domingo, 14 de junho de 2015

O Monstro (3)



Todo monstro, mais dia menos dia,

dá sinais de vida.

O nosso, de uns tempos para cá, tem abanado o rabo

espalhafatosamente

feito cão que se alegra com a visão do dono.

Talvez ele não se saiba monstro

e não saiba que assim, abanando o rabo enorme,

ele quebra tudo ao seu redor. Talvez não.

Mas quando olhamos,

mesmo que de soslaio para o susto ser menor,

percebemos os cacos de fina porcelana espalhados pelo chão da sala de estar.

Cacos que não sabemos colar

porque ninguém nos ensina  a domar monstros direito.

Porque ninguém, na verdade,

sabe

o que se faz com o monstro que sai de dentro da gente,

mais dia menos dia,

a abanar seu rabo e a mostrar sua cara feia

e cheia de dentes.



À minha mãe, que anda a lutar bravamente com seu monstro particular.

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