terça-feira, 28 de julho de 2015

Imóvel




Imóvel


Jaz imóvel, frio, no solo empoeirado e escuro
o amor.
Embalsamei-o na esperança de que assim pudesse,
tal o rei Pedro, ignorar seu final.
Menti para mim mesma e esqueci-me da lógica,
dando asas à poesia e fazendo dela minha guia
por um mundo de fadas,
                 borboletas, anjos e flores
 onde um beija-flor se instalava,
tranqüilo, em minhas mãos no final de uma
tarde morna.
Piamente, esperei por anos que, de repente, o morto amor
abrisse mais uma vez seus olhos de ressaca e me sorrisse.
Mas eles não se abriram.
E finalmente, e mesmo que ainda crente,
numa tarde de outono deitada ao lado do meu morto amor
sem poder sentir seu cheiro,
seu gosto,
 e sua cor, chorei pelo resto dos dias
a morte fatal do amor
                                      (que nunca existiu)
da minha vida.

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