quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O Brado Retumbante






O Brado Retumbante

Há 195 anos, num 7 de setembro longínquo,  Dom Pedro I, montado em seu cavalo branco (ou castanho dependendo da versão que abraçamos), ergueu sua espada (ou seu chapéu) e declarou nossa independência num brado retumbante de caráter duvidoso. “Independência ou Morte!”, teria dito ele . A verdade é que ninguém estava verdadeiramente disposto a morrer por pátria alguma em Terras Brasilis. E mais do que nossa independência, declaramos a adequação do status quo vigente aos novos tempos que exigiam, pós Revolução Francesa e Independência Norte Americana, a extinção das colônias nas Américas.  

Assim, lá fomos nós a declarar uma independência para gringo ver, planejada para que pouco ou quase nada mudasse e, de Reino Unido de Portugal passamos ao status de Império governado por Dom Pedro I, filho do Rei de Portugal. Eita independência questionável, não? Pois, o fato é que mais do que prestar atenção no que se declara aos berros, em nosso país, desde todo-o-sempre-amém, temos que prestar atenção naquilo que se sussurra ao pé do ouvido. Somos a nação do conchavo, do acordo por debaixo dos panos, das mentiras declaradas a plenos pulmões e das verdades encobertas.

Neste 7 de Setembro sombrio e melancólico não há qualquer motivo para um pingo de orgulho patriótico sequer. Somos uma nação de gente violenta, corrupta, preconceituosa e de um egoísmo ímpar. O brasileiro pouco conhece o significado da palavra cidadania e dá mostras diárias disso. Achamos que as leis são feitas para os outros e que o bem público pode e deve ser explorado ao máximo em benefício próprio. Gostamos de molhar a mão alheia para obter facilidades, de sonegar impostos e de ver sumir de nossas vistas todo e qualquer símbolo que faça lembrarmo-nos de que somos uma nação com muita gente pobre.

No Brasil é normal que as mulheres sejam atacadas em locais públicos e em casa, que os homossexuais sejam espancados e mortos apenas por existir. E, agora, nova modalidade, é comum que os estrangeiros sejam hostilizados por buscarem abrigo aqui. Todos nós temos medo de assaltos e de balas perdidas, nos escondemos atrás de muros a cada dia mais altos e achamos “normal” termos carros blindados. Somos um povo aflito.

Em nossas terras a corrupção atingiu cifras invejáveis, e os números e os casos são tantos que fica difícil mantermos uma visão clara do que está acontecendo. Lula roubou, Dilma roubou, Temer rouba e Calheiros também. Cabral Filho roubou muito, Gedel e Cunha também.  Nuzman roubou e espero o nome de Paes e Pezão também. Fica mais simples, e talvez correto, deduzir que todo político brasileiro e seus comparsas empresários formam uma grande quadrilha. Somos um bando de ladrões.

Hoje não há motivos para celebrar e se há algum brado a retumbar, certamente, este é o som de nossa desesperança e desespero.


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