segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mercedes Sosa...

Una voz que no se puede olvidar jamás por su belleza...

Los niños en la calle, nunca deberíamos olvidarlos...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Hora de Gritar


De repente, pelo menos assim me pareceu daqui do Brasil, as nações árabes ou muçulmanas entraram em ebulição e, como brincadeira de dominó, ditadores que pareciam eternos estão a cair por terra e a perder seus postos e seus domínios. O povo na Tunísia, no Egito e agora na Líbia, entre outros, decidiu sair da pasmaceira e mostrar que algo precisava mudar. Claramente vimos muitos jovens, entre os 15 e 30 e poucos anos, irem às ruas para gritar numa demonstração inequívoca de seu descontentamento com a atual situação político-econômica de seus países. Saíram às ruas homens e mulheres, estudantes e professores, engenheiros, médicos e advogados decididos e dedicados a sua causa e, por dias, multiplicaram-se nas ruas e nas praças como uma onda que chega e toma todos os espaços que possa encontrar.
Para nós, aqui no ocidente, que estamos acostumados a ver-los como um povo radical e nada democrático, sempre cegos por crenças e culturas que não conseguimos compreender, tal força repentina contra o poder estabelecido causou certo estranhamento. Ainda mais quando lemos pasmos que a Internet e o Facebook serviram como meio de divulgação e aglutinação das idéias e desejos dos inconformados. E que, por tanto, a rede possibilitou todo este movimento revolucionário, simplesmente pelo fato de poder, democraticamente, comunicar tudo o que estava ocorrendo.
Ainda não sabemos qual será o desfecho que estas revoluções terão, se veremos sociedades mais justas e democráticas ou, muito ao revés, repúblicas islâmicas radicais nascerem. E, claro, torcemos para que tudo acabe bem e que a violência cesse o quanto antes. Entretanto, não podemos negar que nos dá certa inveja toda esta força mostrada por estes povos e nos perguntarmos: por que não lutamos por nossos direitos e ideais como o fazem eles? O que é necessário para que um povo se una para exigir que sua nação seja mais justa? Falta-nos um ditador sanguinário ou uma crença cega? Onde estão os nossos jovens e toda a sua possibilidade de comunicação? Não há nada errado em nosso país então? Não temos nós, também, motivos para sairmos às ruas e, pacificamente, exigir e gritar por condições melhores para todos e cada um de nós? Os brasileiros não existem enquanto seres sociais e cidadãos?
Talvez haja aqui poucas escolas e “shopping centers” demais. Talvez devêssemos ensinar nossas crianças a consumir menos e a pensar e ler mais. Temos em demasia e somos muito pouco, infelizmente. Fica o pensamento do amigo Carlão na canção “Sem Moral”, que para mim parece muito apropriado para descrever a sociedade tão materialista na qual vivemos:
A irrelevância da educação que não vem nem pro mal nem pro bem. Quem precisa não a tem e quem a tem desdenha... ...Temos tantos meios e nunca fomos tão desumanos.
Boa semana e um abraço longo pra todos.
Mari
Egito em dias de Revolução, 2011

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Enjoy...

Something for our eyes and ears... Enjoy =)

Amigos

Mafalda de Quino (una pasión en mi vida)
Amigos, la perfecta imperfección de nuestros ángeles de la guarda tan humanos. Nuestros cariños...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

El Hombre Ola

 

Tú viniste ola gigantesca y deseada
poniendo las estrellas marinas sobre las palmeras
y el sol y las nubes en mi herido y abierto corazón
Ola, llegaste a la playa destruyendo todo,
rasgándome la piel, quebrándome los huesos,
inundándome el cuerpo con sus aguas saladas
sólo para irte rápidamente, de una vez,
tragándome para el fondo del mar del cielo
Sin que yo supiese lo que hacer, sin que pudiese respirar otra vez
hombre ola, tú viniste y te fuiste con el cambio de la Luna
sin que yo comprendiese como olvidar todo que pasé
Ahora, te espero sabiendo que tú jamás vendrás
 mis pies enterrados en las eternas arenas 
mis ojos mojados sin poder soñar
el alma perdida intentando encontrarte donde no estás
Y sé que moriré de sed después que en tu boca me ahogué
El hombre ola

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Neruda

Poema  15

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.


Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.


Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.


Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.


Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto

Bukowsky...

do not be afraid of being yourself...
being different and unique is what makes life worth living

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

The woman and the fork

There was a young woman who had been diagnosed with  a terminal illness and had been given three months to live. So as she  was getting her things 'in order,' she contacted her Pastor and had  him come to her house to discuss certain aspects of her final wishes.  
She  told him which songs she wanted sung at the service, what scriptures  she would like read, and what outfit she wanted to be buried in.  
Everything  was in order and the Pastor was preparing to leave when the young  woman suddenly remembered something very important to her. 'There's  one more thing,' she said excitedly.
'What's that?' came the  Pastor's reply.
'This is very important,' the young woman  continued. 'I want to be buried with a fork in my right hand.'  
The Pastor  stood looking at the young woman, not knowing quite what to say.  
'That  surprises you, doesn't it? ' the young woman asked.  
'Well, to  be honest, I'm puzzled by the request,' said the Pastor.  
The  young woman explained. 'My grandmother once told me this story, and  from that time on I have always tried to pass along its message to  those I love and those who are in need of encouragement. In all my  years of attending socials and dinners, I always remember that when  the dishes of the main course were being cleared, someone would  inevitably lean over and say, 'Keep your fork.' It was my favorite  part because I knew that something better was coming...like velvety  chocolate cake or deep-dish apple pie. Something wonderful, and with  substance!'
So,  I just want people to see me there in that casket with a fork in my  hand and I want them to wonder 'What's with the fork?' Then I want you  to tell them: 'Keep your fork ..the best is yet to come.'  
The  Pastor's eyes welled up with tears of joy as he hugged the young woman  good-bye. He knew this would be one of t he last times he would see her  before her death. But he also knew that the young woman had a better  grasp of heaven than he did. She had a better grasp of what heaven  would be like than many people twice her age, with twice as much  experience and knowledge. She KNEW that something better was coming.  

At  the funeral people were walking by the young woman's casket  and they  saw the cloak she was wearing and the fork placed in her right hand.  Over and over, the Pastor heard the question, 'What's with the fork?'  And over and over he smiled.
During his  message, the Pastor told the people of the conversation he had with  the young woman shortly before she died . He also told them about the  fork and about what it symbolized to her. He told the people how he  could not stop thinking about the fork and told them that they  probably would not be able to stop thinking about it either.  
He  was right. So the next time you reach down for your fork let it remind  you, ever so gently, that the best is yet to come.. Friends are a very  rare jewel, indeed. They  make you smile and encourage you to succeed.  Cherish the time  you have, and the memories you share.   Being friends with someone is not an opportunity but a sweet  responsibility.

Have a great week!
And keep  your fork.
Kisses


Alê
Friends having fun together...

Text sent by Alexandre Pagliuca Gomes

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Paixão

 

