domingo, 6 de janeiro de 2019

Sobre a invenção da máquina do tempo em terras tupiniquins e d’outras tribos

Sugestão de leitura para as moças em moda no Brasil


Sobre a invenção da máquina do tempo em terras tupiniquins e d’outras tribos


Entramos no ano de 2019 não faz muito, verdade. Contudo, esperava eu novidades com a vinda do tal ano novo em folha. Novidade que fossem compatíveis com os tempos que vivemos, afinal já passamos quase duas décadas da entrada no novo século e o tal século XX já nos soa como algo deveras remoto. Entretanto, ao revés disso, a impressão que tenho é a de que devemos ter entrado numa espécie de túnel do tempo, um buraco de minhoca qualquer, que nos trouxe de volta a tempos já há muito passados. Acho que estamos, sem muito perceber, presos num “revival” de mal gosto dos anos 50 ou 60.

Pois,  devemos realmente ter inventado uma máquina do tempo e nela nos metido sem muita precaução e aviso. Se não, como explicar o tipo de discurso e discussão que temos tido a partir do dia 1º de janeiro?  Como explicar as discussões sobre a ameaça comunista e socialista no Mundo e em Terras Brasilis? Como entender que da boca da Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos brasileira tenha saído algo tão anacrônico e sem qualquer sentido como: “as meninas vestem rosa e os meninos vestem azul.”?

Devemos esperar o quê de agora em diante: uma cartilha para que nós mulheres saibamos como devemos nos comportar e agradar aos nossos adorados esposos? Ou que a homossexualidade volte a ser considerada uma doença mental e quiçá um crime em nosso país? Voltaremos aos tempos nos quais nós, meninas, não tínhamos direito a usar calças e ao voto?

Bem, vivendo no país que sustenta o 5º lugar no planeta em mortes violentas de mulheres apenas pelo simples motivo de sermos mulheres, não consigo perceber este mundo rosa no qual habita a tal senhora que, infelizmente, é uma Ministra de Estado. Muito para além da questão feminina, quando falamos de Brasil, falamos de um país onde as noções de cidadania e de respeito para com os outros indivíduos é parco. Vivemos num país onde os direitos dos cidadãos são pouco respeitados cotidianamente e, sendo assim, não acho razoável que um Ministro dos direitos humanos ajude a reforçar estereótipos equivocados e anacrônicos sobre como deveríamos ser. Não?

A verdade é que todo esse barulho sobre cores, bem como a tal ameaça comunista vinda de uma realidade que já está morta a mais de trinta anos, só fazem sentido se pensarmos nos motivos pelos quais tais discursos e conversas nascem. Bem, eles nascem apenas para criar dicotomias inexistentes entre supostos oponentes. Para gerar um mundo fantasioso de mocinhos e bandidos onde a luta do bem contra o mal é a única coisa que nos interessa; para que nos esqueçamos de todo o resto. Afinal, qual a finalidade de termos heróis e salvadores da pátria se não tivermos os nossos terríveis inimigos a combater?

Panis et Circus, brasileiros. Habemus Cesar!

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