quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A saga ínfima da borboleta



A saga ínfima da borboleta

Ana achara bonito ser borboleta a encantar aos olhos de quem ao longe a observava. Havia algo de poético em todo o mistério daquilo que não se poderia ter em tempo algum. Algo que desde a distância se admira mas que, apesar de todos os poréns e os entretantos que as mentes criativas possam imaginar, jamais se poderia ter. Algo raro; algo delicadamente caro.

E assim, munida de muitas cores, a menina deixou-se levar pelas luzes da lamparina que ao longe ela acreditava encantar. Voos acrobáticos e poemas desleixados; com toda a coragem do mundo contida em poucos centímetros de um pequeno ser alado, Ana aceitou, sem qualquer pudor, todos os sentimentos que sentia.

Sem necessidade alguma de uma qualquer comprovação que à lógica muita falta faria, quiçá porque a lógica não pertença, por essência, ao “métier” do existir das borboletas. Ana, transformada pela sua experiência kafkiana tropical, caminhou, mulher-borboleta, em direção à luz sem piscar; atenta e enlevada.

Por anos, em sua busca que em muito às cruzadas se assemelhava, a borboleta atravessou florestas, sobrevoou montanhas, cruzou o mar e perdeu-se por ruas de cidades por ela desconhecidas para enfim, depois de muito querer, próxima à luz estar. Encantadora luz que de perto ainda mais a encantava, tão rara.

Porém, transformada em borboleta, durante a longa jornada a menina não percebera claramente o que ali se passava. Ana ignorou a todas as regras e leis que a natureza da realidade nos mostra a todo instante e todo santo dia.  A borboleta, para a luz, não seria, jamais, nada para além do que ela veramente era: apenas um inseto bonito que, por instantes se admira antes de seguirmos, sem apegos, adiante.


terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sina




Sina
                                                                  de Djavan por Arnaldo e Rincon 

Pai e mãe, ouro de mina
Coração, desejo e sina
Tudo mais, pura rotina, jazz
Tocarei seu nome pra poder falar de amor

Minha princesa, art-nouveau
Da natureza, tudo o mais
Pura beleza, jazz

A luz de um grande prazer
É irremediável neon
Quando o grito do prazer
Açoitar o ar, réveillon

O luar, estrela do mar
O sol e o dom
Quiçá, um dia, a fúria desse front
Virá lapidar o sonho
Até gerar o som
Como querer Caetanear
O que há de bom

domingo, 16 de dezembro de 2018

Afogada



Afogada


Submersa num oceano de gentes
te encontro
hipoteticamente. Num canto à esquerda do carro do metrô
estás recostado na parede de metal a pensar.
Sim, tu poderias muito bem estar aqui.
Não estás.
Estão milhares de pessoas que passam apressadas,
olhos nas telas de seus mundos infinitamente
individuais.
Vejo a todos os tipos de gentes que neste planeta nos representam
em poucos metros quadrados
porque minha cidade é muito maior do que o mundo que muitos conhecem.
Maior do que muitas terras,
somos mais  de doze milhões de mestiços,
homens e mulheres sem casta e
de raça indefinida somos todos tão parecidos... Únicos.
Todos mudos seguimos,
a ver a vida caminhar unidos pelos democráticos tuneis de concreto.
Imagino como será a vida de cada um deles, o que fazem,
se me veem.
Eu, provavelmente, nunca mais verei a qualquer um destes rostos
alguma vez mais e,
mesmo assim,
me interessa tanto observá-los e guardá-los delicadamente na minha memória.
Eles são parte de quem sou eu; a minha realidade
e me invadem a alma curiosa,
observadora,
calada.
Invadem minha alma e ela se afoga com a enchente de gentes.
Enchente que contrasta
cinicamente com a secura da tua ausência perene.
Sim, poderias estar aqui.

domingo, 9 de dezembro de 2018

Se Eu Fosse Eu




Quando eu não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar, diria melhor SENTIR.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser movida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida.

Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu e confiaria o futuro ao futuro.

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.

