domingo, 7 de agosto de 2022

Sem o Gordo

 


Sem o Gordo

 

O passar do tempo é inexorável para todos nós. Como o vento, erode a matéria da qual somos feitos. Ossos, pele e cabelos tornam-se mais finos e delicados, a carne rareia; e a impressão é a de que, com o passar dos anos, nos tornamos de papel fino; delicados. Apesar disso, agrada-me demais ver o tempo passar a aproveitar tudo o que ele nos traz.

Pode ser que a matéria sofra mais do que gostaríamos; pode ser. Entretanto, a alma colore-se, o espirito fortalece-se e o coração amplia-se com o exercício diário que fazemos para aproveitar o tempo que temos. Se vivemos da maneira correta ganhamos tanto com o tal passar dos anos que a morte deixa de nos assombrar a partir do momento que percebemos que a vida foi boa e, singelamente, grandiosa.

Entretanto, e apesar de reconhecer a quão importante e significativa foi a vida do senhor José Eugênio Soares para todo brasileiro, não nos foi fácil aceitar que aos 84 anos Jô Soares já tinha cumprido mui honradamente seu tempo por aqui e que já era hora dele partir.

Imagino que para ele não restava qualquer medo da morte. Jô produziu muito durante sua vida e com orgulho devido, deveria já há algum tempo estar ciente de que a missão a qual ele se destinou nessa vida fora cumprida com excelência ímpar. Jô foi grande, muito maior do que o seu tamanho amplo que bem o representou. Inteligente, engraçado, talentoso. Bom, muito bom em tudo o que fazia; fez-nos rir e pensar. Jô era gordo e genial.

Nos fará falta, a todos nós. Mesmo que ele estivesse mais ausente nos últimos anos, tê-lo por cá era uma garantia de que, apesar dos pesares, ainda havia vida criativa e inteligente entre nós em Terra Brasilis. Em tempos nos quais a estupidez tem nos parecido mais abundante e poderosa do que o normal, não ter mais Jô Soares dói mais.

Beijo gordo para ti, nosso único Gordo.

 

 

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