domingo, 10 de março de 2013

Longe da perfeição e perto do coração




Assim que morre alguém com quem temos algum laço de afeto, seja este qual for, o que todos nós fazemos é chorar esta morte. Não por obrigação ou para fazermos pose, mas porque esta é a reação natural de todo ser humano, pois temos que expressar nossos sentimentos. Seja este o choro compulsivo e sentido que nos vem quando perdemos alguém que amamos ou a lamentação sóbria e respeitosa em relação àqueles que admiramos à distância, estas não requerem explicações ou motivos outros para além da perda sentida.

Claro é que a pessoa falecida não se torna santa com sua morte, contudo, mais claro ainda é que não é por isso que lamentamos a sua perda. Da mesma forma que nosso amor ou paixão não está atrelado à santidade de ninguém, nossos pêsames também não estão. Amamos porque amamos, porque aquela pessoa tem para nós um significado que a lógica não deve tentar explicar, pois a lógica jamais será a forma correta para compreendermos qualquer sentimento.

Então, apesar de estarem longe de qualquer santidade, todo o choro e as homenagens que vemos por estes dias pelas mortes do Sr. Chávez, presidente Venezuelano, e Chorão, vocalista e letrista santista, são sim algo a se admirar e demonstram a dimensão e a relevância do que eles fizeram em vida. Por isso, mesmo que como eu, muitos achem que Chávez cometeu muitos crimes durante seus anos de governo, mesmo assim, não há como não admirar a força e a paixão que este homem foi capaz de gerar.

Quanto a Chorão, bem, não lamentamos sua perda porque ele foi um exemplo de cidadão. E disso todos nós sabemos. Maluco e cheio de atitude, duramente sincero e, às vezes, violento, apaixonado pela vida e por mostrar tudo o que ele veio a dizer. E Chorão disse muito, e foi um dos melhores letristas desta geração que eu tive o prazer de ver aparecer. Humano, longe de perfeito e, por isso, grande nos seus feitos, Alexandre Magno Abrão não conseguiu vencer a dependência química como muitos nesta vida; como alguns na minha família, como alguns dos meus amigos queridos. E isso, na mesma proporção, não os torna um exemplo do bem ou do mal. Não. Isso apenas nos faz lembrar que falíveis somos todos nós, que erramos todos os dias durante quase toda a vida. E que, apesar disso, há sempre quem nos ame como somos: homens e mulheres imperfeitos.

Um beijo a todos os meus amigos, e um especial para aqueles que resolveram viver a vida do seu jeito, os malucos que nem sempre são compreendidos.






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