sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Setembro Diferente

Meus pais.



Tenho por tradição viajar no mês de Setembro. Este é o mês de meu aniversário e, por isso mesmo, gosto de tirar férias da minha vida de todo dia e dar-me de presente uma vida diferente por um tempo; mesmo que breve. Gosto de ver gente que nunca vi, de pisar em terras novas, de descobrir um pouco do tudo que existe para além do meu jardim. Assim tem sido há anos: todo Setembro, tal andorinha, bato as asas por aí.

Contudo, neste ano as férias estão a mostrar-se algo diferente. Alheias a minha vontade, estas férias se mostram um tempo de olhar para dentro, para os que eu já conheço e amo muito. Então, ao invés do meu egoísta prazer pensado para satisfazer o próprio umbigo, este tem sido um tempo de ser e estar para os outros. Um momento difícil e, curiosamente, bonito ao mesmo tempo. Por motivos que apenas Deus deve saber, porque para mim tudo chegou sem pedir muita licença ou explicação, este Setembro tem sido diferente.

Os primeiros 15 dias do mês foram passados com meus miúdos, meus afilhados de fato ou de coração, meus filhos de conto de fadas. Amo-os muito, e ser responsável por eles por alguns dias é cansativo, é complicado, mas é, mais e acima de tudo, um prazer sem igual. Vê-los tão de perto e partilhar da rotina deles amplia nosso carinho e agiganta o coração. Quanto mais tempo estou com eles mais os amo e mais saudades sinto quando nos separamos. Os miúdos são uma linda visão do futuro, são todas as possibilidades que a vida tem, são a fantasia e a felicidade feitas em carne e osso; eles são a alegria em forma de gente pequena.

Agora, nos últimos 15 dias do mês, estou a cuidar de minha mãe que, de repente, adoeceu.  Talvez não tenha sido tão de repente assim, pois o fato é que depois de tantas voltas dadas pelo mundo, minha mãe já não é mais uma menina mesmo que eu teime em vê-la sempre assim - jovem. O fato é que a coisa toda me é estranha, uma novidade sem igual, já que foi sempre ela que cuidou de mim. E sei que a amo muito, porém o medo de perdê-la e toda a situação que se apresenta me fazem ver mais claramente o quão importante ela é para mim. Minha mãe e meu pai são o centro do mundo que eu chamo de meu; eles são meu sol, minha terra firme. Eles são tudo o que já fui e aquilo o que eu chamo primordialmente de lar. Minha mãe e meu pai juntos são a minha casa em forma de gente.


Eu ainda não sei o que Outubro me trará, não quero pensar muito nisso. Ou melhor, não consigo fazê-lo. Quero apenas, e sem grandes ambições, estar com os que amo e ser, mais do que de costume, uma parte da vida deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário