terça-feira, 9 de maio de 2017

A Esfinge


A Esfinge

Gosto tanto que desgosto.
Gosto tanto que me incomodo com este gostar tão impróprio.
Gosto tanto que por mim e por ti sinto asco;
tenho ódio.
Grito,
Arranho,
Torno-me bicho arredio enfrentando o meu inimigo mais íntimo,
este meu amor sem propósito.
Vastidão imaginada pela minha crença de que a alma poderá ser tudo,
menos pequena,
e que deu vida, (a vida que antes era sua), a um sentimento faminto
que, dono do próprio nariz,
ignora-me.
Gosto tanto de ti que de mim desgosto.
Viro o rosto para onde não estamos,
para não me ver, e para que claramente eu não enxergue
quem é você.
Para fingir que não existe aquilo que sem os olhos,
e sem querer, eu posso ver.
Amo-te com um amor sem tempo, descompassado,
que se acomodou mal no passado,
não encontra seu lugar no meu presente e promete-se
no futuro resistente. Persistente.
Gosto tanto de ti que canibal
devoro-me.

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