segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

De ponta Cabeça

 



De ponta Cabeça

Sempre me questionei se somos capazes de perceber o momento no qual o Mundo vira de pernas para o ar e que tudo se transforma. De um repente, a vida não é mais como costumava ser, apesar de nossos esforços para que uma parca imitação da realidade conhecida seja percebida; e nos perdemos. À la Stranger Things, nos vemos num Upside Down World um tanto mais complexo e sombrio do que a perfeição ensolarada e feliz a qual sempre sonhávamos ter.

A verdade é que somos sim completamente capazes de perceber, à distância e com grande antecedência, que a tempestade se forma para além das montanhas; no meio do mar. Sabemos. Sentimos o cheiro da chuva no ar e o vento frio que nos surpreende. Vemos o horizonte nublado e a precipitação que desmaia suas águas sobre a superfície a encharcar a terra. Entretanto, completamente cientes de que o desastre se aproxima, negamo-lo como se assim pudéssemos evita-lo. Não podemos.

Há tempos percebo o solo escorregadio sobre o qual me esforço com unhas e dentes para não derrapar. E luto; lutamos. E minto para mim mesma; mentimos, fingindo acreditar que tudo voltará a ser como antes: Momentum ad Infinitum. Apesar de perceber lá no fundo da cachola que já sabemos que o escorregão, inexoravelmente, se aproxima. Caímos.

É verdade que levantar-se é apenas uma questão de tempo e que acontecerá cedo ou tarde. (Esperamos que mais cedo do que tarde). Temos que ser fortes. E somos fortes. Somos fortes e grandes porque apesar da rasteira não estamos sozinhos.

Meu anjo da guarda monta plantão 24 por 7 e as mãos amigas aparecem de onde menos se espera. Sempre foi assim. Assim está a ser novamente.

Anjo, desde já prometo, que da próxima vez, venho eu a te guardar para assim retribuir o que muitos chamam de sorte. E que eu chamo de trabalho árduo, muita crença na nossa capacidade e a certeza de que sempre há muitos braços a nos amparar.

 

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