domingo, 9 de junho de 2013

Na Rua?


Manifestações em São Paulo, junho/2013 - Fonte: O Estado de São Paulo

E de repente o brasileiro sai à rua. Talvez sem muita direção ainda, pois não temos muito este hábito por cá; mas sai para rua a mostrar seu desconforto. E, apesar da desconfiança que tal questão nos causa, pelo menos para nós que já temos anos de janela e não acreditamos tão piamente na alma humana, dá-me imensa satisfação pensar que estamos reaprendendo aquilo que nunca deveríamos ter esquecido: que temos que lutar, pelo menos tentar lutar, por aquilo que acreditamos ser justo.

O próximo será um ano de eleições e, portanto, fica difícil não imaginar que há interesses outros em qualquer movimento de caráter político que ponha a cara na rua por estes dias. Eu sei. E mesmo que afirmem que não há partidos políticos envolvidos e que aquela seja uma demonstração dos cidadãos sem um ou quaisquer lideres a guiá-los, como prega o Movimento Passe Livre responsável pelas manifestações contra os aumentos nos transportes coletivos em São Paulo, mesmo assim, senta-se confortavelmente a pulga, e sua desconfiança, atrás de nossa orelha, não? Senta-se, mas não deveria se sentar.

Sei que isso de manifestação pública parece pouco, quando não nada, adiantar de algo neste país onde até a independência foi negociada pelas partes interessadas, os donos de Portugal e os donos do Brasil, sem nenhuma influência da população. Contudo, não podemos esquecer que vez ou outra as pessoas deste país lembraram-se do peso que todos juntos temos e tentaram, verdadeiramente, fazer parte da vida política do país como deveria sempre fazer todo cidadão. E já saímos pelas ruas contra a ditadura e contra a corrupção, por direitos iguais a todos e por mais justiça na nação. Saímos, e espero que saiamos cada vez mais.

Espero, como quase todos esperam, que nestes momentos saibamos usar nossos argumentos e não as mãos, porque acredito piamente que batalhas justas são aquelas travadas e vencidas com palavras. Ideias não existem para serem defendidas pela força, pois se este é o caso o argumento está perdido desde o princípio. Antes de lutar por transportes mais baratos, por salários melhores ou por uma cidade menos violenta, devemos lembrar que a democracia é o bem maior de qualquer cidadão.


No próximo dia 13 teremos uma manifestação aqui em Fortaleza por uma cidade menos violenta. Não há como negar que nos últimos anos a violência cresceu muito e que hoje não vemos mais a tranquilidade dos dias que tínhamos no começo deste século. Assim como no Brasil inteiro, aqui a má distribuição de renda e o pouco respeito pelo bem-estar comunitário cobra preços cada vez mais altos e a vida torna-se mais e mais difícil para todos e para cada um. Então, mesmo que seja lenta a mudança, espero que aprendamos a fazer política neste país e que as ruas fiquem mais cheias de gente sempre que isso for necessário.


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