brasil.




domingo, 1 de janeiro de 2017

Blá, blá, blá...


Blá, blá, blá...

No início de 2016 prometi a mim mesma que voltaria a escrever mais porque sentia muita falta das letras e das palavras. Minha terapia particular, algo fundamental para o meu bem estar mental. Decisão de início de ano, coisa certa e que dependia apenas de mim. Fácil meta para cumprir, não? Bem, escrevi menos; muito menos do que nos anos anteriores. Vergonhosamente relaxei e me distraí com coisas tolas. Este ano que acabou de terminar, além de muito difícil para muita gente, foi um ano no qual fugi, covardemente, de mim mesma.

Escrever é algo muito mais emocional do que racional para mim, algo que creio ser verdadeiro para muita gente que escreve. Os dedos movem-se no ritmo do coração e sem muita razão de ser a não ser pela força motriz que nos move: tudo o que sentimos profundamente. Organizam-se, quase com vontade própria, as palavras. Depois vem a reflexão sobre tudo o que foi dito, a revisão em busca dos erros cometidos na certeza de que alguns resistirão no texto, e a procura pelas palavras que ficaram mal acomodadas; fora de lugar.

Pois, apesar de não terem faltado os sentimentos, o fato é que procurei evitá-los muito mais do que encará-los numa espécie de férias sentimentais que resolvi me conceder. Uma espécie de sono profundo induzido para anular sentimentos que me afetaram mais do que eu percebi; mais do que eu gostaria que tivessem. Perdi pessoas que eu amo profundamente para sempre por motivos distintos, e isso é um tanto complexo para compreender e aceitar irrestritamente. É difícil demais abrir mão de quem eu amo para mim. Algo que eu percebo eu não aprendi a fazer e que, sinceramente, não sei bem se realmente quero aprender.

 Chegou 2017 e, isso de deixar os dedos um tanto mudos tinha que findar; já que tudo tem um começo e um fim. Menos as saudades, estas não findarão jamais. Então, sem razão de ser e sem muito sentido, cá estão as primeiras palavras do ano. Apressadas e um tanto frouxas no que tange ao que elas querem (e ou devem) dizer; concordo. Mas, mesmo assim, elas estão aqui para ficar. Oxalá!