domingo, 24 de janeiro de 2021

2021 indiferente

 


2021 indiferente

Ano novo, vida nova! Bom, não foi bem assim nunca, sendo assim, desta vez, com todos os problemas e questões que a tal Covid-19 nos trouxe, termos entrado num ano novo não mudou praticamente nada para além de um número diferente para designar em que ano estamos. Ainda estamos presos numa realidade que parece saída da ficção onde o contato humano deve ser evitado sempre que possível.

Aqui em Terra Brasilis estamos a léguas de qualquer solução em meio a questões que são pertinentes a um país subdesenvolvido governado por homens e mulheres incompetentes e muito mal intencionados. Ainda não temos a tal vacina para a população, e não sabemos quando isso ocorrerá já que tudo o que temos são promessas e muito papo furado. Ação, pouca. O fato é que a nossa incompetência e a falta de caráter andam em evidência por estes dias.

Eu, talvez como quase todo mundo, sinto-me um tanto anestesiada e isso me assusta. Ando incapaz de sentir, como deveria ser, a morte de tanta gente e sem a vontade necessária para me indignar com o desacato e a incompetência criminosa do meu governo. Sem saber direito o que fazer, assistindo às pessoas e ao país a serem enterrados, pela tal Covid, num buraco sem fundo até a cabeça. Apenas observo.

Voltei das minhas férias, na minha ilha da fantasia particular onde nenhum problema existia, para a realidade de São Paulo na última segunda-feira. Foram mais de 20 dias a ignorar o Mundo e isso foi muito bom para a minha sanidade mental. Ando egoísta para além do normal, eu acho. E logo no primeiro dia, a caminho do trabalho, Deus, ou simplesmente a vida, me fizeram questão de me mostrar que o Mundo de carne e osso não tem qualquer relação com as minhas férias.

Um senhor, cadeirante, cadeira de rodas encostada numa árvore na esquina, mendigava arrastando-se pela rua. Quis tanto ignorá-lo e pensei: Meu Deus, como podemos ser assim tão indiferentes ao sofrimento de outros seres humanos. Não o ignorei, contudo não faço quase nada para mudar essa situação. É fato. Pois, o fato é que temos sido tremendamente indiferentes ao sofrimento alheio e isso está errado.  Quiçá deveríamos todos nós reaprender o quão duro é sofrer. Estamos a fazer isso? Aprendendo? Quem sabe?

A única certeza que tenho hoje é a de que o Mundo, como o conhecíamos, não existirá mais depois de tudo findo. O Brasil não será mais o mesmo país, nós não seremos mais as mesmas pessoas. Eu não serei mais quem um dia fui.

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