domingo, 31 de julho de 2011

O respeito e a Consciência

 



Nestas férias de julho, mui a meu bel-prazer, decidi tirar umas “feriazitas” do mundo real, sem tirar meus pés de Sampa, e entregar-me à companhia de meus sobrinhos e afilhado cegamente. Porém, mesmo assim, fazendo força para não ver todas as merdas, (com o perdão da expressão, mas não há nada que caiba mais apropriadamente à realidade brasileira), que nosso querido povo é capaz de realizar sem exceção: de vossa excelência à menina que mal saiu do colégio, não há como ignorar que cá estamos nós a dar mau exemplo do que vem a ser um cidadão ou uma nação.
Veja que não cabe aqui olhar o rabo alheio, não me interessa o que fazem os outros com a vida deles, e também não me interessa se outros povos de terras próximas ou longínquas são ou não pródigos também nas artes do vil. Então, não cabe o choramingo de dizer que o brasileiro se sente inferior e etc. e tal, que o complexo de vira-latas à la Nelson Rodrigues há muito tempo ficou para trás.  Estou, como bem me ensinou meu pai, a olhar o meu próprio umbigo e rabo, a parar e pensar o que ando a fazer de errado. Pois, é isso que devo sempre fazer: não interessa o que os outros pensam e/ou fazem, tenho que me guiar pela minha consciência que deve ser meu norte e, eu a única responsável pelos meus atos.
Pois, mesmo durante minhas férias mentais não houve como ignorar que as coisas andam tortas demais em nosso país e, a impertinente consciência me cutucou os miolos que tentei, muito em vão, adormecer. Afinal, como explicar a meus pequenos a importância de ser um homem correto e honesto numa sociedade onde deixamos que o “jeitinho” que provém do dinheiro torne o cidadão um ser acima da lei?  Ou não é isso que ensinamos numa sociedade e num país onde a corrupção no meio político é tão ampla e explícita que fica difícil achar alguém que possa ocupar um ministério sem manchar ainda mais o já enxovalhado mundo palaciano.
Como mostrar às crianças que estas devem, antes de tudo, respeitar ao próximo para que assim conquistem por mérito, e não à paga, o respeito que lhes é devido quando temos exemplos diários de que a falta de respeito e do senso comunitário são raramente punidos, mesmo nos casos mais graves? Ou não é este o exemplo que temos com os incontáveis casos de atropelamentos por alta velocidade ou embriagues, o número de ataques a pobres, negros, homossexuais e/ou qualquer um em nome de uma hegemonia ignorante ou por pura diversão, os casos de crianças e mulheres agredidas ou exploradas pelo simples fato de serem fisicamente mais fracas. Basta abrir os olhos para ver e, sinceramente, às vezes dá-me medo do que vemos a nos espiar nas esquinas e que fitamos com certa apatia.
 Sei que somos imperfeitos, e que o erro é algo nato ao ser humano; que eu cometo erros diários também. Mas ainda não consegui não sofrer com eles, como se tudo o que eu fizesse merecesse perdão e fosse correto simplesmente porque satisfaz a mim. Nesta semana, vendo as manchetes sobre o atropelamento de um rapaz na calçada e de sua subseqüente morte, lembrei-me de como me senti quando feri um homem num acidente de carro por minha falta de aptidão e uma carteira de motorista que ainda não tinha 2 meses. Nada grave foi constatado no hospital, além do visível corte na cabeça e de todo o desconforto que causei àquele senhor que dirigia à minha frente. Mas eu, em casa, não conseguia parar de chorar no ombro de meu namorado e de me sentir mal, afinal, eu havia ferido alguém. A culpa era minha. Hoje, quase 20 anos depois, ainda conheço aquela dor e tento imaginar o que sentiria se tivesse ferido seriamente ou matado alguém e, sinceramente, creio que enlouqueceria, pois, jamais me perdoaria.
Vale então lembrar que se o erro é humano, também o são a consciência, o respeito e a compaixão.

