terça-feira, 19 de junho de 2012

Junho mal chegou e lá vem o Natal

Fernando Pessoa sentado, pela eternidade, no café A Brasileira em Lisboa


Cá está o mês de junho acelerado como sempre. Trinta dias que mais parecem quinze assinalando, com seu passar do tempo hiperativo, que o final do ano já nos espia da próxima esquina. Agora acaba o primeiro semestre, e as crianças contam os dias para o início das férias enquanto botas, cachecóis e casacos passeiam vez ou outra a colorir o inverno cinza da porção sul do meu país. O norte do planeta dá vazão às bermudas, vestidos e Havaianas que hoje são moda no planeta todo, e nós celebramos o amor no Brasil através de um dia dos namorados fora de hora e na contramão do resto do mundo. Data que me deixa cheia de dúvidas e meio reticente, mas, por via das dúvidas, mandei eu também o meu “Valentine’s gift” tupiniquim só para garantir. Afinal, quem sou eu para desdenhar do amor às vésperas do dia de Santo Antônio?

Por minha parte, adoro o mês de junho por causa das festas juninas e porque foi o mês no qual ganhei meu primeiro e único irmão. Mas que ele, o mês seis, nos traz esta sensação de que o final principia aqui, bom... Isso não se nega. Quando ele terminar, daqui a doze dias num sábado igual a muitos, teremos plena certeza de que uma parte significativa deste ano já se foi e que tudo que pertenceu ao início do ano é passado e ficou, sem mágoas, atrás de uma porta bem fechada. Restará, então, apenas uma metade do ano, e parecerá que já está chegando a hora de pensar e planejar o que faremos nas férias de dezembro.  E o mundo, que sofria a ameaça de acabar neste 2012, apenas discute seu futuro com toda a devastação, obra nossa, numa Rio + 20 que me assombra mais por conta de seu número do que por todas as constatações às quais possam chegar. Vinte anos passaram como um cochilo para mim que ainda me lembro dos acontecimentos de 1992.

Ciente de que o tal fim do mundo não seria nenhum fim-do-mundo afinal, em 2011 planejei muitas mudanças para este ano que teve e terá muitos finais e recomeços para o meu pequeno-mundo-particular.  Mudança no trabalho, no endereço, na posição neste globo, e a minha primeira visita ao continente do qual vieram quase todos os meus bisavós. Espanha e Portugal me esperam com um Mundo (em crise) cheio de coisas novas: cheiros, gostos, paisagens, sensações, amigos novos e uma paixão que parece não terminar. Apesar de eu saber que tudo, um dia, fatalmente acabará. Mas isso não é assunto com o qual devemos, por antecipação, nos preocupar. Pois, ao mesmo tempo em que as mudanças assustam, elas são boas demais depois que o primeiro susto passa e, a partir daí, relaxamos, aproveitamos e aprendemos tudo com a vida nova.

Um beijo com gosto de pé-de-moleque para celebrarmos esta passagem do ano junina e lembrarmos que o tempo passa e, por isso mesmo, temos que nos preocupar com uma coisa antes de tudo: com a melhor maneira de aproveitar o tempo que temos e que, inevitavelmente, passará.


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