quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Quase

 


Quase

 

 

Quase dois anos de pandemia, de dias blindados pela distância e de voz abafada por de trás de uma máscara. Nesses quase dois anos, vivemos uma vida quase normal. Entretanto, o quase, no final de todas as contas, significa que muito deixou de ser feito. Significa que pouco, de fato, foi vivido para além dos feudos que criamos para nós mesmos. Acastelados em nossas casas e apartamentos, nos escondemos e nos demos o direito a pouco. A Pequenos grupos de amigos, a alguns membros da família, a parcos beijos e abraços. Ao amor contido.


Deixamos de ver muitos, e muito. Não nos demos a liberdade de simplesmente estar em qualquer lugar. Evitamos, com grande incômodo para a alma, o contato com muitas gentes, com tantas gentes. E assim, à força, forçados pelo medo e pela prudência, o quase chegou muito próximo ao nada. Quase nada foi vivido verdadeiramente; sem limites ou medos.


Depois de tanto tempo, e tanto dizer que nos mostra que muito não sabemos, a certeza que nos resta é não ter muita certeza de como será a vida de agora para a frente. O futuro nunca foi tão incerto para a grande maioria de nós. Para mim. Para mim, que tenho a necessidade intrínseca de controlar minha vida à rédea curta, essa tal pandemia chegou muito perto do caos; do fim dos tempos. De um repente, e sem a minha permissão, o controle de minha vida, simplesmente, fugiu de mim.


Assim, depois de tudo, concluo que quase, por estes tempos, é muito, é tudo, é nada.

 

 

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