No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teriamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos emfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando, porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais

Clarice Lispector



segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

TU





Tu
Tulipa Ruiz

Tu
Tudo não passa de um ponto de vista
Toda pessoa que fala e que pisca
Quando o sujeito tá ali
Mesmo no outro você é capaz de sentir

Tu
Quando a gente - tá na diferença
E o diferente não faz diferença
Quando é possível sortir
Tu é total tentativa de coexistir

Tu
Sempre que pinta na história você
E também é tudo que você vê
A gente pode assumir
Tu é o outro do outro que ainda vai vir

Tu
Tania Tais Turmalina Tatu
Tati Tetê Terezinha Tabu
Dorothy Amora Dercy
Tu é palavra importante pra gente aplaudir

Tu é palavra importante pra gente aplaudir
Mesmo no outro você é capaz de sentir
Tu é total tentativa de coexistir
Tu é o outro do outro que ainda vai vir
Tu

domingo, 2 de dezembro de 2018

Dezembro - bye bye 2018



Dezembro - bye bye 2018

2018 não foi um ano fácil, não senhor. Não foi o pior dos anos para mim, e sobre isso tenho toda a certeza do mundo também. 2015 foi o ano mais difícil da minha vida até o momento, apesar de ser o ano do nascimento da minha Vitória e dela ser uma alegria imensa nessa vida. Ela é um azougue de menina pequenina. Amo-a, como amo a todos os meus miúdos: de forma única e com igual intensidade.

Porém, o fato é que em 2015 perdi mais do que deveria ter perdido; mais do que qualquer um deveria perder. Mima foi embora e eu, finalmente e depois de muita teimosia, aceitei que o amor desta vida ficaria para uma outra. Agora é rezar para que isso de reencarnação realmente seja um fato quando chegar minha vez. Sinto muito saudade dos dois, de nossas conversas e da intensidade dos sentimentos que eles traziam para mim. Bom, eu topo pagar para ver quando for o tempo certo sem qualquer medo, apenas curiosidade.

Apesar de não ter sido o ano mais difícil de todos, 2018 tem sido deveras atribulado, cheio de curvas; um senhor dono de altos e baixos surpreendentes. Um ano à la montanha-russa que tem me desafiado e me estressado com todas as suas novidades, com toda a mudança que aconteceu na minha vida, na vida da família e dos amigos, no meu país.

Inesperadamente 2018 provou ser um ano mais longo do que o normal e, pelas minhas contas, deve estar a durar uns 437 dias com direito a poucos domingos e feriados. Por isso, sem arrependimentos, alegro-me com a chegada de dezembro; mesmo sabendo que o tal do 2019 não será mar de águas tranquilas.

O fato é que creio piamente que o próximo ano será um importante passo para frente para todos nós. E espero que sigamos por ele de maneira mais firme e sem muito atropelo. Assim, para variar um pouco, nada de presentes comuns para mim este ano. Já me adiantei e pedi ao Papai Noel um bom bocado de sossego e bons vinhos para os dias intranquilos. Que o Natal chegue!

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Silêncio




SiLêNCio


O silêncio invadiu estrondosamente o espaço

ao qual eu chamo

universo

azul e plácido ele reina

e me olha de soslaio enquanto costuro os retalhos

do que fui

não sou mais

não sei mais ser eu mesma e, em silêncio,

me desconheço

te desconheço

e a passos lentos começo reconhecer

a conhecer essa que não sou eu

mas quem, em pouco tempo,

eu serei

invade-me o azul silêncio

oceano

oco

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Miúdos meus



Miúdos meus

Fábio, Lucas, Giovanna e Pedro;
Diego, Bianca, Nicolas,
Vitória
e pelos últimos dias a habitar a terra
de olhos ainda tímidos, Miguel.
Quase impossível dizer todos os nomes
daqueles que à minha vida trazem um sentido antes desconhecido
sem uma pausa para um suspiro.
São eles os donos do amor desta vida para todo o sempre amém,
o amor que sempre fará sentido;
gratuito,
bonito,
com gosto de sorvete de chocolate e, no cinema,
muita pipoca
e uma enchente de risos.
Como disse muito bem dito o paternal Vinícius:
Filhos... Filhos? Melhor não tê-los!
Mas se não os temos como sabê-los?
Eles me sabem tão bem!
Tenho os meus filhos de coração e assim, para mim, eles são
 a alegria sem hora e  a gargalhada sem razão;
com toda a razão.
O carinho a todo momento e as conversas sobre
a vida que se constrói ao meu lado, sob as minhas vistas.
Meus olhos sorriem;
Sorriem sempre que percebem qualquer um dos meus miúdos perto de mim,
e dia de uma porção deles é dia de festa,
feriado nacional decretado por Deus
para que eu seja
feliz.





quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Latinoamérica


En tiempos en los cuales oímos tantas tonterías al respecto de nuestra identidad, no podemos olvidarnos que somos latinoamericanos: Un pueblo mesclado y esta es nuestra gran cualidad.



