segunda-feira, 6 de julho de 2020

Semana a viajar sem sair muito do lugar



Semana a viajar sem sair muito do lugar

Depois de muito tempo a ouvir notícias pelo rádio do carro, voltei a ouvir música. Não sei bem porque deixei minhas canções de lado. Foi algo ao feitio de um luto que durou mais tempo do que deveria. Não, ninguém morreu. Bom, muita gente morre todo santo dia, apenas, por sorte extrema numa época como essa, ninguém muito próximo a mim morreu ultimamente. Simplesmente havia abandonado à música como minha companheira diária e, da mesma maneira, simplesmente a retomei.

Nessa semana voltei a cantar ao volante e percebi, Dias de Raiva a soar e o velocímetro a 120 km por hora, que continuo a não ter maturidade para ouvir rock e dirigir ao mesmo tempo. Pé no freio. Passo para algo mais tranquilo, a assassinar com minha voz as canções de Nando Reis e os Tribalistas para baixar o ritmo e deixar a viagem mais segura.

Velocidade mais baixa e corre a mente a vagar. As minhocas da cachola se animam a discutir, entre elas, Dark, a série. Sim, assisti e gostei muito, muito mesmo, por alguns motivos. Primeiro, porque ver a Física de Albert Einstein e Erwin Schrödinger como pano de fundo de uma séria é algo acalentador para o cérebro. Perceber que a realidade e a verdade pré-estabelecida podem e devem ser questionadas é um exercício que deveria ser diário a todo ser humano. Segundo, porque não houve um apelo ao lugar comum do sentimentalismo banal em detrimento do enredo, amém. Por último, porque a assisti em alemão por respeito à originalidade do texto, com a ajuda gigantesca de legendas em inglês já que meu alemão é sofrível, (vá lá alguém compreender a lógica da minha cabeça que, por motivos inerentes à ela própria, apenas se permite transitar entre algumas línguas – alemão para o inglês, francês para o espanhol), depois de 02 anos de estudo.

Ver algo que me agrada em alemão é uma satisfação curiosa para o meu cérebro. Já que estudar para mim foi sempre um prazer até o momento no qual a tal língua de Goethe se colocou no meu caminho. Estudar alemão tem sido um desafio porque até o momento não consegui encontrar a beleza deste idioma. Como brinca o amigo tuga, João: “alemão não é uma língua, é um mal que afeta a garganta da gente.” Pois, talvez a racionalidade precisa dos germânicos não seja muito cara para nós latinos de alma e coração. Pode ser. Contudo, o tal idioma de Einstein tem me feito compreender melhor os limites de cada ser humano, a conhecer mais de perto os meus limites.

Em época na qual a viagem pelo mundo não passa de desejo; viajar pelos labirintos da cachola tem sido uma fuga curiosa e bem-vinda. Que venham os livros, os filmes, os discos, bitte!

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