Um beijo e todo carinho a meus amigos e família.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amor...

Poema sem razão
o consolo solitário das letras
das palavras
de um poema
não serve quase para nada
não quebra barreiras
não aproxima metades
não soluciona qualquer problema
são apenas letras
palavras
frases
falam de tudo que nos encanta
falam de tudo que nos amedronta
falam de tudo que nós sentimos e vemos
mas, elas não são estas coisas
são frases apenas
palavras
letras
1
Merda de músculo ridículo
é este tal de coração.
Apertado pela alma
Que insiste que existe,
Melhor afogá-lo,
Ignorá-lo.
Agora, apenas da Mente,
Demente, ouço o lado esquerdo.
À merda com os sentimentos!
2
Não há droga mais perigosa
A turvar os pensamentos.
Ilusão tão doce, pior que praga,
Que levar socos na cara.
Deito minhas armas frente a tua beleza
Certeza? Nunca a tenho.
Crava-me os dentes,
Rouba-me a calma,
Suga meu sangue,
Afoga-me meu Eros moderno.
3
Mágoa,
Pequena lagarta odalisca
que encanta
enquanto rói, e destrói
e mata-me.
Vem lenta, onda branda
que devora
meus castelos de areia.
Amo-te e tu me matas em silêncio.
4
Quero tudo, mas dá-me o silêncio.
O silêncio que ignora,
silêncio que apavora,
desolação d’alma.
Filme em branco e preto,
meu vagabundo coração
perdeu-se há muito tempo.
Só me resta esperar,
sentada numa esquina
suja, para em silêncio ver
você escrever o fim.
5
Realmente atrapalha-me a alma,
esgoela-me, pra que serve ela?
Queria ser uma rã, um rato,
quem sabe até um parasita qualquer?
Bastava-me uma vida curta,
sem os sentimentos dessa alma rota
que acha que encontrou o amor.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os eRRes

 

Antes os danados da tua boa não saiam
 Arre que erres teimosos!
Pois, apesar de torcer
e retorcer
                    a
língua
em ensaio repetitivo,
dela erre nenhum saía.
E então, (numa semana qualquer)
de repente...
amanheceram todos eles prontos
saindo da garganta a tocar o céu da boca
que sorriu-me com a beleza
da nova façanha.
E você fez vibrar como louca,
tal cobra assanhada e as cordas do violão
esta tua linguazinha.
Lá estavam todos os erres
há muito aguardados por mim.
E eu, que ainda não estava pronta, inteira,
deixei de ser  quem sou
definitivamente
para ser para sempre
a MadRinha.