Nesta semana celebramos, ou melhor, o Mundo celebrou o Valentine’s Day, o dia dos namorados para todos menos nós. Neste dia celebra-se o amor e a amizade, data da morte do Bispo Valentim, assassinado por desobedecer ao imperador Cláudio II e casar secretamente os apaixonados. Neste Dia de São Valentim, muitos anos depois, um fato único me chamou a atenção mais do que tudo, e me mostrou a força e a importância da paixão em nossas vidas.
Neste dia 14 de Fevereiro nasceu Cecília, filha de meus queridos amigos Luís Fernando e Fernanda. A pequena foi desejada, como todas as crianças o deveriam ser, e aguardada com todo amor que podemos imaginar. E, com seu nascimento, vemos o amor gerar vida mais uma vez. Cecília está viva porque seus pais se amam e eu, particularmente, não imagino nada mais belo e fantástico para se fazer na vida. Como parte da força criadora da natureza, mas não por acidente ou por simples instinto, nós, seres humanos, geramos vida porque assim o desejamos. E, felizmente ou infelizmente, desta vida seremos sempre cativos; criadores apaixonados por suas criaturas.
Como todos dizem: Depois do nascimento de nossos filhos nunca mais seremos os mesmos. E eu, apesar de não ser mãe, creio piamente nisto, pois que a vida ganha motivos e razões nunca dantes imaginados. Com as crianças embarcamos em nossa mais perigosa e generosa aventura, assistimos o aparecimento de uma nova alma. Vemos uma nova vida aparecer, crescer, aprender e descobrir o mundo. Presenciamos a formação de um novo indivíduo que evolui a passos largos diante de nossos olhos e temos, pela primeira vez, a consciência de nossas primeiras descobertas. O mar visto pela primeira vez com toda a sua imensidão azul. A primeira vez que alguém vai ao cinema ou ao estádio de futebol. O doce sabor e a textura da arenosa pêra ou do enlouquecedor brigadeiro pela primeira vez. O medo e o estranhamento do primeiro beijo. Tudo enfim. Todas estas pequenas e grandes descobertas e aventuras esquecidas de nossas infâncias, nós revivemos com nossos filhos, afilhados e sobrinhos e, por isso, nós sentiremos muita saudade quando a infância deles chegar ao fim.
Não há como negar: sentir, amar e apaixonar-se pelas pessoas e pela vida são coisas fundamentais para toda e qualquer pessoa. Não nascemos para estarmos sozinhos, nem para o medo ou a racionalização completa de nossos atos. Se assim o fosse, com certeza não estaríamos aqui. Então, dêem todos os beijos e abraços possíveis, até que os braços e a boca fiquem exaustos. Vamos aproveitar nossa viagem com toda a intensidade até o fim. Que este é certo, um dia virá. Apaixonem-se!

Agradecimentos especiais e...
...Um beijo e um abraço eternos de tão longos aos meus amores incondicionais: Dedé, Lucas, Gigi, Pedro e Diego. Vocês têm me dado os mais belos momentos desta vida, meus filhos do coração.
¡Bienvenida Cecília!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Asfalto

Interessou-se em demasia por ele e pelo convite para um café. Ele era diferente, atrevidamente cavalheiro e docemente imoral em suas conversar roubadas. Conversas íntimas e fluídas como aquelas entre antigos amigos à mesa de um bar. Riam juntos, discutiam e ouviam conselhos sem nunca terem se visto ou ouvido. Mais do que tudo, excitavam-se com seus jogos astutos de palavras e, fugidios, buscavam-se pelo telefone e sorriam. Teriam que se ver. Ela sentia como antes sentira: o asfalto aproximava-se em alta velocidade em sua direção. O desejava e temia mesmo antes de vê-lo pela primeira vez, pois sentia haver nele aquela força, natural em alguns homens, que a atraía e a encantava. Desta vez ela iria deixar-se levar como folha sem vontade no outono, se perderia. Eram 6:30pm daquele sábado e, no café, ela tentava concentrar-se lendo algo sobre Obama e pensava o quão difícil era a tarefa daquele homem. Leu um parágrafo duas vezes, mas as letras dançavam e a mente fugia minando a tola tentativa de disfarçar a ansiedade na espinha. E se não gostasse dele, e se ele não viesse? Havia chegado muito cedo e esperaria uma hora ainda. Estava assim, a refletir no que faria, quando chegou o SMS. “Onde está?”, perguntava ele. “No café do lado de fora, cheguei cedo.”, respondeu um tanto sem jeito. Nova mensagem: “Look at your back... :]]”. E viram-se através do vidro, e sorriram. Sentiu-se bem ao vê-lo chegando como uma onda a tomar-lhe de uma vez. Aquele homem abusado chegou com mãos, braços, pernas e boca sem perguntas e sem licenças como se fosse nela implícito, ou melhor, explícito o desejo de tê-lo o mais rapidamente possível. “Quem ele pensa que é?”, pensou enquanto argumentava consigo mesma se realmente seria capaz de desejá-lo como sentira durante suas conversas líquidas. Havia defeitos a considerar, poderia ainda fazer com ele como fizera tantas vezes: comê-lo, mastigando bem e, depois, cuspi-lo. Primeiro o café, depois o carro e uma conversa desimportante que, por isso mesmo foi esquecida ao fechar a porta do carro. Por fim, o apartamento. O falível plano de um filme, café, conversa e, talvez, quem sabe o que mais foi, como se espera de seres normais, abortado nos primeiros dois minutos dentro do pequeno e divertidamente desorganizado apartamento. Se o “o que mais” dependia de alguém saber algo, eles o sabiam definitivamente bem. Mãos e pernas, bocas e línguas multiplicaram-se na mesma proporção que os minutos pareciam passar mais rapidamente lá fora.  O asfalto estava chegando e nada poderia parar a queda livre. Ela iria perder-se.

