domingo, 8 de agosto de 2021

Paris 24?

 


Paris 24?

Desde 1980 acompanho aos Jogos Olímpicos com ganas de ver tudo o que é possível. Por isso, em 2016, depois de já começadas as Olimpíadas no Rio de Janeiro, arrependi-me profundamente de não ter dado muita bola para o tal acontecimento em Terra Brasilis. Não fui ao Rio. Por quê, meu Deus! Independentemente de onde aconteçam, mesmo em países profundamente desiguais como o meu, as Olimpíadas são para mim um momento tão belo que beiram ao poético; ao sobrenatural. Deveria ter me organizado para ir ao Rio sem dúvida.

Ignorei aos jogos no Rio e detesto ignorar o que sinto que devo fazer. Quebro a cara com gosto, mas não gosto nadinha de arrepender-me do que não fiz. Sendo assim, decidi-me por ir ao Japão em 2020 enquanto Usain Bolt ganhava mais uma medalha. Planejei-me e comecei a guardar dinheiro para a tal aventura. Tenho grande admiração pelo Japão e seu povo, sempre quis visitar a este país e, em tempos dos jogos gregos este seria um momento ímpar para fazê-lo. Japão 2020 lá vou eu.

Não fui. A vida mudou em 2018 e todos os planos mudaram. Oh vida! Bom, a bem da verdade, nem as Olimpíadas foram para o Japão em 2020. Não senhor. Em 2020 o mundo parou, a la filmes de ficção futurista sem direito a efeitos especiais, e ficamos feito tatu na toca. Ficamos sem os jogos que realizaram-se agora, em Julho de 2021, sem direito a público. Uhhhhh... pensei eu. Não fui, ninguém foi. Eita sina lascada!

Não fui, porém foram os atletas. Amém!! E foi ótimo ter tido estes 15 dias de vida para além das atrocidades e canalhices dos seres humanos que têm nosso mundo em suas mãos, apenas a admirar esta gente que faz coisas que eu nunca seria capaz de fazer. Lindo, lindo, lindo... 15 dias sem dormir direito, meio zonza, a chorar em frente à televisão no meio da madrugada.

Chorei de emoção, de orgulho, comovida com a dedicação de gente que se dedica por algo sem explicação. Gente que trabalha incessantemente para quiçá, com muita sorte a ajudar, ganhar uma medalha feita de plástico reciclado. Gente maluca!

E se todos são malucos, malucos admiráveis, por correr assim atrás de recordes, de números e de pódios a troco de muito pouco, ou quase nada. Pensar o quê dos atletas brasileiros que praticamente pagam para poder participar dos Jogos Olímpicos?

Penso que eles são mesmo seres diferentes. Não perfeitos, nem santos; não. Contudo, são pessoas nas quais a vontade de conquistar e realizar algo nesta vida, algo diferente e relevante, é muito maior e mais forte do que a própria existência delas. Eles vivem para correr, saltar, nadar, voar... Parecem, feito criança, ignorar a fatalidade que é essa vida regida pelo vil metal. São mesmo seres abençoados. Meus heróis de carne e osso. E com medalha no peito ou não, têm o meu aplauso. (Vocês são demais!)

Os Jogos Olímpicos de 2020, que chegaram por cá atrasados, acabaram e já me deixam cheia de saudades. Esta noite vou dormir, verdade. Porém, até lá, vejo e revejo, numa ressaca atlética, os feitos destes homens e mulheres que merecem a minha admiração desde que me entendo por gente. Desde que, muito miúda, vi e ouvi todo mundo a falar de uma menina chamada Nadia. Nadia Comaneci.

Paris... Paris... quem sabe? Coco mole, meu Rei!!!!




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