Latinoamérica
Calle 13

Soy, soy lo que dejaron
Soy toda la sobra de lo que se robaron
Un pueblo escondido en la cima
Mi piel es de cuero, por eso aguanta cualquier clima
Soy una fábrica de humo
Mano de obra campesina para tu consumo

Frente de frío en el medio del verano
El amor en los tiempos del cólera, ¡mi hermano!
Soy el sol que nace y el día que muere
Con los mejores atardeceres
Soy el desarrollo en carne viva
Un discurso político sin saliva
Las caras más bonitas que he conocido

Soy la fotografía de un desaparecido
La sangre dentro de tus venas
Soy un pedazo de tierra que vale la pena
Una canasta con frijoles, soy Maradona contra Inglaterra
Anotándote dos goles

Soy lo que sostiene mi bandera
La espina dorsal del planeta, es mi cordillera
Soy lo que me enseñó mi padre
El que no quiere a su patría, no quiere a su madre
Soy américa Latina, un pueblo sin piernas, pero que camina
¡Oye!

Totó La Momposina
Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor

María Rita
Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Totó La Momposina
Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor
Susana Bacca
Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Calle 13
Tengo los lagos, tengo los ríos
Tengo mis dientes pa' cuando me sonrio
La nieve que maquilla mis montañas
Tengo el sol que me seca y la lluvia que me baña
Un desierto embriagado con peyote
Un trago de pulque para cantar con los coyotes
Todo lo que necesito, tengo a mis pulmones respirando azul clarito

La altura que sofoca
Soy las muelas de mi boca, mascando coca
El otoño con sus hojas desmayadas
Los versos escritos bajo la noches estrellada
Una viña repleta de uvas
Un cañaveral bajo el sol en Cuba
Soy el mar Caribe que vigila las casitas

Haciendo rituales de agua bendita
El viento que peina mi cabellos
Soy, todos los santos que cuelgan de mi cuello
El jugo de mi lucha no es artificial
Porque el abono de mi tierra es natural

Totó La Momposina
Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor

Susana Bacca
Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Maria Rita
Não se pode comprar o vento
Não se pode comprar o sol
Não se pode comprar a chuva
Não se pode comprar o calor
Não se pode comprar as nuvens
Não se pode comprar as cores
Não se pode comprar minha'legria
Não se pode comprar minhas dores

No puedes comprar el sol
No puedes comprar la lluvia
(Vamos caminando)
No riso e no amor
(Vamos caminando)
No pranto e na dor
(Vamos dibujando el camino)
No puedes comprar mi vida
(Vamos caminando)
La tierra no se vende

Trabajo bruto, pero con orgullo
Aquí se comparte, lo mío es tuyo
Este pueblo no se ahoga con marullo
Y se derrumba yo lo reconstruyo
Tampoco pestañeo cuando te miro
Para que te recuerde de mi apellido
La operación Condor invadiendo mi nido
Perdono pero nunca olvido
¡Oye!

Vamos caminando
Aquí se respira lucha
Vamos caminando
Yo canto porque se escucha
Vamos dibujando el camino
(Vozes de um só coração)
Vamos caminando
Aquí estamos de pie
¡Que viva la América!
No puedes comprar mi vida

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Sobre a Esperança







Sobre a esperança


Espero estar equivocada

Sobre

O que vem por aí,

O que me contam meus instintos.

O que me canta ao pé do ouvido, consternado,

o meu grilo verde pálido.

Espero estar errada como a Lua que redonda e nua

Vaga boiando no infinito azul do céu de Jobim;

Céu que já foi mais claro

Em dias nos quais quem ditava as regras não era o capitão do mato.

Espero, porque depois de tudo decidido não há mais

Como olhar para trás;

Voltar.

Escrita a história do meu país a ferro e fogo,

Não a giz.

Espero, enquanto, reticente,

Leio as linhas que juntos
                                                         e apartados ao mesmo tempo,

Escrevemos.

domingo, 21 de outubro de 2018

O Golaço inesquecível que não existiu





O Golaço inesquecível que não existiu

Não foi um bom ano para mim e os meus se o prisma futebolístico for colocado em pauta; não senhor. Desmontado e remontado algumas vezes este ano, meu time à la Frankenstein, produziu muito pouco todo remendado. Não poderia ser diferente já que desde todo o sempre, amém, o segredo de todo bom time de futebol é ter um bom conjunto: defesa forte, meio de campo inteligente e ágil, ataque eficiente. Pois, o meu Timão, dando poucas razões para a alcunha ultimamente, depois de tanta mudança anda trançando as pernas e raramente consegue chegar ao gol.