a Pedro, que me ensina como ser (fada) Madrinha

domingo, 24 de julho de 2011

No more Tracks


Amy Winehouse morreu neste dia 23 de Julho que amanhecera já um tanto quanto sombrio com os ecos inexplicáveis de tantos assassinatos de jovens na Noruega, num dos atos mais covardes e absurdos que já tivemos a chance de ver, pois que neste homem não há a loucura suicida daqueles que ouvem vozes e matam por total descontrole, mas sim a psicopatia fria de um homem que não entende o valor de toda e qualquer vida e, por isso mesmo, não consegue ter respeito por aqueles que carregam consigo signos da divergência e da diferença.
Diferentemente destes meninos que foram mortos covardemente, Amy, quase uma menina também com seus parcos e loucos 27 anos, suicidou-se aos poucos diante de nossos olhos nos últimos anos. Fazendo, como outros antes dela, com que toda a mitologia sobre os jovens incompreendidos e atormentados renasça numa época pouco romântica como esta em que vivemos. E, neste ponto, esta inglesa de expressivos olhos verdes parece ser tão anacrônica como a música que ela fazia, Amy era uma mulher que não se encaixava neste mundo frio onde tudo é business e “fake”, um lugar onde os maiores ícones da música pop fazem tudo menos cantar.
Amy era diferente por sua essência e não porque o tentava ser. Lembro-me ainda da primeira vez que a ouvi e, incrédula, procurei nela algum traço físico de umas das divas negras do Jazz & Blues americano, porque não havia como negar: em algum lugar daquela alma londrina parecia esconder-se um pouco de Billie, Simone e Ella, que se mostravam em pitadas de talento, ousadia, força e dramaticidade diante do microfone em canções que claramente ressoavam a “soul music” de um tempo hoje quase esquecido pelas multidões.
A menina cantava doída e lindamente como poucas souberam fazer, colocando displicentemente a sua alma em cada nota e trazendo ao mundo a beleza de boas canções. Para o talento de Miss Winehouse não eram necessários os grandes telões e jogos de luzes, não havia necessidade das coreografias e macaquices performáticas e, muito menos, dos playbacks tão em moda agora. Pois, como alguém pode esperar, com tanta coisa acontecendo num palco, que uma cantora cante realmente nele? Amy compunha e cantava muito bem e, por isso, já me deixa muita saudade.
Apesar de toda minha admiração por seu talento, neste último janeiro neguei-me a ir a umas das apresentações da cantora inglesa no Brasil, pois, pelo menos para mim, não havia mais nada que valesse ver. A alma e o talento de Amy Winehouse já não a acompanhavam há algum tempo e, restava apenas uma triste piada, ácida em demasia para o meu estomago, que ela parecia fazer de si mesma. Contentei-me, então, com a Amy dos meus CDs, “pendrives” e ipod que me acompanhava, com toda a sua genialidade, diariamente.
Hoje ouço novamente suas canções e voz inconfundíveis enquanto escrevo, entretanto, devo dizer que a sensação não é mais a mesma. Cá comigo hoje, há uma pontinha de tristeza mesmo nas “tracks” mais alegres da menina e eu só consigo pensar: It’s a pity there’ll be no more tracks for us Amy and... I do get the blues.
Boa semana e um beijo suave pra todos.
I miss you too.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Força


Foto de João Pedro Jesus

Venha sem medos e sem pensamentos,
Totalmente cheio e irracional.
Devora.
Venha animal decido e nada comovido
Pois hoje dramática tenho alma de tango
E podes ser iludido.
(fragmento)


O Presente (20.07.2011)

 

O sal de além mares

Em silêncio morto à moda daqueles que já não existem
fica o gosto, o des-gosto, deitado em leito atlântico,
plácido como a pátria que um dia foi dos teus,
com seu grito sufocado por tanta água
do mar salgado de Fernando e suas lágrimas,
deste teu sal ático que adoça meus pensamentos.
Queda-se quieto o gosto
Que dantes ignorou a força da razão,
do tempo e da distância,
a crer,
doidivanas e cego,
no sabor deste mar
cheio das lágrimas
lusitanas.
Ao homem mais encantador que já conheci, o sal desta vida, vai este poema.
Feliz Aniversário meu Preto.


domingo, 17 de julho de 2011

Teu Sorriso

Sorria o teu sorriso de homem menino
grande a viver
meu pequeno sem que queira,
porque é meu todo o querer
do lado esquerdo um pouco abaixo
dos  ossos que protegem o peito
deste corpo que é teu leito.
grite para que eu  te veja
e sorri, sorri
o teu largo sorriso
cheio da timidez do menino
que ainda vive contigo.

a meu Preto (20.07.75)

David Bowie


creative, full of talent and man who was never afraid of trying... miss him a lot

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dia do Rock!

Elvis Presley e o começo...

Jimi Hendrix, o gênio...

Red Hot Chili Peppers diversão e um som único...

Nirvana, uma terremoto que durou pouco demais...

