segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A inutilidade do ódio



Janeiro havia começado bem sem os tradicionais desastres climáticos e parecia de bom agouro para este ano novinho em folha; apesar da queda de mais um avião no final de 2014, (mas isso eu já tinha posto na conta do torto 2014 como se fora o derradeiro desfecho de uma novela dramática e ponto final). Porém, bastaram poucos dias para que nós, seres humanos, mostrássemos ao que viemos nesse mundo e fizéssemos das nossas em grande estilo. Dois rapazes mataram homens, artistas, covardemente. Os primeiros munidos de metralhadoras e os últimos de canetas; pois, uma covardia sem explicação.

E de fato não há explicação lógica para o ódio, este ódio chamado de intolerância ou qualquer outro. Afinal, qual a utilidade deste sentimento? Para que serve o ódio? Para que serviram as mortes destas pessoas na França ou de quaisquer outras para aqueles que continuam vivos? Para nada. Para Maomé, o profeta, tais atos não fizeram nenhuma diferença seguramente. Para todos os muçulmanos nada melhorou, muito pelo contrário. Para todos os franceses e europeus, para os latinos e os americanos, para os asiáticos: nenhum ganho, nadica de nada. Ninguém ganhou nada com isso, como ninguém nunca ganha nada com o ódio e a violência já que eles servem exclusivamente para gerar mais ódio e violência. And that’s all folks!

Apenas àqueles que constroem as armas e o medo, para aqueles que querem ter em suas mãos dinheiro e poder serve o ódio. Contudo, não são eles que atiram pelo mundo afora, eles não se explodem em nome de Allah ou contra ele, eles nem ao menos correm risco de vida para ganhar o tal dinheiro que lhes é tão caro na grande maioria das vezes. Por que, então, cientes disso ainda permitimos sermos manipulados por estes poucos homens e mulheres tão espertos? Porque ainda falta a ciência para muito de nós, e porque nos omitimos na maioria das vezes perante as falhas e as injustiças mesmo quando cientes delas.

Perceber que ainda nos guia este ódio irracional dos radicais, sejam eles de qualquer natureza, me assombra e entristece. Contudo, me assombra mais ainda que as soluções pensadas por aqueles que deveriam cuidar de seus cidadãos sejam quase tão equivocadas quanto os atos que as geraram. Mais soldados, mais armas, mais restrições, mais medo e mais desconfiança não resolverá o problema; estas coisas apenas trarão mais ódio e problemas. O problema nunca foi a falta de armas e de soldados, mas o excesso destes, a questão não é exacerbar as diferenças entre as pessoas e afastá-las, mas sim aproximá-las respeitando estas diferenças, a solução seria diminuir o sofrimento de todos, e não tentar delimitá-lo a guetos; não?


O Janeiro perfeito, do ano perfeito, não existe. Ele nunca existiu, e apenas fomos lembrados disso porque apenas nos lembramos disso quando o ódio mostra a sua cara sem disfarces. Bonito, entretanto, foi ver a tantos franceses e outros a marchar pacificamente e sem o tal do ódio por companhia. Afinal, num mundo de liberdade, igualdade e fraternidade este sentimento não pode ganhar força. Jamais.


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