terça-feira, 26 de setembro de 2017

S o m a




S o m a


Um mais um são muitos

menos um resto eu

que  do canto da sala-de-estar

observo

de rabo de olho

a soma de tudo que não deu certo

                                                                                         deu?

inúmeros anos

o tempo todo e o resto

daquilo que no imaginário era perfeito

sem qualquer defeito

e que no meio da realidade da sala, TV ligada

desvaneceu

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Homenagem



Homenagem



Gosto de achar que tudo nesta vida, ou quase tudo (praticamente tudinho porque sou mesmo parva), tem uma razão de ser. Sendo assim, característica um tanto mística minha ou mania, busco conexões nos fatos que acontecem nessa vida. Vida que, sendo completamente racional, não tem razão alguma de ser. Ou tem?

Por isso, agradou-me em demasia o fato de ontem ter, finalmente, feito minha tatuagem em homenagem a Mima na Mooca; zona leste de São Paulo. Minha mãe como meu pai, e como tantos outros paulistanos, são filhos ou netos de imigrantes europeus e descendentes de africanos pobres. Gente que veio para o Brasil e para São Paulo em busca de uma situação de vida melhor e que ingressou nas fábricas que nasciam nesta cidade.

São Paulo é feita de indústrias e do comércio, e eu uma descendente nata do proletariado que ajudou a construí-la, nascida no Ipiranga e criada nas periferias. Sei que nunca pisei num chão de fábrica e que, com meus primos, faço parte da primeira geração de nossas famílias a fazer de lugar comum as salas de aula de Universidades.  Sei bem que tenho uma vida muito distinta daquela que tiveram meus avós, entretanto, jamais esquecerei quem sou e de onde vim. Mesmo que à primeira vista não fique tão claro assim, sou ZL sim senhor.

Do Ipiranga onde Dom Pedro deu o tal grito até a Mooca, terra dos armazéns e das antigas fábricas, é um pulo só. Por suas ruas caminham os manos e as minas, gente que fala alto e que gesticula pra caramba porque a discrição nunca foi o nosso forte. Na terra do samba, do rap e do rock a etiqueta é outra e não há muito espaço pra frescura típica de outros ares da terra da garoa.

A tal tatuagem, feita pelo Dersão que é um artista na concepção mais pura da palavra, ficou muito bonita; ficou linda. Em homenagem à minha mãe, a Mima, agora em meu braço direito habita um beija-flor em pleno voo. Bichinho pequeno, colorido, valente e inquieto assim como era ela. Assim como me fez a Dona Odila.




DerLu Tattoo. Rua Conselheiro Lafaiete nº 131, Mooca – SP 
WhatsApp (11)996449025

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

João...



Ao Romeu,
aquele que de amores não morreu
apenas
neste mundo que é grande e tanta vida tem a nos oferecer
desapareceu

pra ti, meu João.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O Serafim


O Serafim

Semana de adeus é semana muito difícil. Coisa nada crível, por vezes, para a nossa crença pueril de que sempre temos mais tempo; de que sempre o teremos. Pois, como tudo nessa vida, ela própria tem seu tempo. A vida tem começo e, inevitavelmente, terá fim. Resta-nos aceitar e aprender, com o mesmo tempo, até quando o timing de Deus parece lá meio descompassado, que tudo e todos nós temos o nosso tempo certo no planeta azul. E não temos direito a contestação. C’est la vie.

Eu sei, o tal Deus Cronos nos parecerá eternamente injusto. Nesta semana ele me pareceu particularmente irritante ao levar alguém que sempre me fez rir. Penso no seu Antônio Serafim, tio Pintim para nós (com todo o respeito e carinho que por ele sempre tivemos), e me lembro dele rindo, sorrindo, gargalhando. Não consigo me lembrar dele sério. Certamente tinha seus dias cheios de mau humor como todo mundo tem. Porém, para nós, os amigos de seus filhos, a alegria e a graça tão naturais para ele foram a regra e delas são feitas as nossas lembranças de Serafim. Com o tio Pintim ríamos.

Pois, esperar o que de um senhor com sobrenome de anjo que não a alegria e todos os sorrisos? Ele foi deveras um Serafim. Um tanto tortinho, bem palhacito, com uma pitadinha de malandragem e muito capaz para as molecagens típicas dos meninos que não crescerão jamais. Ele era assim, insuportavelmente querido.

