sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Um pouco mais da mesma coisa outra vez



No próximo domingo, 05 de Outubro, eu cumprirei, de maneira nada democrática, com minhas obrigações cívicas de cidadã brasileira: vou votar. Isso de falar em obrigações cívicas faz lembrar-me de uma matéria escolar dos tempos da ditadura militar – Educação Moral e Cívica, algo que estudávamos para melhor compreender como funcionava a nossa grande e benevolente nação e como deveríamos civicamente nos comportar.  Naquela época não se votava em ninguém, e eu, que era muito menina, ainda não entendia nada do que se passava e decorava, patrioticamente, todas as bobagens e balelas que me eram empurradas goela abaixo.

Hoje, décadas e décadas depois das minhas famigeradas aulas, a situação é muito melhor, claro. Pois melhor que uma ditadura qualquer coisa nesse mundo é, sem sombra alguma de dúvida. Contudo, não podemos nos orgulhar e dizer de cabeça erguida que vivemos numa democracia plena, e que pelo voto o brasileiro anda a exercer conscientemente o seu poder. Estamos longe disso, e se formos analisar detalhadamente o que significa a palavra democracia, percebemos que a distância  a qual estamos desta palavra é assustadora.

Democracia – substantivo feminino – significa: um governo onde o povo exerce a soberania, direta ou indiretamente.

Pois, que não conseguimos exercer qualquer soberania sabemos desde antes do votar, já que não temos o direito a optar pelo ato em si ou não. Votar no Brasil ainda é uma obrigação e não algo que decidimos fazer de livre arbítrio. Estranho isso, não? Antes não podíamos votar, lutamos para mudar esta situação. Agora não temos o direito de não votar, como não temos quase direito nenhum neste país, o que significa que ainda há muito pelo que lutar.

Quando eu era menina e estudava Educação Moral e Cívica, os homens e mulheres que hoje lutam pelo poder em meu país lutavam pela liberdade e pela democracia. Naquela época eu os admirava. Hoje não há nada a admirar, mesmo para quem ainda é muito jovem. E a única lição que se aprende com isso tudo, é a de que o poder corrompe toda e qualquer alma que se aproxime muito dele. Hoje não há ideais ou idéias, não há ideologias e/ou partidos que as sustentem; não senhor. O que temos hoje são políticos com muita ganância e muitas ganas de fazer o bem a si mesmos sem se importarem com mais ninguém.

 Por isso, mesmo que venha alguma mudança após as eleições (mudanças que são muito bem-vindas, mesmo que tênues dado que este governo que cá temos apresenta-se mui vicioso) no final das contas sabemos que teremos algo muito parecido com o que já conhecemos desde que a democracia voltou a reinar por aqui.  E este é um pensamento muito perigoso à medida que nos paralisa por replicar a idéia de que nada podemos fazer para mudar a situação já que todos os políticos são iguais.

Portanto, mesmo depois de tanta gente na rua a protestar em 2013, hoje me parece que a mudança não virá e que ao invés de algo parecido, teremos mesmo um pouco mais da mesma coisa outra vez.  E eu, que vou sair de minha casa em busca da mudança neste domingo penso: Deus, meu Deus, (como diria um nosso antigo presidente): assim não pode, assim não dá!




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