Sendo assim, numa situação tão desfavorável para mim e meu esquadrão, ver que conseguimos chegar ao final da Copa do Brasil foi algo inesperado. E, mesmo sem a crença necessária na nossa vitória, principalmente depois de sair atrás no placar no jogo em Belo Horizonte, Corinthians e Cruzeiro em casa, último jogo da Copa, tinha chances, mesmo remotas, de ser uma grande noite para o meu bando de loucos e crentes no poder de nossa camisa e na proteção de São Jorge.

E, apesar de um começo difícil, aos 7 minutos do segundo tempo um pênalti a nosso favor. Empate com gostinho de esperança; podíamos fazer algo ainda. Aos 24 minutos, golaço de Pedrinho de fora da área, diante dos meus olhos, bem na minha frente. Êxtase! Lucas e eu festejamos verdadeiramente emocionados com a quase certeza de que seriamos campeões. Pulamos, gritamos, nos abraçamos e festejamos com os desconhecidos da mesma nação como se fossemos velhos conhecidos. Tínhamos uma boa chance e no segundo tempo estávamos mostrando que a tal vitória não seria tão impossível assim.

Porém, contudo e todavia, golaços também podem não valer nada. E o nosso, o do Pedrinho, foi lindo, perfeito e feito obra prima sem nenhum defeito. Pois, não foi bem assim. O tal VAR apontou uma falta do pequeno Jadson contra o gigantesco Dedé anulando o gol. Dedé grande não apenas em tamanho, mas também em qualidade de futebol, havia caído ao chão devido ao choque da mão de Jadson. Dedé grande e malandro, caiu porque tinha que cair sendo tocado pelo pequeno JD em tal situação; e ele foi realmente colossal na partida defendendo seu time. Mas... Mas anular o gol mais bonito que fizemos nos últimos tempos foi mesmo uma maldade da tal modernidade dos árbitros de vídeo no futebol.

O Gol inesquecível não valeu nada e, com certa razão e um toque de justiça futebolística, não fomos campeões. Eu, que por minha parte não esperava ser campeã, fiquei magoada, sentida mesmo, por terem, assim, sem muito pudor, tirado um gol tão lindo e festejado por nós; por mim. O gol inesquecível que, pelas regras, não existiu.




quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Caminhos paulistanos



As ruas da minha
cinza cidade
terra da garoa em tempos de pouca chuva
a bela de poucas palavras
que esconde seus amores atrás de muros
e pelas vielas
vamos
Sampa na música do menino Leandro

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O vinho




O vinho

Levanto a taça de vinho
Brindo
aos tempos desimportantes que temos
(que tivemos)
Contas pagas e pouco dinheiro no banco
dão me a certeza de que quando o fim do mundo vier
o meu quinhão de paraíso não estará garantido
o céu é para aqueles que nadam nas moedas
eu apenas as vejo passar
anos incríveis
anos difíceis
os anos passaram a observar por onde eu ia
e nem tiveram a decência de assoviar para que eu não dobrasse
errada
aquela esquina; anos insensíveis.
Um brinde aos nossos descaminhos!
Gosto do caminho que faço
(dos caminhos que fiz)
apesar do meu eterno descontentamento comigo e contigo
com tudo
e dessa mania irritante de querer mudar
de lugar; de lar
Queria ser árvore, sequoia centenária
feliz de estar plantada estática no mesmo lugar,
mas sou nuvem nada densa
inconstante
que vaga encantada com toda a paisagem
com o caminhar
Parece-me que o desassossego do meu poeta querido quedou-se um
bocado comigo pois
azul é a minha cor, sempre o foi
e assim,
desde menina,
algo parecia faltar-me
ou sobrar-me
um mundo infinito que existe apenas na minha cabeça
existe muito maior do que todos os planetas do sistema
e, por dentro,
lagarta esfomeada, vai roendo o meu juízo
e levanto minha taça
a um brinde sem qualquer motivo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

"Eu Já Não Sei"





Eu Já Não Sei
António Zambujo

Eu já não sei
Se fiz bem ou se fiz mal
Em pôr um ponto final
Na minha paixão ardente
Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente

Quando te vejo e em sonhos sigo os teus passos
Sinto o desejo de me lançar nos teus braços
Tenho vontade de te dizer frente a frente
Quanta saudade há do teu amor ausente
Num louco anseio, lembrando o que já chorei
Se te amo ou se te odeio
Eu já não sei

Eu já não sei
Sorrir como então sorria
Quando em lindos sonhos via
A tua adorada imagem
Eu já não sei
Se deva ou não deva querer-te
Pois quero às vezes esquecer-te
Quero, mas não tenho coragem

Sobre a nossa guerra infinita...




Sobre a nossa guerra infinita...