Tio, até mais ver e saiba que sentirei muita saudade. Fica bem.

domingo, 10 de setembro de 2017

Você



Você

Sinto tanto a falta de você, falta
de alguém que eu nem cheguei a conhecer,
que me dói o peito por saber que
eu posso te ver, mas não poderei olhar para
você.

Não poderei olhar com cuidado, prestando atenção em
cada bocado que depois de tantos anos mudaram.
Agora há mais marcas trazidas pela vida,
belas linhas desenhadas à
tinta.

Você cresceu e multiplicou-se em vida,
e eu achei tudo tão poético e mágico.
Apesar de saber que por isso eu não posso mais olhar para você
como olhava quando ainda podíamos um dia
talvez.

Sinto tanto a falta de você, falta
que faz-me esquecer que eu deveria ter orgulho e nada te dizer.
Porém, isso não sou eu.  E o que eu queria era saber,
saber cantar para poder contar de maneira mais melódica,
piegas e melosa o que eu sinto por
você.






quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O Brado Retumbante






O Brado Retumbante

Há 195 anos, num 7 de setembro longínquo,  Dom Pedro I, montado em seu cavalo branco (ou castanho dependendo da versão que abraçamos), ergueu sua espada (ou seu chapéu) e declarou nossa independência num brado retumbante de caráter duvidoso. “Independência ou Morte!”, teria dito ele . A verdade é que ninguém estava verdadeiramente disposto a morrer por pátria alguma em Terras Brasilis. E mais do que nossa independência, declaramos a adequação do status quo vigente aos novos tempos que exigiam, pós Revolução Francesa e Independência Norte Americana, a extinção das colônias nas Américas.  

Assim, lá fomos nós a declarar uma independência para gringo ver, planejada para que pouco ou quase nada mudasse e, de Reino Unido de Portugal passamos ao status de Império governado por Dom Pedro I, filho do Rei de Portugal. Eita independência questionável, não? Pois, o fato é que mais do que prestar atenção no que se declara aos berros, em nosso país, desde todo-o-sempre-amém, temos que prestar atenção naquilo que se sussurra ao pé do ouvido. Somos a nação do conchavo, do acordo por debaixo dos panos, das mentiras declaradas a plenos pulmões e das verdades encobertas.

Neste 7 de Setembro sombrio e melancólico não há qualquer motivo para um pingo de orgulho patriótico sequer. Somos uma nação de gente violenta, corrupta, preconceituosa e de um egoísmo ímpar. O brasileiro pouco conhece o significado da palavra cidadania e dá mostras diárias disso. Achamos que as leis são feitas para os outros e que o bem público pode e deve ser explorado ao máximo em benefício próprio. Gostamos de molhar a mão alheia para obter facilidades, de sonegar impostos e de ver sumir de nossas vistas todo e qualquer símbolo que faça lembrarmo-nos de que somos uma nação com muita gente pobre.

No Brasil é normal que as mulheres sejam atacadas em locais públicos e em casa, que os homossexuais sejam espancados e mortos apenas por existir. E, agora, nova modalidade, é comum que os estrangeiros sejam hostilizados por buscarem abrigo aqui. Todos nós temos medo de assaltos e de balas perdidas, nos escondemos atrás de muros a cada dia mais altos e achamos “normal” termos carros blindados. Somos um povo aflito.

Em nossas terras a corrupção atingiu cifras invejáveis, e os números e os casos são tantos que fica difícil mantermos uma visão clara do que está acontecendo. Lula roubou, Dilma roubou, Temer rouba e Calheiros também. Cabral Filho roubou muito, Gedel e Cunha também.  Nuzman roubou e espero o nome de Paes e Pezão também. Fica mais simples, e talvez correto, deduzir que todo político brasileiro e seus comparsas empresários formam uma grande quadrilha. Somos um bando de ladrões.

Hoje não há motivos para celebrar e se há algum brado a retumbar, certamente, este é o som de nossa desesperança e desespero.


terça-feira, 5 de setembro de 2017

Reencantamento...

da minha alma



que anda feliz e colorida,



de ouvidos em estado de constante alegria


a ouvir tanta música bonita.



música da minha tribo,

em canções dos Tribalistas