quinta-feira, 4 de agosto de 2016

"Habemus Circus"



“Habemus Circus”

Contagem regressiva para a abertura das Olimpíadas brasileiras, ou melhor, cariocas; e eu já me organizo para “a minha cerimonia particular”: assistir a tal abertura com direito à tela grande e pipoca. Habemus Circus! Curiosidade a mil na cachola... Daremos vexame? Teremos uma cerimônia digna do nome, cheia de pompa e circunstância, ou não? Anita no tal pontapé inicial já denota um mau agouro, para mim, e sinal de que as coisas não serão tão boas assim. Eu sei; preconceito meu. Ok. Mas, meu Deus, na terra de Marisa Monte, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Criolo, Vanessa da Mata, Roberto Carlos e Rita Lee; na terra de uma Ivete Sangalo e seu carnaval eterno entre tantos outros, teremos Anita?! Pobres ouvidos...

Depois da tal inauguração fenomenal virão as poucas horas de sono num frisson danado e completamente irracional no qual eu entro e que me faz querer assistir a qualquer porcaria que esteja sendo disputada em reprises noturnas. Viro fã de qualquer puto esporte que eu mal conheço e que jamais acompanho num “status normalis” de vida. Contudo, como é bom esquecer este mundo por alguns dias, não? Afinal, quão lindo fica o mundo sem sinal dos “Trumps da vida”, nada de guerras, de problemas econômicos ou de inflação no meu país, zero de Dilma e de Temer, nadica de nada de problemas sociais e ou quaisquer outros. Vivas ao adormecimento temporário e ao esquecimento! Vivas às férias cerebrais e a alma distraída com índices, pontos e regras desportivas!

Eu sei que esta postura minha é muito feia, para dizer o mínimo. Ela é mesmo egoísta e um tanto quanto acéfala. Principalmente para mim, moradora consciente de um país de terceiro-mundo com sonhos eternos de grandeza e poucas realizações efetivas. Lugar de muita desigualdade social, muita corrupção e muita violência. Pois, não deveríamos nunca ser sede de eventos tão sem importância para a vida real, feito Olímpiadas e Copa do Mundo, e que aqui não geram legado algum para os cidadãos para além de dívidas e estruturas gigantescas e abandonadas. Já vimos isso acontecer na tal Copa do Mundo que nos deixou estádios de futebol frequentemente vazios num país que há algum tempo demonstra que já se esqueceu de como é que se joga bola.


Aliás, antes mesmo da abertura das nossas Olimpíadas já demos sinais do que nos espera com o primeiro jogo da seleção olímpica masculina de futebol; grandes decepções no campo desportivo. Porém, e apesar de tudo isso, não podemos dizer que não merecemos, vez ou outra, férias deste nosso terceiro mundo complicado e injusto. Podemos? Então, que venham elas: as lindas, alegres e festivas Olimpíadas em terras Brasilis. Já posso ouvir os surdos, as caixas, os pandeiros, os tamborins e as cuícas a soar no meu peito porque festa no Brasil sem samba não existe. Amanhã faremos batucada para o Mundo inteiro ouvir e isso, para mim, é uma das coisas mais bonitas de se ver e ouvir. Que soem os tambores!

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