domingo, 20 de janeiro de 2013

Uma menina sob encomenda




Tão natural quanto o é para quase todas nós, as meninas, esta minha menina aqui demonstra seu ciúme e gênio muito mais amiúde do que todos os meus meninos são capazes de fazer. E por isso mesmo, diferentemente de todos eles, ela reclama não ter tido ainda as minhas linhas dedicadas a ela há algum tempo. Como reclama não haver em mim o seu nome escrito para sempre numa tatuagem que a pequena não entende porque ainda não foi feita.  Pois, Gigi, saiba que nada disso é devido à falta de amor por ti. Sim?

A verdade é que, na maioria das vezes, isso de dar vida às palavras, sejam elas escritas numa tela ou na pele da gente, não se dá porque assim queremos, mas porque elas, as palavras, o desejam e surgem na cabeça e nos dedos de quem as escreve. Mas, seja lá porque for, (e eu concordo que um pouco sob a encomenda da geniosa menina), agora chegou a hora e a vez de falar sobre ela.

E falando nisso, “sob encomenda” é mesmo um termo muito certo para mote de todo este palavrório, porque a miúda em questão parece ter sido feita desta maneira: sob encomenda, e com medidas para lá de específicas.  Porque o fato é que a menina que eu sempre chamei de minha boneca, coisa que nenhum dos meninos jamais mereceu ou merecerá, jamais será o padrão de menina delicada e quietinha que as pálidas princesas das estórias infantis podem nos dar. Não senhor.

Dona de uma beleza por natureza morena e que encerra um quê de rainha do Nilo com seus escuros olhos de cílios compridos e seu temperamento espirituoso, Giovanna Maria é mesmo uma mistura misteriosa de Cleópatra com a boneca Emília de Monteiro Lobato. Alguém tão cheio de vida e personalidade que em muitos momentos, durante esses anos todos, me pareceu não poder ser apenas uma menina. Tagarela e bonita como só ela, amorosa e difícil como só as meninas sabem ser, dona de um riso engraçado e de todo o movimento que conhece este mundo de meu Deus; Gigi quando está conosco parece estar em todo lugar, e nos toma como se fossemos dela.

Por mais que eu tenha sido uma menina diferente dela, vejo na minha menina magrela e espevitada muito de mim como toda mulher deve ver nas suas pequenas. Creio eu. Nelas já vemos todos os nossos desejos, sonhos e sentimentos. Vemos que todos os sorrisos e as lágrimas já estão ali guardados; e que todos os segredos, dramas e enredos de uma vida inteira já nos espiam de soslaio sorrateiros. E vemos que toda a paixão-cega e a entrega que apenas se vê nas meninas já se vislumbram nelas. Por isso elas, e apenas elas, podem ser verdadeiramente nossas bonecas. Porque nos vemos nelas.

Eu, por minha parte, fico orgulhosa ao ver que sobra personalidade na minha boneca e espero, como toda menina grande espera, que ela seja muito mais esperta do que eu fui capaz de ser. Espero que ela nunca esqueça a menina que há nela e que seja feliz, antes de tudo e sem regras.

Um beijo pra ti, minha boneca.

Um beijo para todos.

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