domingo, 30 de junho de 2013

94 años - Nelson Mandela En nombre de la libertad NATGEO




Invictus

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

                                                                        William Ernest Henley


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aprendendo

Seguir

Porque, às vezes, o único que nos resta é aprender
mesmo sem o querer.
Não que esta seja a saída escolhida, mas por não
haver alternativas.
O negócio é que a vida é um seguir  obrigatório,
bem compulsório que em alguns momentos
não nos parece tanto
a um bem.
Uma prova a testar
nossa paciência,
nossa resistência
nossa tolerância à dor
que, como disse o português,
arde sem se ver.
E segue a vida de braços dados
à ferida.
Porque seguir é a única coisa
que se pode fazer.





Aprendiz
Criolo

Eu quero algo de bom pra você e pra mim
E pra você que seja com outra pessoa
Porque eu já aprendi a dizer não

Quantas vezes uma solidão a dois
A gente é deixado pra depois
Eu não quero fazer isso com ninguém, não
Quantas vezes uma solidão a dois
A gente deixa a pessoa pra depois
Como isso é chato
Sem recado, sem recado
Deixou claro, a secretaria eletrônica ao lado
Tem mais coração que você
E eu as vezes também
Por que hoje eu não tô Zen
Mas no fim do dia eu pretendo estar
Eu vi o sol de Jah nascer do teu peito, céu amor

Eu quero algo de bom pra você e pra mim
E pra você que seja com outra pessoa
Porque eu já aprendi a dizer não

Nossa historia é legal, porque no fim o mocinho se da mal
E quantas vezes a mulher não quer ser o mocinho, meu bem
Você não é de ninguém, e quando tava comigo era de quem?
Isso pode ser coisa da minha cabeça, ou não
Você não é de ninguém
Você não é de ninguém
Você não é de ninguém
Se voltar pra mim, vai me fazer sofrer

Eu quero algo de bom pra você e pra mim
E pra você que seja com outra pessoa
Porque eu já aprendi a dizer não

Se eu pudesse voltar no tempo
Pra te desviar de mim
Quantas vezes na minha mente eu te xinguei
Por coisa tola que você fez
Coisa boba que você disse
Eu tive medo de dor de estômago
E tive em um minuto a força pro rebite
Eu sofri
Mas hoje eu sei que
Você não é de ninguém
Você não é de ninguém
Você não é de ninguém
Se voltar pra mim, vai me fazer sofrer


Eu quero algo de bom pra você e pra mim
E pra você que seja com outra pessoa
Porque eu já aprendi a dizer não

"Depois que o passarinho chegou"

sábado, 22 de junho de 2013

Brasil de Olhos Arregalados



Um par de anos atrás eu me sentia muito mais do que incomodada ao ler um artigo escrito pelo então presidente espanhol, José Luis Zapatero, para o El País sobre o nosso país e presidente. A vergonha advinha do fato de eu não perceber, de forma ou maneira alguma, como aquele paraíso a ser descrito, e enaltecido, podia ser o meu país. Muito menos, atinava por causa de quais magias o Sr. Lula era pintado como um homem quase santo, o messias de sua nação que havia comovido e movido toda sua gente tal Moisés pelo deserto e feito, com suas próprias mãos, um milagre deste país. E eu pensava indignada pelo engodo mundial que éramos nós: Deus meu, estamos a vender gato por lebre. E olha que o naipe do felino era o da pior espécie.

Sim, porque além de não reconhecer em nada o que e quem ali era descrito, eu sabia que a situação aqui deteriorava a passos largos num país cada vez mais injusto e violento. O Lula que conhecíamos intimamente, e tristemente, já em seu segundo mandato e com o escândalo do Mensalão pesando nas costas, não era nem sombra do que sobre ele se pregava aos quatro ventos e pelos cinco continentes. Ele era aquele que se tornara o oposto de tudo aquilo que havia pregado durante uma vida de militância e que vendera, junto com todos os seus, a alma ao diabo em troca da manutenção do PT para todo o sempre com o Brasil em suas mãos. Éramos governados por homens sedentos por dinheiro, regalias e a boa vida, seres inebriados pela sanha do poder e capazes de fazer tudo e qualquer coisa para preservarem-se no mando em nosso país. Ainda o somos.