Sentidos

De repente
De repente gira o mundo muito depressa
Carrossel químico enlouquecido.
Sinto medo.
A música alta é incompreensível,
As cores giram e se misturam,
Caleidoscópio ao vivo sem sentido.
Pânico,
Sei que logo se vai o equilíbrio.
Os braços de meu amigo, porto seguro,
Param o mundo.
 Como fogos de artifício as luzes explodem
E tudo é lindo.


 
Na gaveta
Apertei bem forte a tristeza dentro de minhas mãos
E a coloquei numa caixinha dessas onde se põe os brincos menores
Ela está dentro da gaveta esquerda da escrivaninha
E por vezes me esqueço dela
Mas tudo tem um fim.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vontade... Verdade... Liberdade

Som e Fúria
Corre nas veias e nas ruas, a sombra da vida ao léu
Regras sem sentido e sem lógica, a razão de viver é imitar a vida
Dentro da casca, da armadura, protege-te.
Grite, rasgue tua pele e te liberte
Abre teus olhos, boca e poros, vê
Não existes e definhas
Tire o polimento e escarre teus medos na rua
Quebre as lentes, afie teus dentes. Põe-te louco a babar néctar de avelã
Mire o lume, sobe a dez mil pés de altura e paire sobre as nuvens cheias de ilusão
Rói a corda e as unhas, arranque os desvelos
Som e fúria
Vive, vem e perde a noção das horas
Sê rei sem coroa e mestre sem cerimônias
Afunde teu barco e nade com os peixes, baile com lulas e cavalos marinhos,
Enamora-te de sereias
Rompe laços, dê abraços e perde-te por inteiro
Crave unhas e dentes na carne com fúria
 e Som
Mente, desmente, pinte com tuas cores a tela que é tua
Derrete as formas nunca mortas de tua natureza
Vê, prove e cede tudo o que estiver em teu alcance
Lança-te em poço profundo, pule da ponte preso a fios de sonho
Num jump sem retorno
Inspire a mim e a ti, som
 e fúria
Sem dores, sem temores, sem lamúrias
Ri de ti e de todos, sê louco, vive assim
Até que tudo cesse, que cale o vento, que a luz apague
Esquece
Som e fúria em ti

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Be Different...

We must not behave and think based on  preestablished models

Be free to feel life the way you like it, and enjoy all that you get as much as possible.

