sexta-feira, 2 de julho de 2021

Azul

 


Azul

Eu quero a delicadeza imensa

desta presente ausência

silenciosa

Fala surda que sussurra na folha completamente

branca do papel

guardada na terceira gaveta do lado esquerdo

da escrivaninha

Palavras não ditas adormecem o sono leve

e morno

dos seres amados em pecado

(posso ouvi-las respirando baixinho)

Quero a teimosia da flor que nasce sozinha em meio ao inverno

apenas pelo prazer

de poder fitar tranquilamente o céu azul mais claro

suave

frágil e delicado

                        sem pressa

a derramar o azul calado

em suas pétalas

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