Para trás, e no lixo, haviam ficado todas as crenças, as ideologias, e toda uma multidão que celebrou a vitória de alguém que os representaria finalmente.  E Brasília viu muita gente na rua no dia que Lula tomou posse, como não se via há muito tempo. E eu me emocionei com um fato que para mim mudaria a nossa história. Mas nada mudou. Nada. Ficou apenas a completa descrença e certo egoísmo que já me cai bem à altura da vida. Sobrou-me a revolta porque sei que vivemos num país rico cheio de pessoas pobres que sofrem, diariamente, com o descaso daqueles que nos governam e que por nós são pagos, e muito bem pagos através dos impostos por sinal, para cuidar do bem estar comum. Irritava-me a nossa calma, a nossa paciência, a nossa leniência.

Pois, hoje vejo, para a minha felicidade, que até aquilo que parece não ter fim, um dia acaba. Acaba sim. Acabou a nossa paciência e estamos cobertos de razão. Temos todas as razões, razões de sobra, para andarmos a tomar as cidades e a mostrar que elas são nossas. Alegra-me ver o medo e a surpresa daqueles que pensavam nos controlar feito gado, de pala posta e cabresto bem apertado.  E como o diria muito bem Renato Russo, e com licença pela minha falta de educação, eles estão mesmo com o cu na mão sentados detrás de suas mesas. Dilma, PT e companhia já não sabem o quê e como fazer para saírem desta situação que parece não ter uma saída confortável e agradável para nenhum deles. Espero mesmo que não haja a tal saída. E espero orgulhosa, e do fundo do meu coração, que toda esta meninada que sai pelas ruas faça aquilo que a minha geração e aquelas que vieram antes da minha não souberam fazer. Espero ver uma sociedade mais forte e politizada, cheia de gente que sabe muito bem quais são seus direitos e que há os seus deveres também. Espero ver um povo unido que lute pelo bem comum de todos e que torne seu país algo melhor para cada um sem distinção.

Por enquanto agrada-me em demasia que pelo menos todos, em todos os cantos do mundo, saibam que o paraíso não é aqui. E sinto-me orgulhosa de meu país como nunca me senti.


Boa semana a todos.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Deixar


Ser novo de novo, e mais uma vez.
Quantas vezes consegue alguém recomeçar?
acreditar...
crer...
Se a cada recomeço fica um pouco do todo para trás,
e vamos de carne ainda viva nos desfazendo.
refazendo...
apodrecendo...
E um dia é certo que nosso rastro será maior do que
nós poderemos ser.
Já não seremos mais quem um dia fomos,
e no espelho não será mais possível nos reconhecermos.
Quantas vezes podemos nos refazer e ainda
crer em quem somos
sem a dor e a melancolia
de quem se percebe enlouquecer?
Lentamente
deixando
de
ser.




domingo, 16 de junho de 2013

Algodão - "Por ti arriscava cantar, por ti arriscava dançar..."



Porque a saudade anda comigo.

de Carlos Nobre.

20 Centésimos para a gota d’água



Apesar de dar a impressão de mesquinharia, de estarmos a fazer muito barulho por nada à la Shakespeare, o fato é que a verdade está tão longe disso quanto o Brasil da Inglaterra  e é diametralmente oposta à irrisória quantia que parece ter movido a nossa ação: 20 centavos. Num país onde somos roubados, agredidos e cerceados diariamente, e às claras, parece-me que vergonha sempre foi o nosso estado de inércia total. Pois estar calado, diariamente, num país economicamente rico, somos a 6ª maior economia deste planeta, e que simplesmente não funciona como nação parece piada. Temos uma das piores situações socias deste mundo: a educação é vergonhosa, a saúde pública irrisória, o transporte público ignorado, a qualidade de vida em nossas cidades piora irremediavelmente diante de nossos olhos dia a dia e ainda achamos que não há motivo para gritar?

Tudo isso é difícil de compreender para qualquer cidadão que exercite suas funções como tal, e que entenda que aqueles que estão no poder o representam, mas que ele, como lhe confere a tal cidadania, é parte integrante deste poder e deve exercê-lo sempre. Pois, talvez estejamos a começar este caminho de compreender o que significa a palavra cidadania de uma vez por todas aqui. Espero sinceramente que sim. Falta-nos ainda compreender que não precisamos ser miseráveis para reclamar, e que lutar por uma Nação melhor é função daqueles que têm condições para isso muito mais do que daqueles que não as têm. Então, não importa ter carro ou não, ter dinheiro ou não, poder assistir a um jogo de futebol e pagar caro por isso ou não. Nada disso importa, pois nada disso nos exclui de nossas obrigações como cidadãos. Nada.