Being different

                                                       Thinking different

              Acting diferrent

                                                                                                     Just being yourself…

Latinoamérica

Una canción que me gusta mucho y un poco del todo que somos hechos, los latinoamericanos...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

De Além Mar


Poems by Carlos Pac Nobre

O (In)fiel Depositário
Tanto sonho e esperança
nessa tão nobre paixão.
Rapariga:
Tu
Queres.
Tudo.
Eu
Quero.
Quase tudo.
Por favor,
não faças de mim o teu fiel depositário.
Ando a perder emoções como se fossem coisas, sabes?
Ainda ontem foi um pouco de vergonha.
Na tua cara.
"Puta", dizes?
Se é esse o nome que escolhes..
Talvez. tenho os meus dias, sim.
Confia-me tudo,
menos fantasias.
Por estes dias
não as guardo por muito tempo.


No teu Coração
Procura no sítio mais escabroso do teu coração
Lá me encontrarás
a cantar
de cerveja na mão
E se te parecer que sorrio
não passará de uma impressão
causada pelo calafrio
constante que me traz a solidão
Baixa o volume,
dá-me a mão
e um abraço
é que eu passo
tanto tempo
à tua espera.


A Dor de Uma Vida
Esta é a dor de uma vida
à procura da batida
que embale com a perspectiva
que para ti já foi esquecida.
Algures na luta da nossa adolescência
naquela rebelde cadência
sem dó nem condescendência
na puta da consciência.
Ainda te lembras?
"Um dia o Sol brilhará para todos nós"
Eu ainda me lembro.
Eu ainda acredito.



Simétrica
Pára de olhar para o cabelo dela:
Já cresceu tudo o que tinha para crescer
E mesmo que algum dia ultrapasse
Aquela marca certinha um pouco abaixo dos ombros
Ela prontamente corrigirá esse erro assimétrico
Com uma tesoura nas suas próprias mãos
Por isso pára de olhar
Tu sabes que nunca poderás amar alguém assim.



Sitcom
As gargalhadas gravadas
na desordem controlada
daquilo que supostamente
nos deve identificar uns com os outros.
Nós não, miúda.
Lembra-te de quem somos.
Somos nós.
Mais do que um emaranhado de frases feitas
com um detonador preparado para disparar
um riso maquinal e universal
(“Uni-vos, gentes do Mundo
Uni-vos e ride
a UMA só voz!”)
Nós não, miúda.
Lembra-te de quem somos.
Somos nós.
Ou pelo menos temos a obrigação de o tentar ser.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Luta...


Apesar do que contém o vídeo, não acredito que apenas poucos homens sejam os responsáveis pelos problemas que aqui vemos e vivemos. Temos, cada um de nós, nossa pequena parcela de culpa se simplesmente nos calamos. Com nossa omissão nos tornamos coniventes com aqueles que agem mal e geramos a injustiça também, não?  Contudo ainda nos parece confortável responsabilizar a outros e nada fazer. Por isso, creio que vale muito à pena lembrarmos que ainda há muito pelo que lutarmos, mesmo que lutemos pacificamente.

!Latinos, cómo no!

