domingo, 12 de novembro de 2017

A não-defesa de William Waack



A não-defesa de William Waack


William Waack, um jornalista com profundos conhecimentos sociológicos e econômicos, é um inteligente homem de 65 anos com décadas de experiência na profissão. Podemos concordar ou não com seus pontos de vista político-econômicos, contudo, não há como negar que ele é um profundo conhecedor dos assuntos pelo qual versa e, via de regra, uma opinião a ser ouvida. Eu gosto de ouvir suas análises políticas e econômicas sobre nosso país, América Latina, Rússia, sobre os EUA e outros; mesmo que nem sempre concorde com o que ele diz.

Bem, gostava de ouvi-lo até seu afastamento da TV. O Sr. Waack foi afastado por ter feito, sem saber que estava sendo gravado, um comentário de intenção jocosa, verdadeiramente de mau gosto, e um tanto racista. Pois, ele cometeu um erro. Vale deixar claro aqui, antes de continuar, que não haverá nem um ataque ao dito jornalista, nem tão pouco uma eloquente defesa de sua figura. Mas sim e apenas uma reflexão sobre o fato em si, sem paixões e ou radicalismos.

Parêntesis: (Não gosto do radicalismo assumido pelo pensamento brasileiro, seja ele de esquerda e ou de direita; como, aliás, não acredito mais haver algo que possamos chamar de esquerda e ou direita na política. Para mim há interesses econômico-financeiros e a busca do poder e ponto.).

Bom, sendo mulher, desde sempre eu soube que vivia num mundo que não era completamente meu. O mundo, não obstante todas as mudanças e conquistas das ditas minorias, ainda pertence aos homens heterossexuais, brancos e com dinheiro. Uma parte cada vez menor da população mundial é a nossa dita maioria, não? Ou seja, estamos caminhando para uma sociedade muito distinta daquela que hoje temos, não há dúvidas, mas ainda há muito que andar. E sim, ainda temos que fincar o pé em alguns momentos e lutar por uma realidade mais igualitária para todos nós. Porém, a polarização de opiniões e as ações radicais são mais nocivas do que qualquer outra coisa.

Eu, particularmente, fiquei decepcionada com a tal “piadinha” preconceituosa do Sr. Waack porque não espero algo assim de pessoas inteligentes; pelo menos não das verdadeiramente inteligentes. Contudo, apesar de saber que ele está errado e que não devemos diminuir em demasia a importância do ato, também sei que comentários do gênero sobre mulheres, gays, pobres, velhos, negros, sobre os filhinhos de papai, os gordos, sobre as pessoas feias, ou seja, sobre todo e qualquer tipo de pessoa podem ser ditos por todos nós. Somos, todos nós, seres cheios de defeitos, e esperar a perfeição de qualquer um será sempre um erro.


Portanto, apesar de não gostar do que ouvi de William Waack e de compreender que como uma figura pública seus atos reverberam de forma mais ampla, também não acho correto crucificá-lo. Compreendo porque a empresa resolveu afastá-lo durante um tempo já que em tudo isso há a necessidade da manutenção de uma face politicamente correta da empresa. Mesmo que a realidade não seja bem assim, afinal, negócios são negócios. No entanto, isso está muito distante da caça às bruxas que alguns fomentam. Se não achamos correto que haja as KKKs a acender suas tochas por aí, e não o é obviamente, não devemos nós acender as nossas também. Devemos?

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