sábado, 28 de maio de 2022

Sinto, logo existo.

 


Sinto, logo existo.

Latinos são conhecidos em outras terras por sua passionalidade, pela pouca sorte que tem a lógica em várias das questões que nos envolvem. E, tendo a clara percepção de que não podemos partir do pressuposto de que alguma característica específica seja típica de um povo, pois que muito mais a diversidade do que o padrão defini uma nação, sempre tive grande dificuldade em aceitar tal pecha.

Nunca me pensei regida pela emoção, como não percebia no povo ao qual pertenço tal característica. Apesar das maluquices que vivemos todos os dias. Apesar do horror do lado mais cruel desta paixão latina que em sua versão machista mata mulheres todos os dias. Pois que tais fatos me pareciam, e me parecem, muito mais o retrato de uma realidade distorcida por alguns poucos do que uma característica própria nossa.

Entretanto, e muito longe das maluquices de alguns poucos, não há como negar que uma tal fleuma característica de outros povos nos causam, e me causam, grande estranhamento. Como eles conseguem ser tão tranquilos, racionais e pacientes em momentos nos quais já estaríamos, em bom português brasileiro, rodando a baiana a plenos pulmões?

Não sei. Não sei como conseguem e o porquê de eu não conseguir, via de regra, ser assim. Não sou. Nos abraçamos sempre, nos beijamos demais, nos tocamos frequentemente porque carinhos nunca serão demais e são sempre bem-vindos. Falamos alto quando não deveríamos e não é preciso; e alguns nos perguntariam: e é preciso gritar? É sim senhor. As grandes alegrias e as grandes paixões, a festa e a ira não podem para nós serem representadas por tons mais baixos. O volume que nos define será sempre alto, então.

Continuo a pensar que não podemos definir qualquer indivíduo devido ao fato de ele ter nascido em uma determinada família, cidade, país ou continente. Somos individualmente únicos e assim o que nos define serão sempre nossos atos, e não onde nascemos e/ou qualquer outra característica como cor, credo, gênero e etc. e tal.

Contudo, não posso negar que sou verdadeiramente muito menos racional do que me percebia. Ou do que me permitia perceber. E dos amores ao futebol não consigo compreender como alguém consegue ser indiferente ao que acontece ao seu redor. Sinto, e assim sou. Sinto, logo existo.

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