Eleições em meu país, o tal das bananas, coqueiros e samba; aquele que não se leva a sério mesmo quando a situação é grave. Pois, parece que não nos levamos a sério mesmo, como se isso fosse característica primordial do que vem a ser brasileiro. De um repente a angústia nos toma de assalto, já que parece que corremos em direção a um abismo gigantesco. Bom, não a todos nós, tupiniquins de nascença, pois há os que acham bom, bom demais, que o Sr. Jair seja o próximo presidente deste país. Para mim, e para muitos dos meus, esperar que algo de bom venha desse senhor é como aceitar que a solução de Thanos para salvar o mundo seja plausível e boa. Ou seja, que para salvar o mundo devemos primeiro destruir a metade dele.

Final do primeiro turno das eleições e estamos nós entre o fogo e a frigideira a ter que escolher para nosso futuro presidente entre dois homens que se intitulam salvadores da pátria-amada, ou o representante dele; salve salve Brasil. Santos do pau-oco de discurso populista e frágil quando posto à prova, e que faz pouco ou nenhum sentido; estes senhores nos pretendem nos levar à terra prometida: aquela que não existe. E o fato é que muito provavelmente nos perderemos a vagar pelo deserto.

Eu, por minha vez, já apertei o botão de alerta e o modo depressão on vigora. Aquele cujo nome não deve ser pronunciado, pelo que tudo indica, será o presidente do meu país. (E o Senhor Trump ganha um upgrade aos meus olhos, pois nós conseguiremos eleger um senhor muito mais absurdo do que ele para nos governar. Que vergonha!)  Então, a partir de 2019 em nome da família e dos bons costumes muita desgraça poderá ser feita e a violência será a solução para a paz em Terras Brasilis. “Às armas Brasil!”, deve ser o novo-velho slogan que nos guiará e as roupas camufladas estarão mais uma vez na moda pelas ruas.

E o outro candidato, aquele que representa o salvador dos salvadores, pode ganhar as eleições, não pode? Pode. Contudo, isso não fará diferença alguma para além da cor com a qual pintamos os nossos exércitos. A nossa frágil e jovem democracia corre risco de ser ferida de morte e por cá, no mundo real, não há Stan Lee ou seus heróis. Pare o Mundo que eu quero descer!

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

domingo, 30 de setembro de 2018

meu mundo





 meu mundo



um mundo que aos poucos e sem descanso

deixa de ser meu

ou nosso

dobramos errado n'alguma esquina

e perdidos vagamos

zumbis dormidos disfarçados de seres humanos à la walking
dead

seguimos num mundo paralelo

desumano

em nosso Apocalipse moderno

sem direito a perdão ou ressureição

o dinheiro grita e não nos escutamos

os extremistas gritam e não enxergamos

já não percebemos que pertencemos a mesma espécie de gente

que dentro de todos o sangue é vermelho e quente

que há ossos e carne

e uma alma

retalhada por tiros de AR-15

balas perdidas que encontram todas as gentes.

domingo, 23 de setembro de 2018

Nada







Nada

Como se tudo fosse assunto antigo, o mundo para mim anda a apresentar-se repetitivo e desinteressante. Nada inspirar-me como dantes. De um repente, sem eu saber dos porquês e sem senões converti-me em mera observadora de tudo que passa sem paciência para as tragédias ou apetite para as tramas. O fato é que cansei-me de tudo.

Cansei-me das discussões acaloradas e de lutar por aquilo que penso ser o certo, cansei-me da crença e da busca sem descanso por um sentido real e verdadeiro para a vida. Direitos iguais, a busca por um mundo mais justo para todos, e todo o etc. e tal que acompanha àqueles que gostariam que vivêssemos em sociedades que não privilegiassem poucos, tais coisas não existem e nunca existiram para além da nossa parca e vã capacidade de compreender a realidade. O mundo pertence aos que têm dinheiro e ponto final.

Então, seja porque assim a idade pede-me, pois que a todos chega a idade da descrença e do cinismo, seja porque os que mandam nesse mundo andam descarados num grau superlativo e batem, sem dó nem piedade, forte demais, nas nossas ilusões. A verdade é que toda e qualquer solução proposta por qualquer um que tenha o poder e o dinheiro ao seu lado soa-me como uma falácia construída para nos distrair. Um imaginário mundo de promessas que nunca se realizarão.

Aqui em Terra Brasilis, no meu quintal, tudo anda de mal a pior, e andamos a descer a ladeira sem direito a freios; descontroladamente. Em alguns dias teremos eleições neste país onde a única coisa que parece ter evoluído sem direito à marcha à ré é o tamanho da violência com a qual convivemos. Estamos em guerra, armados de fuzis e bombas a assassinar toda e qualquer possibilidade de futuro. E eu, como muitos aqui, votarei sem esperar que nada mude, pois parece-me que o nada é tudo que nos resta.