Por isso, não me dá vergonha a baderna e as depredações que ocorreram, apesar de não concordar com elas, e não vejo que todo o movimento e a ação perdem seu direito de existir por isso. Dá-me vergonha perceber o egoísmo de nossa classe média, da maioria de nossa população que simplesmente parece não perceber o que acontece neste país. Incomoda-me ver que nos eximimos de quaisquer responsabilidades por qualquer coisa e deixamos o Brasil ser dominado pelos outros como se a nós nada disso pertencesse, como se aqui não tivéssemos nossas casas e não fossem crescer os nossos filhos. Pois, devemos mesmo parecer uma nação de seres constituídos de sangue de barata, não? Bom, para muitos deve ser mesmo esta a impressão, e talvez eles estejam cobertos de razão. Talvez.

Eu, por estes dias, começo a sentir-me orgulhosa de minha nação que começa a mostrar sua cara nas ruas, já que acredito que um país é a sua população e não um mapa a ser decorado ou um governo qualquer. Hoje, já não somos vistos por este mundo como um país de bundas desnudas, de carnaval e futebol apenas. Há o futebol, claro, contudo há também muito mais a ser feito e dito por aqui e, como dever ser em toda democracia, há espaço e hora para tudo. Falta apenas que todos nós entendamos que fazemos parte deste processo e que devemos tomar parte nele. O Brasil não é feito de corruptos ou baderneiros, não senhor. Então, falta-nos levantar a voz para mostrar quem somos nós, já que com sussurros nunca seremos ouvidos.




quarta-feira, 12 de junho de 2013

domingo, 9 de junho de 2013

Na Rua?


Manifestações em São Paulo, junho/2013 - Fonte: O Estado de São Paulo

E de repente o brasileiro sai à rua. Talvez sem muita direção ainda, pois não temos muito este hábito por cá; mas sai para rua a mostrar seu desconforto. E, apesar da desconfiança que tal questão nos causa, pelo menos para nós que já temos anos de janela e não acreditamos tão piamente na alma humana, dá-me imensa satisfação pensar que estamos reaprendendo aquilo que nunca deveríamos ter esquecido: que temos que lutar, pelo menos tentar lutar, por aquilo que acreditamos ser justo.

O próximo será um ano de eleições e, portanto, fica difícil não imaginar que há interesses outros em qualquer movimento de caráter político que ponha a cara na rua por estes dias. Eu sei. E mesmo que afirmem que não há partidos políticos envolvidos e que aquela seja uma demonstração dos cidadãos sem um ou quaisquer lideres a guiá-los, como prega o Movimento Passe Livre responsável pelas manifestações contra os aumentos nos transportes coletivos em São Paulo, mesmo assim, senta-se confortavelmente a pulga, e sua desconfiança, atrás de nossa orelha, não? Senta-se, mas não deveria se sentar.

Sei que isso de manifestação pública parece pouco, quando não nada, adiantar de algo neste país onde até a independência foi negociada pelas partes interessadas, os donos de Portugal e os donos do Brasil, sem nenhuma influência da população. Contudo, não podemos esquecer que vez ou outra as pessoas deste país lembraram-se do peso que todos juntos temos e tentaram, verdadeiramente, fazer parte da vida política do país como deveria sempre fazer todo cidadão. E já saímos pelas ruas contra a ditadura e contra a corrupção, por direitos iguais a todos e por mais justiça na nação. Saímos, e espero que saiamos cada vez mais.

Espero, como quase todos esperam, que nestes momentos saibamos usar nossos argumentos e não as mãos, porque acredito piamente que batalhas justas são aquelas travadas e vencidas com palavras. Ideias não existem para serem defendidas pela força, pois se este é o caso o argumento está perdido desde o princípio. Antes de lutar por transportes mais baratos, por salários melhores ou por uma cidade menos violenta, devemos lembrar que a democracia é o bem maior de qualquer cidadão.


No próximo dia 13 teremos uma manifestação aqui em Fortaleza por uma cidade menos violenta. Não há como negar que nos últimos anos a violência cresceu muito e que hoje não vemos mais a tranquilidade dos dias que tínhamos no começo deste século. Assim como no Brasil inteiro, aqui a má distribuição de renda e o pouco respeito pelo bem-estar comunitário cobra preços cada vez mais altos e a vida torna-se mais e mais difícil para todos e para cada um. Então, mesmo que seja lenta a mudança, espero que aprendamos a fazer política neste país e que as ruas fiquem mais cheias de gente sempre que isso for necessário.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Tempestade

de azul tornou-se cinza
cinza chumbo
a mostrar sua falta de vontade para com minha humanidade
a olhar-me de senho franzido
e lábios apertados de segundos antes do grito
fechou-se
calou-se
irritou-se
matou-me
de azul tornou-se cinza
cinza escuro que prenuncia a Tempestade que de mim
se aproxima
a lavar-me vêm tuas águas
tuas gotas de chuva feitas de medos
carregam, indiferentes, para o fundo deste oceano sem fundo
a minha menina
bailarina
que esperava ver arraias e caravelas vindas do teu mar
e apenas viu a Tempestade chegar
e calou-se
fechou-se
matou-se


domingo, 2 de junho de 2013

O gosto da comida

Nossos almoços e jantares no Chile,
comida que amei porque era fantástico o  sabor da companhia

