domingo, 27 de maio de 2012

poesia

1

A poesia é uma cobra que morde o próprio rabo

Que não tem, e jamais terá início, meio e fim

Porque simplesmente a poesia não é assim

Ela pode ser grandiosa ou tola

Pode ter rima ou não rimar uma palavra

E isso importa pouco agora

Mas um fim claro, e um começo bem marcado

Ah, isso a poesia não tem

Poesia é tal Maria-Sem-Vergonha, tal praga

Ela simplesmente brota, e aparece na nossa frente

Feito cobra

A serpentear-se sinuosa e insinuante

Com a intenção de ficar por cá

Para sempre

Enfeitiçando a vida da gente



2

Se houvesse talento

uma colher dele que fosse

e talvez tudo isso tivesse valido a pena

tivessem tido, então, todas as palavras ditas e escritas

algum valor verdadeiro

algo que fosse algo mais do que a expressão

egoísta de meus sentimentos

Se houvesse talento

gotas dele pelo menos

e provavelmente teriam sido belas as alegrias e a melancolia

mesmo que vividas sozinhas

e as palavras, quiçá, merecessem   os sons

das  bocas que pelo mundo caminham,

e, quem sabe daí, algum dia

alguma palavra minha merecesse

o falar da boca daquele para o qual esta vida de palavras

foi escrita.

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