Em alto e bom som


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Entretenimento? - Música Universalmente Individual



Música Universalmente Individual

Entretenimento?, o novo disco do Senhor Carlos Nobre, a.k.a Carlão, nasceu no último dia 14 ainda antes de o dia amanhecer. Boa música veio ao mundo neste data para a alegria dos ouvidos de muitos e para o completo deleite dos meus olhinhos que, depois de tantos anos, (quase 10 deles!), continuam a encantar-se profundamente com as letras e as palavras deste tuga que a mim me fez apaixonar-me pela música lusa e pelo país que, até então, não figurava no mapa do meu mundo particular.

Sem poder ser imparcial, pois que a imparcialidade não será jamais companheira da paixão, Entretenimento? traz consigo o melhor do gênero e cumpre com esmero as funções da arte: catarse com direito a reflexão existencial e divertimento num só pacote. Pois, Entretenimento?, assim agarrado a um ponto de interrogação, nos encara de frente a questionar-nos sobre a frivolidade da existência humana moderna. Afinal, tudo vale a pena se, e apenas se, a alma não for pequena, não?

Muito para além do Bojador, Carlão definitivamente lançou-se ao mar e ao mundo no novo disco. Muito menos introspectivo, renascido depois do mergulho em seu mundo particular nos Algodões e da reflexão sobre si próprio em Quarenta, neste disco, apesar de sua escrita refletir essencialmente o homem Carlos, vemos que ele anda a olhar para mais além no horizonte.

Carlão definitivamente mostra que não é um MC, e sim um inteligente e poético representante da música popular portuguesa moderna. Um artista a ressaltar as qualidades únicas de tudo que nasce de misturas e por isso faz-se único, afinal o que é mestiço é diferente do “normal”, sobressai no e do meio e mostra-se impossível de copiar.  

Sendo assim, em Entretenimento? encontramos toques de Bossa Nova, reflexos do Fado, dicas de Hip-Hop, música eletrônica e tudo aquilo que o Seu Carlos sentiu fazer sentido cantar. No dia 14 de Setembro nasceu uma obra única e que está cá fora para ser ouvida com atenção. Eu de minha parte elegi as minhas favoritas: Entretenimento - Cerejas, Só isso – Repetido – Bebe um Copo – Na Margem -  Foge de Mim, (nesta ordem). Mas essa é uma seleção minha, mui particular e não vale para os outros o que para mim valerá, afinal no mundo musical universalmente particular de Carlão cada um tem o direito de criar um país só seu.






quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Jogo sem Rima



Jogo sem Rima

Leio poesia enquanto assisto
Silenciosa
a uma partida de futebol.
Nenhum gol no horizonte e nenhuma emoção mais forte nas letras,
melhor assim;
que assim seja!
Enquanto a vista direita deita-se na página - preto no branco dançando,
o olho esquerdo esforça-se para acompanhar a bola,
Maltratada,
a correr com sofreguidão pelo gramado verde.
Resta pouca poesia no futebol nos campos da minha terra,
falta-nos vocabulário e graça,
e sem ritmo e rima,
minguada, suspira sem fôlego a ginga.
Sobra, então,
para a completa tristeza do olho esquerdo,
um atropelamento de palavras que nada comunicam.
Passes infrutíferos,
dezenas de cruzamentos mudos
e a minha defesa a gritar em alto e bom tom: aqui não!
Como começou tudo termina e o placar embalado pela ode à inércia
Cochila.
O meu time venceu.

domingo, 9 de setembro de 2018

#Demasia




Compra caro e mostra tudo,
é Natal e entrudo
tou-te a ver por um canudo
Não me iludo, e contudo
se eu assisto ao desfile
não me fecho nesse deal
como um cão no canil
O rei vai nu
Diz-me tu
que vudu
faz que um homem fique cego
Diz-me tu
quem és tu
Gabiru
que em vez da vida
muda o espelho
Morre novo
e mata o velho
Sem um credo
ou evangelho
bicos de pés
sempre a ver se estás
bonito na fotografia
Tanta pose todo o dia
cheira-me a posologia
#demasia
É tudo imagem, ideia e conceito
até encenas a falha, o aparente defeito
A prever o efeito
em cada gesto proveito
Admiro o teu jeito
espontâneo nem o trejeito
O mundo gira e tu atrás
Sempre a ver se se estás
Bonito na fotografia
Toda a hora todo o dia
#demasia