¡Latinos, cómo no!
Finalmente, neste janeiro, comecei minha caminhada pela America Latina. Bom, na realidade voamos de Sampa a Buenos Aires, mas acho que mesmo assim, de maneira tão burguesa e pouquíssimo aventureira, vale a intenção, não? Vale querer ver tudo o que está para além de minhas fronteiras, querer conhecer uma América da qual faço parte, mas que sempre me pareceu tão distante de nossa realidade como se fossemos, nós brasileiros, uma exceção muito atípica e descomunal de latinidade. Sempre, de costas para todos os outros países que formam o nosso continente, miramos o Atlântico e sonhamos com a Europa e, talvez por isso, não sentimos uma completa identificação com nossos vizinhos. Incomoda-nos certa inadequação de nosso tão malemolente português ao veloz e dramático espanhol. Causa-nos estranhamento sermos frutos muito cordatos das navegações de Camões enquanto os outros, aqui ao lado, são filhos sempre rebeldes da imaginação de Cervantes.  Não há como negar, sabemos montanhas sobre americanos, ingleses e franceses, porém, quase um nadica de nada sobre a história dos países que conosco fazem fronteira e, em nossos livros de história, apenas aparecem como figurantes inimigos em nossas raríssimas, e quase desimportantes, guerras esquecidas.
Parece, até certo ponto, que fazemos questão de mostrar-nos diferentes deles, quase mais naturalmente europeus do que latinos, como se assim nos distanciássemos de nossas próprias vergonhas e defeitos, espiando o rabo dos outros para fazer de conta que nós não o temos. Somos um povo americanizado, a negar sua plural miscigenação, que nasce falando inglês, e achando que o paraíso se encontra entre “Miame” e “New York” e que crê, por tanto, que tudo o que está México abaixo ou não existe ou resume-se a deserto, floresta, tráfico, índios e cordilheiras muito altas.
Eu sei, eu sei, o dinheiro sempre esteve ao norte, nas mãos daqueles que estão de cabeça para cima no Globo Terrestre desde sempre e que, desde então, nos fitam, superiores, olhando para baixo. Eles sempre foram os donos da história e da bola, sempre foram os melhores, sempre foram um exemplo de civilização, cultura e educação. Afinal, é do norte que vêm nossos heróis e a maioria de nossos ídolos. De lá vem a música que invade nossos ouvidos através das rádios e os desenhos animados que habitaram toda nossa infância. Eles inventaram a coca-cola, os micro-computadores, o i-pod e os i-phones.  ¡Por Dios!, ¿qué más tú quieres, mujer? Ellos son dioses, ¿no?
Bom, não se trata, aqui, de querer mostrar que tudo que os norte-americanos tenham feito não tem valor, e nem de, muito às avessas de um mundo democrático, achar que somos melhores do que qualquer um, que isso não será verdade nem aqui nem no Japão. Trata-se de parar um pouco e olhar mais atentamente ao nosso redor, e de perceber que nós, os latinos, temos uma identidade da qual devemos ter orgulho, pois que esta, tão colorida e festiva forma de ser, tem toda a graça e seu devido valor. Trata-se de virar, só pra variar, a Terra de cabeça para baixo e olhar o nosso mundo com outra perspectiva. Trata-se de perceber toda a capacidade e o potencial que temos, e que basta assumirmos as nossas responsabilidades para que o sul comece a dar certo. É certo que devemos deixar de lado nossa síndrome de vira-latas, tal como Nelson Rodrigues proclamou, e entendermos, afinal, que somos, e seremos sempre, os responsáveis por nosso destino e por toda a fortuna ou o infortúnio que encontrarmos no fim deste caminho.
Vale lembrar:
1.       O doce de leite é muito melhor que a pasta de amendoim.
2.       As poesias de Drummond e Neruda são geniais e devem ser lidas por todos no Mundo.
3.       Temos e tivemos os melhores jogadores de futebol sempre, mesmo que eles joguem longe da gente.
4.       A Mônica e a Mafalda não são produtos de Mangas ou Comic Books, são latinas com certeza!
5.       Eles têm a coca-cola, mas nós temos o Guaraná e o Paso de los Toros de Pomelo.
6.       Os filmes americanos e europeus são fantásticos, mas há os grandes latinos também, como Alejandro González Iñarritú do México (se você ainda não viu um filme dele, Veja!)
7.       Rimos, abraçamos e beijamos mais que todo mundo, e isso, verdadeiramente, não tem preço.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Cem Anos Depois

 

