quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O Serafim


O Serafim

Semana de adeus é semana muito difícil. Coisa nada crível, por vezes, para a nossa crença pueril de que sempre temos mais tempo; de que sempre o teremos. Pois, como tudo nessa vida, ela própria tem seu tempo. A vida tem começo e, inevitavelmente, terá fim. Resta-nos aceitar e aprender, com o mesmo tempo, até quando o timing de Deus parece lá meio descompassado, que tudo e todos nós temos o nosso tempo certo no planeta azul. E não temos direito a contestação. C’est la vie.

Eu sei, o tal Deus Cronos nos parecerá eternamente injusto. Nesta semana ele me pareceu particularmente irritante ao levar alguém que sempre me fez rir. Penso no seu Antônio Serafim, tio Pintim para nós (com todo o respeito e carinho que por ele sempre tivemos), e me lembro dele rindo, sorrindo, gargalhando. Não consigo me lembrar dele sério. Certamente tinha seus dias cheios de mau humor como todo mundo tem. Porém, para nós, os amigos de seus filhos, a alegria e a graça tão naturais para ele foram a regra e delas são feitas as nossas lembranças de Serafim. Com o tio Pintim ríamos.

Pois, esperar o que de um senhor com sobrenome de anjo que não a alegria e todos os sorrisos? Ele foi deveras um Serafim. Um tanto tortinho, bem palhacito, com uma pitadinha de malandragem e muito capaz para as molecagens típicas dos meninos que não crescerão jamais. Ele era assim, insuportavelmente querido.

Tio, até mais ver e saiba que sentirei muita saudade. Fica bem.

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