terça-feira, 31 de dezembro de 2019

AmarElo Trilha Sonora para 2020!

Ano passado eu morri, mas em 2020 eu não morro... Que 2020 seja mais doce para todos nós!





AmarElo
Emicida
Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Eu sonho mais alto que drones
Combustível do meu tipo? A fome
Pra arregaçar como um ciclone (entendeu?)
Pra que amanhã não seja só um ontem
Com um novo nome
O abutre ronda, ansioso pela queda (sem sorte)
Findo mágoa, mano, sou mais que essa merda (bem mais)
Corpo, mente, alma, um, tipo Ayurveda
Estilo água, eu corro no meio das pedra
Na trama, tudo os drama turvo, eu sou um dramaturgo
Conclama a se afastar da lama, enquanto inflama o mundo
Sem melodrama, busco grana, isso é hosana em curso
Capulanas, catanas, buscar nirvana é o recurso
É um mundo cão pra nóiz, perder não é opção, certo?
De onde o vento faz a curva, brota o papo reto
Num deixo quieto, num tem como deixar quieto
A meta é deixar sem chão, quem riu de nóiz sem teto
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro (demais)
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro (Belchior tinha razão)
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Figurinha premiada, brilho no escuro, desde a quebrada avulso
De gorro, alto do morro e os camarada tudo
De peça no forro e os piores impulsos
Só eu e Deus sabe o que é não ter nada, ser expulso
Ponho linhas no mundo, mas já quis pôr no pulso
Sem o torro, nossa vida não vale a de um cachorro, triste
Hoje cedo não era um hit, era um pedido de socorro
Mano, rancor é igual tumor envenena raiz
Onde a platéia só deseja ser feliz (ser feliz)
Com uma presença aérea
Onde a última tendência é depressão com aparência de férias
Vovó diz, Odiar o diabo é mó boi, difícil é viver no inferno
E vem a tona
Que o mesmo império canalha, que não te leva a sério
Interfere pra te levar a lona
Revide
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes, que nem devia 'tá aqui
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nóiz?
Alvos passeando por aí
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência
É roubar o pouco de bom que vivi
Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Achar que essas mazelas me definem, é o pior dos crimes
É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Aí, maloqueiro, aí, maloqueira
Levanta essa cabeça
Enxuga essas lágrimas, certo? (Você memo)
Respira fundo e volta pro ringue (vai)
'Cê vai sair dessa prisão
'Cê vai atrás desse diploma
Com a fúria da beleza do Sol, entendeu?
Faz isso por nóis, faz essa por nóis (vai)
Te vejo no pódio
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

domingo, 29 de dezembro de 2019

Pode Se Achegar

Dezembro




Dezembro


1
De acordo com a medicina chinesa no pulmão mora a tristeza
que o afeta claramente.
Meus pulmões gritam e eu nem sabia dessa minha habilidade escondida;
respiro profundamente
sem conseguir disfarçar a surpresa de ter sido descoberta.
Não pareço triste diz o doutor na tal ciência, eu sei,
e agora sei para onde vão as muitas lágrimas adultas escondidas:
o que não sai pelos olhos
anda a inundar-me
os pulmões.


2
As pequenas pernas não sabem caminhar
Elas correm
Correm apressadas para aproveitar o dia
sem saber que elas têm tanto tempo; o tempo todo de uma vida
eu caminho apressada atrás delas
corremos juntos
rimos juntos de tudo o tempo todo
como se a graça fosse parte intrínseca da vida.
Ela o é.
Nós, com nossas aldultices agudas, nos esquecemos disso.
Somos estúpidos!
Rio com meus pequenos a ignorar a seriedade da vida:
À merda com as chatices e o bom senso,
estou para as criancices como se
começasse mais uma vez
a minha vida.
Respiro feliz.




quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Love Amor Amour




Para Mima

Mima, você faz-me muita falta; toda a falta de uma vida. Falta que em dezembro se aconchega dentro do peito e aperta mais. Abraço de tamanduá. Sabe Mima, sempre soube que um dia você não estaria mais aqui, contudo, nunca percebi o tamanho imenso da falta que faria. Estas saudades que por cá moram há alguns anos são colossais e causam em mim reações adversas: choro mais do que antes, feito criança, e ao mesmo tempo, sinto-me tão mais velha depois que você se foi. Sinto que tenho que ocupar, um pouco, o espaço que era seu e, sendo assim, deixei de ser uma menina.

A única coisa boa de tudo isso é que você não está aqui para ver as mazelas às quais somos capazes. Ser humano é bicho muito difícil de entender; e perdoar às vezes. E a verdade e que com o passar dos anos fica mais complicado e pesado ver a capacidade para o mal que persiste em nós. Não entendo, não consigo entender. Então, sinto um conforto danado toda santa vez que penso, “ainda bem que a Mima não está aqui para ver isso”. Não te quero triste.

