segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

É Crer para Ver





Não, não estou a cometer um erro crasso invertendo a ordem certa do tal dito popular. E, São Tomé que me perdoe, mas isso de ter que ver, e com um olho bem aberto de tão desconfiado, para só então crer mais atrapalha do que ajuda a vida de qualquer cristão. Afinal, parece-me óbvio que precisamos mesmo crer, pia e cegamente muitas das vezes, para só depois ver. A tal crença, que pode até ter um quê de divina ou não, é mesmo aquilo que move todo ser humano. É parte do que, e de quem, somos: um defeito bonito em nosso DNA que faz com que alguns de nós nasçamos com o pescoço nas nuvens e a cabeça muito além.

É certo que todos nós temos momentos difíceis, que a vida não é fácil, que sentimos muito cansaço depois de um dia cheio, e todo o blá-blá-blá de mazelas que quisermos enfileirar aqui. Sei muito bem que nos decepcionamos com as pessoas e com nós mesmos porque estamos, todos nós, a léguas daquilo que gostaríamos de ser. Mas, mesmo assim, com todos os problemas e com toda a realidade crua que nos consome, vale muito à pena contrariar todas as regras e a lógica e, desavergonhadamente, sonhar e crer.

Claro! Afinal, onde estaríamos nós sem aqueles que ousam sonhar? Sem os malucos que ignoram limites, e se jogam num feliz mergulho de cabeça em direção àquilo que acreditam ser possível, muito provavelmente não voaríamos por todo canto com ares de passarinho hoje em dia. Tão pouco, seríamos capazes de substituir partes de nosso corpo e, mesmo sem pernas, ainda corrermos como um Hermes moderno a realizar sonhos. Não seríamos capazes de carregar milhares de canções, imagens e bibliotecas inteiras com nossas mãos. Seríamos? E pensar que ainda perdemos tanto tempo nesta vida acobardados num canto apenas por medo do ridículo que podemos parecer com nossas ousadias. Ah, quanta bobagem isso...

Ridículo é não ter coragem de tentar, é desistir de idéias, de sonhos e de desejos sem insistir até o fim; até não poder mais. Não que eu seja uma otimista inveterada, não é bem assim. Tenho também meus momentos sombrios e descrentes. Mas, simplesmente, resolvi ignorá-los e ir atrás do que sinto e acredito sem encontrar desculpas para não fazê-lo pelo caminho. E, me restará recomeçar se, ou quando, eu quebrar a minha carita uma vez mais. Pra isso é que inventaram a ortodontia e a cirurgia plástica, vamos combinar!

Sejamos então, vez ou outra, bem ridículos, piegas e sonhadores como só os desatinados o sabem ser. A vida deve, obrigatoriamente, ser vivida. E, pra entortar mais um ditado: se não faz mal a ninguém, que mal tem?

Beijos e muitos sonhos e loucuras pra todos.

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