I wanna rock!

terça-feira, 12 de julho de 2011

O MetrôPolitano

Estação Alto do Ipiranga
Apesar de ter sempre muito a reclamar do governo, dos políticos, do trânsito e, enfim, de uma lista enorme de problemas tão comuns a nossa realidade paulistana, devo dar meu bracito a torcer e confessar: o Metropolitano paulistano dá-nos imenso orgulho de ver. Sei que temos grandes problemas relacionados ao mesmo: obras em atraso, linhas novas, mas já deficitárias no que tange ao número e extensão das mesmas, acidentes absurdos durante a sua construção como o trágico afundamento do solo que tragou pessoas, veículos e tudo o que havia a seu redor em Pinheiros há alguns anos atrás. Contudo, a qualidade do serviço, das novas estações ultramodernas e seus carros cheios de estilo surpreende a qualquer um nesta terra de meu Deus. Palavra de honra!
Lembro, depois de anos vivendo fora de Sampa, da primeira vez que utilizei a estação do Alto do Ipiranga e me assombrei com o que vi naquele cenário que mais parecia ter saído de um filme alemão ou japonês. A estação encheu meus olhos com sua luz verde futurista, sua cúpula de vidro a refletir o céu azul e seus painéis coloridos que davam ao frio concreto do amplo ambiente de túneis intermináveis um calor humano sem igual. Aquele ambiente, tão distinto da idéia e lembrança que eu tinha do meu Metrô, fez com que eu me torcesse toda para conseguir ler a poesia impressa em letras grandiosas em suas paredes enquanto eu descia pela escada rolante. Pensei: genial!
Estava num ambiente humanizado, pensado para trazer a seu usuário muito mais do que uma forma rápida e segura de transporte, ali tínhamos cuidado e carinho expressos em forma de uma beleza que enchia os olhos. Na verdade, temos várias estações que nos trazem muito mais do que o serviço para o qual esta foi idealizada - há exposições sobre temas variados o ano inteiro, espaços para a música, poesia e as artes plásticas, projetos como a Biblioteca do Metrô e o projeto Embarque na Leitura que facilitam e incentivam a leitura de forma prática e democrática, a acessibilidade completa aos portadores de deficiências e funcionários preparados e prontos para auxiliá-los caso precisem; ou seja, um mundo de coisas boas sem exagero nenhum.
Estação de Pinheiros

Claro que nada disso teria valor se o Metrô não cumprisse sua principal função: o transporte mais rápido e barato de seus usuários. Bem, optei por este meio de transporte nesta semana em que meu trabalho me levou para as imediações da estação Portuguesa-Tiête do Metrô sem qualquer sombra de dúvida, posto que as vantagens me parecessem muito mais agradáveis do que a opção de passar muito tempo dentro do meu carro e, não me arrependi: Levei cerca de 30 minutos e gastei R$ 9,90, que incluem estacionamento para o dia todo e as passagens para percurso de ida e volta para percorrer 11,3 km às 07h30min da manhã, isto desde o momento que estacionei meu carro no serviço de estacionamento vinculado ao Metrô na estação Santos-Imigrantes até chegar a estação Tiête, de maneira tranqüila e confortável já que pude até sentar-me durante quase todo o percurso. Tudo pago com os créditos comprados no próprio guichê do estacionamento e colocados no cartão magnético destinado para este serviço.
Bem, como se todas estas vantagens comprovadas nesta semana ainda não bastassem, hoje aconteceu algo que merece ser retratado e que me motivou a escrever o texto da semana. Pela manhã foi-me impossível colocar meu carro numa vaga onde não atrapalhasse a nenhum carro e, meio a contragosto, tive que deixar a chave de meu estimado Jacques com o pessoal do estacionamento. Bem, deixar chaves no estacionamento não chega a ser nenhuma novidade, contudo minha placa não havia sido anotada o que me deixou meio assim-assim. Mas, como de costume, resolvi que deveria confiar nas pessoas que estavam ali. Devo dizer que, além de não ter motivos para me arrepender da confiança dada, ainda fui mais uma vez surpreendida pela eficiência daqueles que trabalham no local. Isso não apenas porque nada ocorrera com meu carro, mas pelo fato de, ao ver-me chegar, o funcionário ter vindo em minha direção para me auxiliar e, quase sem esperar que eu terminasse minha frase dizendo que as chaves haviam ficado com eles, respondeu: Eu sei, seu carro é aquele Clio preto ao lado do Sandero, as chaves estão no painel. Sabendo que eu não sou uma mulher que chegue a impressionar ninguém e chamar a atenção pensei: Como ele lembra qual é meu carro e quem sou eu depois de ver-me brevemente pela manhã? Eita eficiência sô! Parabéns a Companhia do Metropolitano de São Paulo e aos funcionários que nela trabalham, principalmente aos rapazes que trabalham no estacionamento da estação Santos-Imigrantes, por toda a eficiência e dedicação ao seu trabalho. Vocês têm a minha admiração. Muito obrigada.
Serviço de Estacionamento integrado ao Metrô
Beijo e boa semana a todos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Bolas de sabão