Bom, também não quero tagarelar demais. Eu só queria dizer que sinto tantas saudades de ti como sempre e pedir desculpas por eu ter andado tão calada. Ando preguiçosa e pensativa; só isso. Porém, te amo desde sempre e para sempre; profundamente.

Mima, por inúmeros motivos, quando vi este filme achei-o a sua cara: alegre, colorido e cheio de carinho. Lembrei de você e de tudo que passamos; do quanto te amo e do quanto você me ama também. Então, ele é seu presente de Natal. Feliz Natal, mãe. Fica com Deus, mas se der, pode dar um pulinho por cá. Será bem-vinda.

À Mima.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Aí Sim






O Seu Amor Sou Eu
Marcelo Jeneci

Sei que digo coisas sem sentido
com palavras habituais
é assim que sai
devo admitir tenho sofrido
mas não quero sofrer mais
meu mundo, cai não cai
são seus, sinais

sigo no entanto decidido
a tentar mais uma vez
dizer e ouvir
mesmo desse jeito, meio aflito
creio que vou conseguir
fazer, você, sentir

que uma paixão desse tamanho
quando aumenta
pode até explodir

o seu amor sou eu
sou eu
sou eu

nada na medida
minha vida indefinida
perde o dom
de ser sutil
vejo que não tem outra saída
a não ser sobreviver
ao caos, ao frio e as noites
mal dormidas
com as dúvidas que negam o que tem que ser

o seu amor sou eu
Sou eu
Sou eu


Retorno




Retorno


Retorno, torno, dou uma volta no meu eixo

e deixo de ser eu mesma

para ser quem fui

No final e depois de tanto tempo

volto ao começo; recomeço

sem evolução

Sigo, então?

Sigo,

não há nada para além de seguir em frente, linha reta

e peito aberto sem medo                                                             (fato)

da imensidão vazia que me abre os braços.

Retorno.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Mi Neruda





Soneto 22
Cuántas veces, amor, te amé sin verte y tal vez sin recuerdo,

sin reconocer tu mirada, sin mirarte, centaura,

en regiones contrarias, en un mediodía quemante:

eras sólo el aroma de los cereales que amo.

Tal vez te vi, te supuse al pasar levantando una copa

en Angola, a la luz de la luna de Junio,

o eras tú la cintura de aquella guitarra

que toqué en las tinieblas y sonó como el mar desmedido.

Te amé sin que yo lo supiera, y busqué tu memoria.

En las casas vacías entré con linterna a robar tu retrato.

Pero yo ya sabía cómo era. De pronto

mientras ibas conmigo te toqué y se detuvo mi vida:

frente a mis ojos estabas, reinándome, y reinas.

Como hoguera en los bosques el fuego es tu reino.


Sed de ti.
Sed de ti me acosa en las noches hambrientas.

Trémula mano roja que hasta su vida se alza.

Ebria de sed, loca sed, sed de selva en sequía.

Sed de metal ardiendo, sed de raíces ávidas...

Por eso eres la sed y lo que ha de saciarla.

Cómo poder no amarte si he de amarte por eso.

Si ésa es la amarra cómo poder cortarla, cómo.

Cómo si hasta mis huesos tienen sed de tus huesos.

Sed de ti, guirnalda atroz y dulce.

Sed de ti que en las noches me muerde como un perro.

Los ojos tienen sed, para qué están tus ojos.

La boca tiene sed, para qué están tus besos.

El alma está incendiada de estas brasas que te aman.

El cuerpo incendio vivo que ha de quemar tu cuerpo.

De sed. Sed infinita. Sed que busca tu sed.

Y en ella se aniquila como el agua en el fuego

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Vaga




Vaga

Minha alma não é minha
e a mim não me pertence desde que por gente
me compreendo
isto cá está errado
sim, há algo de muito errado comigo
tão errado que não sei dizer
digo
o saber do que se trata essa mania de me fugir a alma
me escapa
o que pode ser contado
e sobre um tal incômodo ingrato que me rói as tripas
e sobre a certeza de que em mim não cabe
a alma que é minha
por cá fica o incomodo de não saber
por onde ela vaga
se ela vaga errática como o pensamento
ou se tem casa alheia,
talvez
talvez, é verdade, ela não chegue a existir e seja
apenas
a vã tentativa de dar a esta vida uma certa importância
que ela não tem
importantes são as estrelas
eu sou grão de pó e finjo
existir


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A Blast from the Past



A Blast from the Past

Novembro chegou ao final e 2019 está a arrumar suas malas para despedir-se também. Amém! Eita ano difícil, cheio de estorvos aboletados pelo nosso caminho como se alguém os tivesse convidado para a nossa festa, sem cerimonias. Verdade seja dita, nem tudo foi drama, como tudo não são flores sempre para todo ser que respira; c’est la vie! Contudo, o fato é que o final deste ano está sendo aguardado por mim como presente de Natal. 2020 será meu presente este ano.

