domingo, 9 de fevereiro de 2014

Lágrimas no Cinema



Já fazia algum tempo que não escrevia nada, e a saudade andava a cutucar-me todos os dias. A verdade é que o silêncio se dá porque ando a trabalhar muito, e a sentir quase nada. Sem sentimentos não há palavras para mim, c’est la vie. Não que a falta de sentimentos tenha qualquer relação com a quantidade de trabalho, claro que não. Contudo, esse ano começou assim: comigo a tentar deixar o que passou passar e com muito trabalho. Uma combinação perfeita para quem quer esconder-se, e ando, deliberadamente, a evitar o quanto posso quaisquer espécies de sentimentos. E o trabalho me parece uma desculpa extremamente convincente para tal, quase confortável. Não?

É bem verdade que nunca fui boa com isso de sentir, de compreender e lidar com os meus sentimentos. Ou eles me dominam ou eu os sufoco, não há meio termo. Uma verdadeira porcaria, fazer o quê? “Terapia!”, diria um amigo meu. Pois, ando a concordar com ele. Mas o que eu queria mesmo era uma boa viagem pelo mundo, pôr meus pés em Europa mais uma vez, estar com meus amigos num bar. Ver gentes e lugares que nunca vi na vida. Conversar longamente.

Contudo, ontem, de forma singela, como deve mesmo ser, abraçaram-me os tais sentimentos mais uma vez. E, por isso, cá estou eu, hoje, com meus dedos tagarelas a falar. Esse foi um sábado de meninas comigo e minha sobrinha, Gigi, a passear pelas vitrines e comprar coisas um tanto inúteis, a tomar um café no meio da tarde na livraria enquanto conversávamos sobre uma porção de coisas, e a assistir a um bom filme.

Tudo foi bom, ótimo para ser mais exata, já que poucas coisas nesta vida me fazem mais contente do que estar com meus sobrinhos e afilhado. Se há algo bom de verdade na vida, isso é vê-los crescer, sem sombra alguma de dúvida. Pois, no meio do filme escolhido pela Gigi, “A Menina que Roubava Livros”, estou eu, como de costume, a chorar no cinema. Sou patética e choro até em desenho animado, vale lembrar. Parece-me que basta apagarem as luzes e fazer-se qualquer “draminha” que eu choro; uma pamonha mesmo.

Bem, lá estava eu a chorar quando percebo que a pequena chorava também. Sei que ela não compreende ainda a beleza e a importância de algo que parece tão banal. Entretanto, mais do que tudo que eu vi na tela do cinema, emocionou-me ver a menina, que eu vejo crescer desde bebê, a chorar a meu lado no cinema pela primeira vez. Logo ela não será mais uma menina, ou melhor, logo para ela, como é para mim, a menina viverá escondida num corpo de mulher feita. Apesar de querer parar o tempo, em alguns momentos, o fato é que não vejo a hora de vê-la mulher. Será linda e espero que choremos muitas vezes juntas numa sala escura de cinema.


Um beijo a todos, estava com saudades.


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