Canção que me alegra o dia, espero que alegre a todos também. Boa semana =)

 

Bolas de Sabão

Bluebell

Pra espantar a solidão
Faça bolas de sabão
Se estiver na multidão
Não volte os olhos para o chão.
Então, peço perdão
Por ter sumido, e por
Não ter te dado atenção
Faltou coragem pra dizer
As palavras que não me dariam razão.
Desconfie dos normais
Não acredite nos jornais
Experimente, pro seu bem
Querer o que você já tem.
Então, preste atenção
Venha com a cabeça fresca, e uma rosa na mão
Não tenha medo de dizer
Meias palavras e coisas sem explicação
Eu to ligado meu bem
Não é fácil pra ninguém
Eu tenho o que você tem,
Eu tenho medo também



Português

O Beijo - Souza Campus

Deixa pra lá o tu e vem ser você
Que mal pode fazer ao verter
O te em se, se este é apenas um pronome
Que nem jus faz ao nome
Pelo qual eu chamaria a você
Venha estar comigo, não precisamos de artigos
E verá como se encaixa
 A minha lingüística à tua gramática
Quando eu beijar você.

domingo, 10 de julho de 2011

Pedro

Pedro (dono de uma parte do meu coração)

 

Pedro, não é pedra, mas sim luz.
Amor incondicional, terno e eterno que trago,
sempre contente em mim. 
Seu nome na minha pele mostra que não sou dona de ti
e sim, você senhor de mim.
Ri, dá-me um abraço apertado,
um beijo estalado,
e sou feliz.
Prometo estar sempre contigo, mesmo  de longe, daqui.
Vamos cantar juntos sem nenhuma afinação e,
viajar de mochila nas costas dos Andes ao Japão.
Ler nossos livros, ver filmes bonitos e,
seremos felizes.
Há de tornar-se homem alto e forte,
e prometo que se chorar te darei meu colo,
e, egoísta como só as mães sabem ser, serei feliz.
Amo-te, Pedro, desde sempre,
antes mesmo de você abrir teus olhos mais que expressivos.
Vi teus primeiros passos, ouvi tuas primeiras palavras,
e desde já me orgulho de ti.
E você será simplesmente feliz.
A meu afilhado que adora o homem aranha, é louco por jogos eletrônicos, sonha ser judoca e guitarrista, e pede logo que entra no meu carro: "Madrinha podemos ouvir um Rock bem barulhento. Te amo Pedro.
Vamos de Rock então!





I'm a believer though

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Vamos dançar?

different in an american way

Being latinos, dale papi...

de Angola e Portugal... o Kuduro

terça-feira, 5 de julho de 2011

eterno

foto de Joana Vieira

Sim, sim, assim de longe
tu és perfeito,
lamparina guia de toda
a falta de juízo
desta mente que,
inapropriada,
não pensa, sente.
Contudo, de perto,
tão de perto que
possamos sentir nosso cheiro,
talvez torne-se humano
em demasia o nosso desejo.
Assim, somente assim como está,
este amor é  perfeito,
pois, ele persiste e resiste
eterno
à medida que não existe.