Bom, fim de ano para nós do lado sul do planeta significa também fim de Campeonato de Futebol, e a bola está a se despedir dos campos um tanto melancólica já que nós, brasileiros, não a temos tratado muito bem durante o ano todo; e nisso inclui-se o Corinthians, o meu eternamente melhor time do mundo, sempre. Afinal, isso de imparcialidade não é assim a qualidade mais cara aos aficionados, certo?

Neste ponto, Blast from the Past particular, vejo-me a torcer, sem grande paixão, mas de verdade, para o Flamengo no final da Libertadores. Não, nunca fui, e não sou torcedora do Flamengo. Contudo, na minha primeira infância, e devido ao hábito de assistir ao futebol com meu pai, eu vibrava com o Zico; o Deus da bola em campos brasileiros então. Meu primeiro ídolo do futebol foi Zico e não Pelé que já não jogava bola. Afinal, como pode uma criança não se encantar com um Deus da bola? Não pode. Sou fã do Zico.

 Zico chegou antes de Sócrates, meu ídolo maior no futebol, homem de talento nos pés e na cachola, e, por isso, há desde sempre em mim uma simpatia grande pelo Flamengo. Torci de verdade, gritei e vibrei com os gols quase milagrosos no final da partida como deve ser quando se torce. Apenas não gostei muito de ver que os tais gols foram marcado pelo tal Gabi Gol. Por este não nutro simpatia alguma. C’est la vie 2!

Flamengo venceu e me parece que o Senhor Jorge Jesus provou-nos que estamos a esquecer como se deve tratar a bola. Quem diria!? Um tuga a reinar na terra do futebol deixa claro que tanto na bola, quanto em todo o etc e tal, tamanho não chega a ser documento se não formos competentes. E não o temos sido; ponto. Parabéns ao Seu Jorge, que além de competente, mostrou-se sensível ao receber o título de cidadão carioca. Jesus chorou emocionado na TV, uma de suas avós era brasileira e ser reconhecido por aqui parece ter um peso para ele que eu não entendia até então. Hoje sou mais fã desse Senhor, meu inimigo em campo, mas que mesmo assim tem toda a minha admiração.

Futebol é uma paixão, verdade. Contudo, ele não tem e nunca terá nenhuma relação com a violência e o ódio gratuito e sem sentido. Ódio e violência são o oposto da filosofia de qualquer esporte que prevê um embate justo fundado no talento, na dedicação e no respeito pelo adversário. Violência é coisa de turba ignorante, de gente fraca da cabeça e, com certeza, doente do pé.

p.s. O texto começou a ser escrito na semana passada. Contudo, na terça-feira à noite, uma menina de 15 anos, torcedora do Cruzeiro, foi espancada por torcedores do Atlético Mineiro na saída de uma partida de voleibol em Betim. Um absurdo e uma vergonha. Senti-me mal ao ouvir o fato pelo rádio do carro, afinal, como pode isso ter acontecido? Que tipo de gente é essa que se junta em bando para bater numa menina? A menina está no hospital e o final do texto tomou um rumo um pouco distinto daquele pensado anteriormente. Seja lá como for, me parece que nós é que deveríamos nos sentir profundamente emocionados com a ajuda de seres pensantes de além mar. Já que nós, ao que parece, estamos deixando de pensar. O Brasil está a se tornar um país muito triste para mim.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

domingo, 1 de dezembro de 2019

Víbora



Víbora



Teria sido bem melhor se você tivesse nos contado tudo
A gente aqui esperando você falar alguma coisa
E você aí, bem na nossa frente mudo
A gente nunca esperou isso de você
Essa coisa esquisita de fcar em cima do muro
Até parece premeditado, fake, feito de propósito
Que você mudou de lado, juro
Até parece máscara, ópera, víbora
Mas é só você
Que tem o dom
De me enganar
Me seduzir
Me desdobrar
De me cuspir
Só pra me obter
Metade homem, metade omisso
Uma parte morta, outra parte lixo
O teu cheiro, a tua trama, a tua transa
Hoje eu não vou querer
Até parece máscara, ópera, víbora
Mas é só você
Que tem o dom
De me enganar
Me seduzir
Me desdobrar
De me cuspir
Só pra me obter
Metade homem, metade omisso
Uma parte morta, outra parte lixo
Não sou moura torta, macabea, poliana, franciscana
Nada pra você
E você é um equívoco

Tulipa Ruiz