Não sei de que é feito o mundo
dos homens, mas
sei que o meu é feito de sons, de
luz e de calor. É feito
muito dos outros e um pouco de
mim.
E não por ser oca, ou pouca,
preciso do outro -
preciso porque o precisar é que
faz com que tudo que eu faço faça sentido
para mim.
Não me basto e nem sei se entendo
este tal bastar-se que soa egoísta aos meus ouvidos.
Não entendo braços sem outro par,
nem língua sem sentir o gosto de
uma boca que não seja a minha.
E para que serviriam todas as
palavras por mim até hoje ditas
se não houvesse o outro a ouvir? Não sei.
Então, entre parva e louca,
escolhi, deliberadamente, precisar do outro
e querer o que está para além
de mim.
Escolhi sentir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário