sábado, 15 de abril de 2017

O país das gentilezas




O país das gentilezas

Chile, como qualquer outro país deste mundo, tem seus problemas; claro. E tenho certeza que podemos encontrar tanto gente muito boa como as de caráter duvidoso tanto aqui como em muitos outros países. Entretanto, todas as vezes que por cá estive, mais do que muitas outras coisas, do que as belezas do país, a capacidade para a gentileza que me parece natural a uma parte muito grande dos chilenos chamou-me atenção.

Certo é que me considero uma pessoa de sorte, seguida por um anjo da guarda atento que me acompanha o tempo todo nesta vida. E que em todas as minhas viagens sempre tive a ajuda de pessoas completamente desconhecidas quando precisei; seja na América Latina ou na Europa. Entretanto, não há como negar, os chilenos têm se mostrado excepcionalmente gentis e atenciosos deixando-me a impressão de ser uma população que procura ajudar aos outros, aos estrangeiros como eu, desinteressadamente.

Desta vez, parada num ponto de taxi, com meu pai, carregando um par de caixas laranja de vinho à espera do próximo carro e com “faccia” de turista, vejo um ônibus de linha, regular, parar em nossa frente. O motorista abre a porta do micro-ônibus e nos grita: “¿Ustedes van a Las Mercedes?” Sim, como todo turista saindo da vinícola íamos para a Estação de Metrô Las Mercedes. Porém, esperar que um motorista de ônibus parasse para nos ajudar fora do ponto de ônibus, sem que lhe pedíssemos ajuda ou fizéssemos qualquer sinal, seria algo incomum, não? Bom, foi para meu pai e eu algo inesperado. Foi muito bom!

Convite aceito. Fomos de ônibus à estação de Metrô com menos conforto do que o faríamos num taxi, entretanto, sentindo-nos muito mais acolhidos neste país, aos meus olhos, gentil por natureza. Verdade que o motorista, um senhor pelos seus sessenta anos, era mesmo meio maluquinho e simpático com toda a gente. Verdade também que outras pessoas, por estes nossos dias chilenos, já nos ajudaram sem que tivéssemos pedido. Ou seja, não há como negar, os tais dos chilenos são, em grande parte, um povo que já nasce munido de empatia para com as outras pessoas sejam elas quem forem e ponto final.

Fico a pensar se veríamos essa tal gentileza no Brasil. Se nós, como povo, temos a capacidade para acolher tão delicadamente às gentes que vêm ao nosso país. Se eu sou capaz de ser assim tão atenciosa e gentil com gente que caminha pela minha cidade. Não sei. Creio que não, pois me parece que algo aconteceu em nossas terras que nos fez esquecer a importância de sermos gentis apenas porque assim deveríamos ser. Então, mais do que fotografias, levo para casa comigo uma lição deste país que eu espero não esquecer: ser gentil deve ser uma condição “sine qua non” de todo ser que vive; uma condição para mim.

E como dizem os chilenos: Chi chi chi le le le, ¡Viva Chile!

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