sábado, 22 de janeiro de 2022

O Grande Zé


O grande Zé

 

Por estes dias no rádio do carro a grave e profunda voz de Zé Ramalho soou como se fosse para mim uma boa nova. Parei para ouvir. Só então me dei conta de que tenho ignorado ao Sr. Ramalho por estas terras muito além-mar onde habitam as minhas palavras. O porquê, não sei. Quiçá por distração minha, talvez porque ele tenha sido sempre subestimado no mundo da tal MPB e também por mim. Como se ele jamais tivesse sido alguém que se ouve com frequência. Zé Ramalho nunca foi top trend. Talvez. Talvez porque ele seja nordestino e com cara de poucos amigos. Talvez.

Contudo a verdade é que ele é genial. Afinal, que outro adjetivo pode alguém usar para descrever o autor de “Bicho de Sete Cabeças”, “Avôhai”, “Admirável Gado Novo” e tanto mais? O grande Zé é genial e, além disso, é dono de uma voz única; inconfundível. Com ele o rock adentrou as terras do cordel e a poesia ganhou contornos próprios. Seca, direta e densa. Poesia feita da terra vermelha e seca do nordeste e da gente forte de raros sorrisos abertos.

A verdade é que de um repente me arrependi profundamente de ter deixado as canções do Sr. Ramalho um tanto de lado. De ainda não ter caminhado algumas léguas apenas para ouvi-lo cantar. De não ter criado uma playlist intitulada o Super Zé.

Aposto que Zé Ramalho sorriria sisudo e irônico dos anglicismos deste texto. E eu concordo com ele, é mesmo uma heresia macular a nossa tão linda língua, que ele faz tão dele, com palavras do pobre inglês.

Nada de playlist, Zé Ramalho merece um festival de Cordéis enfileirados sob o quente sol nordestino que cega a minha visão com tanta luz.

Bora ouvir ao Grande Zé!









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