domingo, 23 de setembro de 2018

Nada







Nada

Como se tudo fosse assunto antigo, o mundo para mim anda a apresentar-se repetitivo e desinteressante. Nada inspirar-me como dantes. De um repente, sem eu saber dos porquês e sem senões converti-me em mera observadora de tudo que passa sem paciência para as tragédias ou apetite para as tramas. O fato é que cansei-me de tudo.

Cansei-me das discussões acaloradas e de lutar por aquilo que penso ser o certo, cansei-me da crença e da busca sem descanso por um sentido real e verdadeiro para a vida. Direitos iguais, a busca por um mundo mais justo para todos, e todo o etc. e tal que acompanha àqueles que gostariam que vivêssemos em sociedades que não privilegiassem poucos, tais coisas não existem e nunca existiram para além da nossa parca e vã capacidade de compreender a realidade. O mundo pertence aos que têm dinheiro e ponto final.

Então, seja porque assim a idade pede-me, pois que a todos chega a idade da descrença e do cinismo, seja porque os que mandam nesse mundo andam descarados num grau superlativo e batem, sem dó nem piedade, forte demais, nas nossas ilusões. A verdade é que toda e qualquer solução proposta por qualquer um que tenha o poder e o dinheiro ao seu lado soa-me como uma falácia construída para nos distrair. Um imaginário mundo de promessas que nunca se realizarão.

Aqui em Terra Brasilis, no meu quintal, tudo anda de mal a pior, e andamos a descer a ladeira sem direito a freios; descontroladamente. Em alguns dias teremos eleições neste país onde a única coisa que parece ter evoluído sem direito à marcha à ré é o tamanho da violência com a qual convivemos. Estamos em guerra, armados de fuzis e bombas a assassinar toda e qualquer possibilidade de futuro. E eu, como muitos aqui, votarei sem esperar que nada mude, pois parece-me que o nada é tudo que nos resta.


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