quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A dúvida



Insolúvel e sem solução é a dúvida:
sabe o amor morrer?
Pois, como esperar que morra
um sentimento que quiçá nem tenha existido
e seja nada além de ilusão?
Apenas um martírio inventado para cobrir o vazio
de uma vida que não tem graça e, por isso,
acha graça em cair-se em tal desgraça.
Porque se existe e é verdadeiro o amor não há de morrer,
e se morreu é porque foi fingimento;
um não sentimento.
Então, o que é isso que míngua dentro da gente?
Este mal-estar melancólico e abestado,
esta certeza de que, mais do que estar só,
se está abandonado.
Esta doença d’alma sem fim,
uma dor que caminha, incansável e sem parada certa,
a arrastar-se para uma nova morada por não caber bem
nalgum lugar qualquer.
Por vezes, ela nos amolece as pernas,
ao apertar a garganta mais do que qualquer corda
ou mão de homem feito; sem jeito.
Então, corre para o peito e o sufoca,
e por mais que tentemos respirar,
falta-nos o ar.
E, sem querer, o coração perde
a noção do tempo e entra num ritmo descompassado;
desesperado e
angustiado por não saber o que fazer com todo
o seu bem-querer.
O que é isso que nos inunda e umedece a vida
para todo o sempre se não é o amor
que não sabe morrer?

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