Sem muito paladar, quiçá conhecimentos, para apreciar qualquer comida como percebo que alguns o sabem fazer, fico à deriva do sabor exato e cheio de detalhes. Desconheço o que sentem as pessoas que têm esta espécie de sabedoria conectada às papilas gustativas e que podem com algumas garfadas detalhar ervas e ingredientes, detalhes que me passam tão despercebidos que parece-me que faltam partes da minha língua. Talvez o vício do café muito quente tenha lá o seu preço e tenha queimado pra sempre as minhas capacidades para o sabor, talvez. E, por isso mesmo, por esta falta de paladar, tornam-se, para mim, deveras relativos o valor e a qualidade de qualquer prato. Não sei apreciar comida, apesar de gostar de comer e, por isso, nestes dias fiquei pensando no sabor que a comida tem pra mim. Eita mulher sem muito pra fazer, não?

Bom, na verdade, tenho sim meu tempo egoísta, aquele tempo que só conhecem as mulheres que não tiveram filhos e que por isso mesmo têm tempo pra pensar naquilo que não interessa muito a ninguém. Ou como dizemos por aí: fico mesmo a pensar na morte da bezerra. A procurar sarna pra me coçar e a encontrar pêlo em ovo. (p.s. Dá-me uma raiva esta reforma ortográfica e meu pelo, rebelde, ainda leva acento). Bora voltar ao assunto em questão, que não é pêlo, mas comida. Aliás, meio nojento isso de misturar pêlos e comida, sim? Credo! (sorriso) Em sério, agora, bora encerrar a digressão. A realidade é que por estes dias percebi que o gosto da comida para mim tem muito mais relação com minha memória afetiva do que com o gosto real que ela carrega em si. Explico-me.

Gosto de comer aquilo que me lembra de algo, que me lembra de um tempo passado, que me remete a alguém, que evoca memórias guardadas com tanto carinho que têm, elas sim, um sabor tão bom que não consigo descrever. Portanto, não me lembro do gosto de um prato de um restaurante e não sei compará-lo a outro como fazem outros. Sei dizer que amava os pães da minha avó Luiza que os fazia sem receita e que eram acompanhados de café forte nas tardes de domingo. Sei que os amava porque eles vinham em companhia da risada sonora e debochada de dona Luiza, de todos nós, filhos e netos, ao redor da mesa e dos meus avós me chamando de Stelinha.

Por isso também, sei que morro pelos bolinhos de arroz da minha mãe, que nem cozinha tão bem assim, mas que sempre nos mimou como ninguém e o faz até hoje. Sinto-me menina ainda quando como sua comida, ou quando a vejo acordar cedo para fazer o meu café pela manhã. Nestes momentos sou menina pequena e protegida e este é o sabor mais raro a esta altura da minha vida. Nada tem um gosto melhor do que os bolinhos de arroz da minha mãe. Nada neste Universo nunca terá.

Por razões parecidas, mas com um toque de sofisticação na receita, não há nada mais doce que os bolos que faz o meu pai. Sim, tenho um pai prendado. Sorriso. E, apesar de sempre ter sido um homem muito sério, um tanto duro e fechado durante toda a minha infância e adolescência. Apesar do medo que ele causava em minhas amigas e nos meus poucos namorados, apesar disso tudo, não houve um dia nesses anos todos que ele tenha me deixado sozinha. Nem um dia sequer. E quando volto à casa de meus pais, de visita, me encanta ver seus bolos macios feito algodão, suaves e saborosos como nenhum bolo que eu tenha comido pôde ser. E sinto todo o amor que meu pai, meio sem jeito, nos deu durante toda a sua vida.

Sim, adoro comer. Mas isso quando estou na companhia daqueles que amo, que comer na solidão jamais me dá qualquer prazer. Detesto isso de comer sozinha. Então, que venham muitos almoços e jantares com os amigos e a família que todos os quilos ganhos com eles serão sempre bem vindos!


Um beijo a todos e bom almoço, cheio de carinho, neste domingo.