Cem anos depois

Já há algum tempo me sentei para escrever algo sobre Adoniran Barbosa que, assim como o nosso time do coração, o singular Sport Club Corinthians Paulista, completaria 100 anos de vida este ano. E, há tantas coincidências entre a alma deste nosso time e da música de Adoniram que, na época, pensava em fazer uma poética ligação entre a trajetória de ambos. Entretanto, ando muito menos inspirada e mais preguiçosa que de costume e, por isso, aquelas linhas escritas há mais de um mês atrás ficaram perdidas e, agora, não fazem sentido algum. Elas, assim como tantas outras coisas, perderam o sentido com o tempo e com os fatos que se desenrolaram desde então.
Contudo, Adoniram continuava a martelar minha alma como um incomodo, um daqueles que sentimos quando não dizemos o que queremos; um nó na garganta que não vale à pena ter. Foi então que, nesta semana, um especial sobre ele na televisão me chacoalhou e cá que a vontade me voltou como quem volta de férias, com ganas de fazer muita coisa.  Como sempre, me senti muito tocada pela poesia e música deste homem que tenho como um gênio paulista do século 20. Adoniran fala com simplicidade e honestidade sobre o cotidiano e os dilemas humanos em suas músicas. Falando sempre sem censura, com toda a verdade que só aqueles que não aprenderam a ser sofisticadamente hipócritas sabem fazer, Adoniram nos encanta e nos mostra, através de um português falado nas ruas periféricas de nossa cidade, toda a beleza da alma humana sem disfarces.
Hoje, cem anos depois do nascimento de Adoniran, me parece que esta é a qualidade mais em falta no mercado: a sinceridade de alma. Andamos tão preocupados com a esperteza e com a aparência que nos esquecemos de sentir a vida verdadeiramente. Fingimos o tempo todo: fingindo não sentir a falta de carinho que assola a cidade, fingimos não querer mudar nada e estarmos contentes com o que temos. Fingimos não nos importar com os milhares nas ruas sem teto ou comida, com a exploração de crianças, com a repugnante corrupção gananciosa e a horrenda e desonesta má distribuição de renda neste país.  Mais do que tudo, fingimos acreditar que tudo está certo e que nós não temos responsabilidade alguma.
Bem, pois que a temos sim, a tal responsabilidade. E agora, mais do que nunca, nós brasileiros temos que decidir o que queremos para o nosso país. Ou deixamos de lado a hipocrisia e seguimos o doce exemplo de Adoniram ou estamos todos condenados a viver na República da Mentira. Um lugar onde um fantoche inexpressivo, pior que a equivocada Cristina Kirchner, irá governar nosso país como se acreditássemos que isso está correto. Uma candidata tão fabricada e falsa que nada me espantaria se nela estiver pregada uma etiqueta do tipo: Made in China ou Hecho en Paraguay.
Apesar de não parecer que há grandes relações entre Adoniran e nossas posições políticas e sociais, creio mesmo que temos que ser mais honestos e verdadeiros, pois, que a verdade anda a fazer muita falta aqui no Brasil. Por isso, seja lá qual for o resultado destas eleições, queria, muito mesmo, que nos mostrássemos mais e mais a cada dia, que o bom senso não nos impedisse de vivermos com toda a intensidade que esta vida merece. Estamos aqui para fazer diferença na vida daqueles que amamos, e isso deve incluir lutar para que nosso país seja mais honesto e verdadeiro também.
Um longo abraço para todos, um beijo e boa semana.
Mari 

Presentes


brisa

Chegas calmo e leve,  

brisa de verão,

a aquecer estas noites de inverno.

meu quente e confortável aconchego

que se transforma em vendaval

e, com toda sua força,

me assola, me consome,

e me devora

antes

de soprar

doce e suave

brisa novamente,

a ir-te para longe

de mim

como antes,

e sempre.


Uma flor para ti

Trouxe uma flor para ti, Maria-sem-Vergonha arrancada do jardim.
Gesto simples. Sei que é sem importância o presente,
E talvez não percebas a beleza da flor tão comum
Que colhi só para ti, para teu dia florir, sorrir.
Mas trouxe a flor que nasce a colorir os caminhos,
 E ali permanece sem que ninguém queira,
Pequena amostra teimosa da natureza.
Hoje só para ti, minha Maria-sem-Vergonha,
Sem vergonha de ser assim sem razão,
E tola a olhar para ti.