domingo, 3 de julho de 2011

Inexoravelmente bom

 

Desde criança nos acostumamos a ouvir que a infância é o melhor tempo de nossas vidas, que logo tudo isso passará e que não a teremos mais. Sim, o tempo passa para todos nós. Entretanto, mesmo sendo uma destas pessoas que já repetiu milhões de vezes que esta tal passagem do tempo é terrível, devo reconhecer que não é bem assim. Tudo bem que ficamos mais velhos por fora de modo indecente, pois cá vêm as rugas, cabelos brancos e, o pior de tudo: dá-lhe ginástica para que a bunda e outras partes dantes tão desejadas e queridas não se tornem apenas um peso a mais no corpo. Sim 2, envelhecer neste sentido é terrível e, então, o tempo parece mesmo inexorável como o mais cruel dos desalmados. Contudo, e sempre haverá um “contudo” a mostrar-nos que há um lado bom em tudo, se pensarmos em tudo que ganhamos com a passagem do tal do tempo, percebemos que só temos a agradecer.
Sim 3, a passagem do tempo é boa, boníssima mesmo. Sem ela ainda seríamos crianças, eternamente presos a um estado de vida onde tudo ainda está por vir e, por isso mesmo, quase nada aconteceu. E esta idéia me assusta muito mais do que pensar que um dia serei uma velhinha maluca e folgada. Disso não tenho dúvidas! Com o tempo, o corpo padece sim, mas a alma cresce e se liberta de mitos, regras, medos e dúvidas que antes nos perturbavam a existência e, então, temos uma vida mais intensa, bela e divertida. Bem, para mim tem sido assim e espero que para todos seja também, pois isso é muito bom.
Ontem celebramos, de forma adiantada, o aniversário de 14 anos de meu primeiro “step-sobrinho” Fábio Antônio, um rapaz que aos 2 anos corria nu pela casa pois teimava em não vestir roupa alguma, e que já me fez rir e ralhar com ele muitas vezes nestes anos. Um gigante menino que me mostrou ontem com seu riso fácil que, apesar de hoje vermos todo aquele tamanho, ainda mora ali o bebê danado que cismava que roupa era uma besteira.  E lá vem o Sim 4! Ganhamos pessoas, experiências, sentimentos e memórias com o tempo, somando mais vida a vida que temos como se desta forma nos multiplicássemos em muitos seres. Hoje não sou mais a menina tímida que fui aos 5 anos de idade, mas ela ainda está aqui com todas as outras meninas, moças e mulheres que se somaram dentro de mim. Sou todas elas graças à passagem do tempo e, à ele, devo toda a riqueza que carrego comigo.
Chego à conclusão paradoxal, que o tempo é, com toda certeza, inexoravelmente bom. Sem ele não haveria a palavra saudade, não haveria os abraços longos como o de ontem entre o meu querido Lucas (meu primeiro filho do coração) e eu, pois já não nos víamos há um ano mais ou menos. Que saudade! Saudade do meu menino que tantas vezes esteve comigo, de nossas tardes sozinhos na praia, nossas milhares de idas ao cinema e nosso domingo no estádio a torcer pelo nosso Corinthians do coração! Sem o tempo eu não teria a tantos de meus amigos, não teria visto nascerem e crescerem seus filhos, não teria conhecido meus novos amores e, não estaria hoje, imaginando o que virá depois de tudo isso.
Sei que o tempo também leva aqueles que amamos, e este será o único senão na carreira deste senhor que nos faz evoluir todos os dias. Que ele nos ensine também que devemos ser fortes e que devemos sempre aproveitar o tempo que temos hoje e sempre. Vale agora terminar o blábláblá de hoje com meu querido Fernando Pessoa que sabia da vida e do tempo muito mais do que eu: Que venha a aventura de viver!
Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

A meus pais, que amo incondicionalmente e que me dão mais do que mereço. Meus anjos hoje e sempre.
Boa semana a todos e que ainda tenhamos muito tempo.
Um beijo.