domingo, 26 de maio de 2013

Algo tão inútil quanto todo o bem que uma Copa do Mundo trará





Escrever começou como uma distração e transformou-se em uma mania. Uma escrita que faz as vezes de terapia de caráter solitário que torna-se algo realizado em grupo à medida que a divido com meus amigos. Esta foi a forma encontrada para eu me comunicar com aqueles, ou aquele, que estavam longe de mim; uma forma de amenizar a minha eternar carência de ser que pensa-se capaz de ser só, mas que, na verdade, está muito longe disso. Uma maneira de dizer minhas asneiras de forma mais concreta e perene. Um calo se pensar que aquilo que fica no papel, mesmo que seja este digital, não pode ser negado posteriormente fácil e cinicamente como aquilo que foi, simplesmente, dito. Pois que o dito fica pelo não dito não se aplica àquilo que é escrito. O escrito ganha vida para além de nós mesmos e, caso tenha valor, sobrevive por muitos mais anos do que os é capaz o próprio autor.

Claro me é que no caso dos meus escritos não há valor algum agregado, a não ser a minha própria e egoísta satisfação de tê-lo feito e algumas palavritas trocadas com amigos a respeito do que foi escrito de forma, quiçá, mediana. Um exercício para a satisfação do meu próprio umbigo, nada mais. Ou seja, algo tão útil à humanidade quanto os domingos passados no mais completo ócio, algo tão benéfico quanto todo o benefício que nós, os brasileiros, teremos com o advento da Copa do Mundo no próximo ano por aqui. Ou seja, nenhum. (sorriso) E afinal toca-se no ponto que deveria estar no princípio deste texto: A tal inutilidade da Copa do Mundo para o nosso país.

Pois que, tal como os meus textos, servirá para distrair-nos, entretanto, terá pouca ou nenhuma importância para a população brasileira. Muito ao revés, nos configura como uma fonte de gastos públicos desmedidos e mal orientados que beneficiará alguns poucos, e já mui ricos, e não trará beneficio algum para o povo que sequer terá condições para adentrar aos tais estádios em dias de Copa. E nada de melhoria em nosso sistema de transporte público que em nossas terras é tido como coisa de pobre, e cujos projetos em todas as cidades sede do famigerado campeonato mundial sequer saíram da prancheta. E nada de milhares de empregos gerados para além do trabalho voluntário e mal pago.

E necas de pitibiribas de modernidade nos aeroportos, porque o que temos são reformas a meio do caminho que, com quase toda certeza, não terão folego para cruzar a linha de chegada até meados de 2014. Não senhores. Mas ganhamos os estádios mais modernos do Mundo, doze deles. E a pergunta que fica é: precisava de tanto estádio novo assim? Precisar não precisava, né? Mas ao que parece, esta era a forma mais óbvia e fácil de arrancar dinheiro público das nossas mãos para distribuí-lo irmãmente entre os eternos donos de nosso país. Espero que o Paul MacCartney, a Madonna, o U2 e muitos outros façam muitos concertos por nossas terras, ou só quero-quero irá caminhar por alguns dos nossos mais-modernos-estádios-do-mundo em cidades que praticamente não têm times de futebol.

Seja lá como for e apesar de todos os pesares, eu, como todo brasileiro, vou adorar ver as seleções do Mundo de perto e, para assegurar tal feito, já garanti minha presença em jogos na Copa das Confederações. Já que os ingressos para a Copa do Mundo estarão além das minhas possibilidades, creio eu. E no melhor estilo “panem et circenses” continuamos nós, latinos em nossa excelência. E que role a bola!

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