terça-feira, 14 de julho de 2015

Asas



Asas


Queria ter asas e ser dona de meus voos

para bater-las sempre que a vontade chegasse.

Livre,

eu cruzaria o oceano Atlântico apenas para ver o verde dos olhos tristes

do meu menino

e, como os anjos apaixonados e caídos, sentar-me-ia em sua janela calada; quieta.

Se eu tivesse asas, feito passarinho,

atravessaria o meu país todos os dias para rever  os amores mais antigos

e migraria para o sul para rever meu ninho,

que é lugar que emana calor mesmo no inverno; 

onde eu jamais sinto frio.

Se eu tivesse asas eu não teria parada,

e as abriria pequenas e imensas nas correntes de ar quente para planar

sem pensamentos; e pelo céu absorta.

Mergulharia nas nuvens em tons de rosa dos finais de tarde

para sentir no meu rosto toda a leveza do seu existir tênue e perene,

e me lembraria o quão pequena sou vendo o mundo, sem fim,

desde o azul.

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