quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Madonna Mia

 


Madonna Mia

 

Eu era uma menina colocando os pés na adolescência quando Madonna surgiu para o mundo. No início, ela se parecia muito com outras cantoras um tanto adequadas à cena pop americana. Nada demais para além de um rostinho bonito e uma voz nada marcante que levava aos palcos, clubes e rádios canções que estavam destinadas a desaparecer com o tempo; hits perecíveis, um tanto pueris, feitos para dançar e durar apenas um verão.

Madonna nunca deixou de ser pop, contudo, com o tempo criou corpo e identidade. De musa um tanto romântica e adolescente, passou a mulher feita e dona de suas opiniões. Madonna ajudou-nos a criar uma nova identidade do que significava ser uma mulher entre meados dos anos 80 e o início dos anos 90.

Lá, há quase 40 anos atrás, a minha geração deixou muitos tabus para trás. Éramos meninas e podíamos ser seres independentes e livres. Podíamos dizer o que queríamos e como queríamos. Não precisávamos ou dependíamos de ninguém.

Foi nessa época que deixei de achar que Madonna era uma bobagem e a respeitá-la como ela merecia. Madonna foi a diva da minha geração e cantou muitas coisas que eu, com 15 anos, pensava e sentia. Madonna era foda!

Madonna era foda, é foda, e significa muito para a cultura feminina moderna construída desde então deste lado do mundo não apenas no que diz respeito à música. Madonna traçou rotas, trouxe tendencias e inaugurou oficialmente uma forma de ser.

Desde então, Madonna e eu deixamos de ser meninas. Envelhecemos. Tudo e todos envelhecem mesmo que muito contra a nossa vontade. É assim. Sempre foi assim. E, apesar de tentarmos com muita força segurar um pouco as rédeas do tempo, todos nós sabemos que isso não é possível ainda.

Madonna é uma senhora com seus 64 anos. Eu sou uma senhora aos 52. E por mais que ainda haja beleza por estas áreas, esta se define de formas distintas daquelas cultuadas quando tínhamos 20 anos. Não temos 20 anos e não os parecemos ter; ponto final.

Então, Madonna mia, enganar-se com filtros e makes, com fotos um tanto fake não passa de uma triste ilusão. Triste não porque você não tenha o direito de ser quem é, ou quem pensa ser. Todos nós o temos. Mas sim porque para mim é muito difícil entender os porquês para tão radical fuga da realidade para alguém que ajudou a construir o mundo.

Quando foi que Madonna deixou de se sentir foda? Me pergunto.

Sem Madonna não teríamos Gaga, Cabello, Cyrus e etc e tais. Madonna não tem mais 20 anos e nada se parece com uma menina, todos nós sabemos disso.  Ela não precisa disso para continuar a ser quem é, contudo, devemos respeitar suas escolhas. Afinal, apenas a Senhora Ciccone sabe o peso de ser Madonna.

Então, devemos nos lembrar que devemos muito a ela e baixar a bola da nossa língua ferina antes de massacrá-la como depois do último Grammy porque desde então, desde o início dos anos 80, nenhuma garota conseguiu fazer tamanha revolução cultural cantando. Madonna Mia, você é foda Forever!







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