Cirurgia plástica 24 por 7
direto na net
aquele act no react
Entretenimento é rei
E todos prestam vassalagem
Quem morreu eu não sei
Mas gostei da homenagem
A namorada é influência contratada
a namorada é influência bem tratada
Unboxing de vaidades
entre celebridades,
vê-me esse feed!
“Oh meu deus somos duas metades”
Não, são duas beldades:
o mesmo lado da moeda,
o mesmo dedo, a mesma merda,
o mesmo vírus que leveda
Um dia acaba-te essa mama,
és pouco mais que um holograma
preso na fama que enreda
Se vais com Deus no comando
e ele é pai não é padrasto
Vê se ampara a tua queda
Só que a ti ninguém arreda...
Tira só selfie com o dreada ; )
O mundo gira e tu atrás
Sempre a ver se se estás
Bonito na fotografia
Toda a hora todo o dia
#demasia

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Com vergonha de tudo e mais um pouco




Com vergonha de tudo e mais um pouco


Ando cidadã cabisbaixa, com vergonha minha, e nada alheia, de tudo que se passa na minha mui amada Terra Brasilis; meu noutros-tempos-porto-seguro. Pois, minha Pindorama, berço de gente sem muitos modos e detentora de todo o respeito por tudo que tem sentido profundo nesta vida e vale a pena, apesar de não valer muitos dinheiros, tem sofrido por demais em nossas mãos.

Feito cachorro louco, andamos alienados a tentar morder o próprio rabo e damos milhares de passos sem sair do lugar. Mergulhados numa crise gestada por nós mesmos, pela nossa maldita e crônica falta de compreensão do que vem a ser cidadania e sociedade e do quão fundamental elas são, temos visto a qualidade da existência em nosso país dar marcha à ré. Retrocedemos, à la Martin Macfly sem saber que isso era possível, para um passado mais injusto.

Pois, de futuro incerto e ameaçado, nos sentíamos um tanto desgovernados. Contudo, depois do último domingo, estamos a nos sentir total, completa e irrestritamente abandonados e à deriva num mundo desconhecido. Já sem futuro, aprendemos depois do incêndio absurdo e irresponsável no Museu Nacional no Rio de Janeiro que estamos a perder o nosso passado. E eu, como grande parte dos brasileiros, sinto-me enlutada a observar o desaparecimento do que chamo de minha nação.

Todas as obras de arte, artefatos, o conhecimento e a História perdidos no último domingo formavam parte do que somos nós desde sempre; desde antes de nos sabermos como brasileiros. No dia 03 de setembro de 2018 grande parte de nós foi apagada deste mundo sem possibilidades de volta não por falta de dinheiro como parece-nos num primeiro momento, e sim pelo descaso e pela falta de caráter de um povo e seus líderes que não dão qualquer importância à sua cultura e história.

Eu, de minha parte, sinto-me órfã como se meu país tivesse sumido do mapa e, definitivamente envergonhada de ser brasileira; a Candelária, Eldorado dos Carajás, Mariana, o Museu Nacional, a violência que nos mata todo santo dia...



sábado, 1 de setembro de 2018

mudo



mudo

Saíram em disparada, boiada em desespero,
escapando-me pelos dedos
todas as palavras.
Restaram poucas letras que não chegam
a poder
ou a querer
dizer coisa alguma que à pena
valha.
Esconderam-se as opiniões,
faleceram melancólicos os infinitos
e teimosos comentários,
empalideceu
todo e qualquer recado cheio de sentimentos
tresloucados
que um dia respirou demoradamente
dentro de  mim.
De pouca ou nenhuma serventia mostram-se
os dedos mudos
e a língua sem qualquer habilidade para o tato.
Hoje,
depois de tanto tempo passado
(dias, meses, anos...
uma infinidade de tempo a redigir uma Ode àquilo que um dia poderia ser a fantasia mais
real desta vida),
emudeço
lentamente.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Borboletas




Borboletas

Em minha casa as borboletas moram em livros
cheios de rima.
Elas alimentam-se de suas palavras
ao mesmo tempo
que as espalham pelos ares,
pelos cantos do meu apartamento que, suave, respira
ao som da poesia
feita e refeita
pelas mariposas e suas asas coloridas.
Aqui as borboletas passeiam pelos jardins de Lisboa
ao lado de Fernando;
o Pessoa.
Elas admiram desde longe as montanhas de Minas,
e as pernas das meninas que caminham por Mariana,
Tiradentes, Ouro Preto e
Itabira
ao lado do meu querido Carlos; amor desta e de
outras vidas.
Encantadas, as borboletas aqui de casa são apaixonadas pela terra,
pelas plantas pequenas e rasteiras
e por tudo que parece não ter tanta importância assim nessa terra
de meu Deus.
Elas, ao lado do Manoel feito de barro constroem
uma ode aos insetos, aos galhinhos esquecidos
e às Maria-sem-vergonhas que,
livres,
crescem sem qualquer importância à beira do caminho.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Divas




