sexta-feira, 22 de junho de 2018




Olho para o chão frio e inexpressivo, tão mudo quanto
Chaplin
no  cinema,
e percebo que meu mundo se desgasta
e envelhece
preto e branco; de boca calada.
Mudo Carlitos das minhas saudades,
muda eu;
e o mundo muda em velocidade apressada.
Já vejo o fim desta ano, que mal começou,
a rondar as esquinas. Trem bala de aço...
Por onde tenho andado?
Por onde andei?
Olho o chão que estático me fita
teimosamente.
De onde virá este pó sem fim que insistente
se agrupa nos cantos,
no chão ao lado da porta,
sob a mesa na sala e aqui, aos meus pés?
A sujeira do mundo impõe-se e a mim
me vence depois de tantas vezes eu ter tentado
limpar meus sapatos;
queria um chão imaculado.
Perfeição inútil e impossível de atingir na vida real
e palpável. Vontade estúpida de quem ainda não compreendeu
por onde passam os pés no caminho que não
é só meu:
ruas
becos
descaminhos.
Do pó ao pó, eu me desmancho
lentamente
e deixo meu rastro insignificante pelo mundo
frio.

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