terça-feira, 5 de março de 2013

As pontas dos dedos



Sem a doçura das mentiras,
fantasias de cinema e da mais barata literatura,
torna-se tão real e pesado o respirar.
Sei que a vida não se dá desta forma,
amorfa,
para todos. Mas o que devem fazer aqueles
que, como eu, nasceram com alma perdida
e olhos que pensam além mar ver?
Não há como encostar-se numa poltrona
à noite e interessar-se pela mesmice
e a pasmaceira que apenas a sanidade traz.
Não há.
Não interessa a novela nem a vida alheia,
nem o que vestem,
dirigem,
bebem...
Interessam as paixões e a música que elas
podem fazer.
Interessam todas as palavras deste mundo
e o seu querer. Interessam
as borboletas de asas amarelas e os voos que elas fazem
a países que não constam de mapa algum.
Interessa a fantasia,
a mais linda mentira que é capaz
de criar todo um Universo paralelo
apenas para eu poder, nele,
tocar-te
com as pontas dos dedos.


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