Divas


Madonna nasceu no dia 16 de agosto há sessenta anos. Pois, nunca imaginei que ela n’algum dia teria 60 anos. Não senhores. Madonna seria sempre, e para todo o sempre, jovem; pois que ela é o ícone feminino da minha adolescência, aquela que representou o que nós queríamos ser no futuro; mulheres fortes e donas de nossos lindinhos narizes. Assim somos. Bom, pelo menos, assim sou eu e muitas da minha geração.

Madonna é divina porque nos representa, através da música, naquilo que de mais caro nós, mulheres, temos hoje em dia. Desde Madonna nós sabemos que podemos ser quem quisermos, como quisermos e quando quisermos sem ter que dar satisfação alguma a qualquer ser vivente deste planeta. E, além disso de tudo isso, e mesmo sem cantar tanto assim, com muita inteligência e competência, a tal senhora tornou-se a representação viva da música popular mundial a partir dos anos 80. MDNN é diva moderna!

Neste mesmo dia sessenta anos depois, Aretha Franklin permitiu-se partir. Perdemos sua voz hoje e assim o mundo ficou mais silencioso; nós ficamos um tanto mudos sem a voz de uma mulher que representou uma parte importante da história americana e do Mundo Ocidental. Aretha cantou para pedir respeito, cantou no funeral de Martin Luther King, cantou na posse de Barack Obama. Aretha, última representante de Billie, Ella, Sarah e Simone entre nós, a divina voz adocicada e inconfundível do soul era diva à moda antiga.

Entre Aretha Franklin e Madonna há uma enorme distância, muita música diferente feita, muitos anos passados, muitos direitos adquiridos ao longo do caminho. Contudo, vendo e ouvindo Beyonce a cantar por estes dias, não há como não pensar que as mulheres e meninas de hoje são a soma destas mulheres tão diferentes; de todas as mulheres. Que nossas divas e sua música vivam para sempre. Amém!


quinta-feira, 16 de agosto de 2018

domingo, 12 de agosto de 2018

Crença...





Passaporte Para a Fé
Gabriel O Pensador

Muitos dizem que o mundo é dos espertos
Que não dá pra ninguém dormir no ponto
E com um olho fechado e outro aberto
Acordamos já prontos pro confronto
Frente a frente com o inimigo eu me vi
Era eu mesmo no espelho a refletir
Nessa guerra entre o ego e o amor
A diferença tá no preço ou no valor?
Muitos sonham, alguns fazem, poucos vivem
Muitos gritam, alguns falam, poucos dizem
Mas só quando fica tudo por um triz
É que a gente de repente entende o que o silêncio diz

É, cê pensa que sabe o que você quer
Mas quem você pensa que você é?
Seu erro pode ser um golpe de sorte
O medo pode ser seu passaporte para a fé
Não tente ser o que você não é
Esteja aqui agora onde estiver
A vida no seu peito bate forte
A vontade de viver é o passaporte para a fé

Passaporte para a fé
Passaporte para a vida
Para a morte, para onde você quer
O que será que a vida é
Um pesadelo ou um sonho?
Quem disse que nunca sonha tá dormindo em pé
Um sonho intenso é como se fosse uma prece
Então comece aceitando a paz e não o estresse
Se pudesse escolhe entre acordar, dormir, ficar, partir
Você ficava eternamente aqui?
Só quem sobe o Evereste
Desce e volta pra contar
Quem passou pela avalanche
Hoje sabe onde pisar
É, sei que a sombra entristece
Mas também anestesia
Deixe o sonho te acordar
E trabalhe, confie, confie, confie, confia

É, cê pensa que sabe o que você quer
Mas quem você pensa que você é?
Seu erro pode ser um golpe de sorte
O medo pode ser seu passaporte para a fé
Não tente ser o que você não é
Esteja aqui agora onde estiver
A vida no seu peito bate forte
A vontade de viver é o passaporte para a fé
Cê pensa que sabe o que você quer (quem é você?)
Mas quem você pensa que você é? (Quem tu pensa que é?)
Seu erro pode ser um golpe de sorte
O medo pode ser seu passaporte para a fé (você é você)
Não tente ser o que você não é (seja você mesmo)
Esteja aqui agora onde estiver (mas não seja sempre o mesmo)
A vida no seu peito bate forte
A vontade de viver é o passaporte para a fé